Atitudes coerentes com a concepção socioambiental de educação ambiental

As atitudes são orientadas pelas decisões e pelos posicionamentos dos sujeitos no mundo. O grande desafio da educação ambiental é ir além da aprendizagem comportamental, engajando-se na construção de uma cultura cidadã, tendo em vista a formação de um sentido de responsabilidade ética e social, considerando a solidariedade e a justiça ambiental.

A dissonância entre os comportamentos observados e as atitudes que se pretendem formar é um dos maiores desafios da educação de um modo geral e da educação ambiental em particular. Muitas vezes, as atividades de educação ambiental ensinam o que fazer e como fazer certo, transmitindo uma série de procedimentos ambientalmente corretos. Mas isso nem sempre garante a formação de uma atitude ecológica, isto é, de um sistema de valores sobre como relacionar-se com o ambiente, sistema que será internalizado como uma visão de mundo orientadora dos posicionamentos do sujeito na escola e em outros espaços e circunstâncias de sua vida. (CARVALHO, 2004, p.68)

Muitas vezes o estudante tem um comportamento ecologicamente correto na escola, e, no entanto, em outras situações e ambientes, se comporta de maneira diferente. O mesmo pode separar o lixo para reciclagem em sua escola, e apenas depositar o saco de lixo em um terreno baldio por orientação de sua mãe.

Fica claro, que a formação de atitudes ambientais não pode ser internalizada apenas no ambiente escolar. O estudante deve construir esta atitude em todas as suas esferas de socialização. Só dessa forma, o seu comportamento será coerente com as necessidades atuais do planeta. A educação ambiental só será efetiva, se formar um elo entre a escola e os outros ambientes de interação do estudante com a sociedade.

Atitudes ecologicamente corretas devem ser tomadas todos os dias em cada hábito de sua rotina: ao escovar os dentes, usar o vaso sanitário, tomar banho, assistir TV, ir ao supermercado fazer compras... Estes atos responsáveis que visam ao bem estar individual, coletivo e de todo o planeta, levam a sociedade à sustentabilidade. A maior parte das atitudes ecológicas pode ser realizada pelo estudante dentro de sua casa. Partindo desse pressuposto o estudante passa a ser um sujeito propagador da educação ambiental, compartilhando suas experiências com os seus familiares e amigos.

O descarte inadequado do lixo é uma das atitudes que mais contribuem para a degradação do ambiente, poluindo rios, contaminando solos ou, até mesmo, entupindo bueiros. Colocar o lixo individual em recipientes de coleta seletiva, permitindo uma destinação adequada pelos órgãos públicos, além de um processo posterior de reciclagem, é uma atitude relevante para mitigar os problemas ambientais globais.

O consumo consciente é tão relevante quanto o descarte adequado do lixo. Segundo Ribemboim (1997), consumir conscientemente consiste na aquisição de produtos que satisfaçam as necessidades e o bem-estar do cidadão, e que não gerem impactos ambientais. Difere de maneira grotesca do consumo desenfreado exercido por alguns integrantes da sociedade, pela simples satisfação pessoal: o consumismo.

A compra de produtos com embalagens biodegradáveis; a preferência por móveis produzidos com madeira certificada; o consumo de produtos comercializados por empresas que possuem projetos de inclusão social; bem como a utilização de sacolas retornáveis nos supermercados, são alguns exemplos de atitudes concatenadas com o consumo consciente.

O desperdício também é um grande problema na sociedade contemporânea. O mesmo acontece a partir da abundância de bens disponíveis, que foram produzidos utilizando recursos naturais em uma escala maior do que a necessária, caso não tivesse havido o desperdício e dessa forma, de alguma maneira, sacrificou-se o meio ambiente além do que se deveria, empobrecendo-o para as gerações futuras.

O uso indiscriminado da energia elétrica, o consumo inadequado de água encanada e o desperdício de alimentos durante as refeições, são algumas das atitudes que explicitam este problema da sociedade.

A educação ambiental pode contribuir para o combate ao desperdício, propiciando aos estudantes a internalização de atitudes críticas e reflexivas das consequências do uso inadequado da energia elétrica e da água encanada, para o ambiente e, consequentemente, para a sociedade.

Algumas das atitudes de combate ao desperdício são: o uso racional da água como, fechar a torneira quando estiver escovando os dentes; não tomar banhos demorados; utilizar a máquina de lavar em sua capacidade máxima; além do uso consciente da energia elétrica como, apagar a luz ao sair do ambiente e desligar os aparelhos domésticos que não estão sendo utilizados.

O desperdício de alimentos pode ser evitado com o manuseio correto e higienização dos alimentos, evitando a contaminação por decompositores, além de disponibilizar para as refeições individuais apenas a quantidade necessária para a sua satisfação pessoal, evitando o descarte de alimentos saudáveis e prontos para o consumo. Segundo Carvalho (2004), na educação, muitas vezes, a mudança comportamental é vista como finalidade do processo formativo. Mas, embora nem sempre explicitada, essa ênfase tem uma matriz teórica e procedimental que a sustenta. Trata-se da aplicação dos conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais.

Dessa forma, o aprendizado realizado na escola só será generalizado nas ações cotidianas do estudante, se houver um processo de internalização, crítico, reflexivo e emancipatório das questões ambientais. Portanto, estas atitudes só serão internalizadas e repetidas se estiverem contextualizadas no meio social do estudante.

CAPÍTULO 3 - A METODOLOGIA UTILIZADA NA PESQUISA

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Serão apresentados neste momento os elementos que justificam a abordagem de pesquisa que foi adotada neste trabalho, bem como, o lócus, os sujeitos, os instrumentos de coleta de dados, além da técnica adotada para a análise dos dados. Assim, esperamos apresentar os caminhos que foram percorridos para atingir os objetivos previamente estabelecidos para a realização do trabalho.