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A atividade comercial não provem apenas dos dias atuais, esta técnica de mercado ocorre a séculos, onde já na Idade Média os burgueses interessados no enriquecimento encontraram no comércio uma forma de lucrar, e na medida em que essas relações tornaram- se mais intensas popularizou-se o próprio comercio. Nesta mesma percepção, Iudícibus e Marion definem o que é o comércio:

Basicamente, entende-se por comércio a troca de mercadorias por dinheiro ou de uma mercadoria por outra. A atividade comercial é inerente à natureza e às necessidade humanas, pois todos temos necessidades e, se não existisse moeda, trocaríamos bens que temos em excesso por outros que não possuímos. A atividade comercial é das mais importantes, pois permite colocar à disposição dos consumidores, física ou economicamente delimitados, grande variedade de bens e serviços, necessários à satisfação das necessidades humanas, (Iudícibus e Marion, 2010, p.03).

Nesse aspecto, Souza (2002) define que do ponto de vista econômico, o comércio é um meio de circularização das riquezas de forma mais intensa, e isto ocorre pelo fato de que o comerciante recebe do produtor ou indústria o que este produz e transfere ao consumidor sempre visando o seu lucro, o que é um grande estímulo ao desenvolvimento econômico.

Desta forma, será tratado então sobre conceitos e definições sobre a atividade comercial, bem como a contabilidade gerencial deve trata essa atividade e quais os métodos que se deve utilizar para se trabalhar contabilmente com este ramo de atividade.

2.6.1 Custos de Aquisição no Comércio

Ao observar a atividade comercial operacionalmente vê-se que este ramo de atividade opera de forma diferenciada da indústria ou de uma prestadora de serviços, por esta razão é

preciso tratar de forma diferenciada contabilmente o comércio, isso porque pela forma de operação os conceitos se diferenciam das demais atividades.

Dentre esses conceitos está a forma de identificar os seus custos, pois segundo Wernke (2011) na indústria é preciso calcular o custo unitário de fabricação, calcular a matéria-prima, a energia, o material de consumo e entre outros itens para formar o custo total do produto através de métodos de custeio como o Absorção, ABC e UEP, já no comércio não é necessário utilizar métodos de custeio para apurar o custo unitário das mercadorias. O custo unitário deve ser calculado considerando somente os itens relacionados com a compra da mercadoria para revenda.

Wernke conceitua os custos no comércio da seguinte forma:

No caso de uma loja, como Custos devem ser classificados apenas os valores diretamente ligados ao custo de aquisição da mercadoria a ser revendida. Ou seja, os gastos relacionados com o valor pago ao fornecedor e demais fatores que estejam intrinsecamente vinculados à compra daquela mercadoria, como o frete e o seguro pago para o transporte da mercadoria até a loja, além dos tributos inerentes à nota fiscal de compra e outros fatores, Wernke (2011, p.28).

Para melhor exemplificação, apresentar-se a seguir um quadro da composição do custo de aquisição de mercadoria:

Quadro 4: Composição do Custo de Aquisição de Mercadoria

Item Operação Descrição Observação

a) (+) Custo da mercadoria na

fatura (valor constante na nota fiscal) b) (-)

Descontos dados na fatura

(incondicionais, mencionados no corpo da nota fiscal de compra)

c) (+) Despesas acessórias da compra

(fretes, seguros, despesas aduaneiras e outros itens vinculados à aquisição)

d) (+) Impostos não recuperáveis

fiscalmente (conforme a legislação tributária pertinente) e) (-) Impostos recuperáveis

fiscalmente (conforme a legislação tributária específica) f) (=) Custo de Aquisição da

mercadoria (f=a-b+c+d+e) g) (/) Quantidade física comprada (em unidades) h) (=) Custo Unitário de compra da

mercadoria (h=f/g

Fonte: Wernke (2011, p.48)

O mesmo autor relata que o valor das embalagens se forem relevantes e possível atribuir valores de forma individualizada, também podem ser atribuídos ao custo da mercadoria, caso contrário deve ser considerado como despesa da loja. Os demais gastos com as atividades

operacionais da loja não devem ser considerados como custo, e sim como despesas. Para entender melhorar essa diferenciação das despesas apresentando os conceitos para a despesa no comércio no capítulo a seguir.

2.6.2 Despesas Comerciais

Como já foi mencionado, a atividade comercial tem suas particularidades das demais atividades, e tratando-se de despesas para a atividade comercial as despesas também tem o seu conceito diferenciado para esta atividade.

As despesas no comércio são todos os gastos que envolvem a atividade operacional da loja, são todos os gastos relacionados a administração, as vendas, as finanças e demais funcionalidades do empreendimento.

Wernke descreve três tipos de despesas comerciais:

 Despesas Administrativas: gastos com aluguel da sala comercial, energia elétrica da loja, material de escritório, salários e encargos sociais dos funcionários do departamento administrativo, etc.;

 Despesas Financeiras: gastos com juros pagos por atraso de duplicatas, tarifas de manutenção de conta bancária, folha de pagamento do setor financeiro, etc.;

 Despesas de Venda: gastos com propaganda, brindes, comissão de vendas, remuneração dos empregados da área comercial, etc. Wernke (2011, p.28).

Desta forma, pode-se fazer uma diferenciação clara de custos e despesas no comércio, para a atividade comercial custo é todos os gastos efetuados com relação a aquisição das mercadorias para a revenda, já as despesas são todos os gastos envolvidos no ambiente da loja, seja esses nas áreas comerciais ou administrativas.

2.6.3 Formação de Preço de Venda

Sabe-se que a concorrência na atividade comercial é grande, pois há vários empreendimentos dos mais variados produtos, sem contar com os preços baixos e condições de pagamentos que as empresas maiores conseguem praticar que acabam esmagando os pequenos comerciantes.

Diante disso, é extremamente necessário que o empreendedor saiba forma seu preço de venda, e não apenas analisar o preço da concorrência tentando entrar no mercado com o mesmo preço, é dessa forma que muitos acabam com o seu negócio, pois não sabem ao certo o custo do seu produto e não estipulam um percentual de ganho e quando percebem estão tento prejuízos nas vendas ao invés de lucro por causa do preço praticado.

Nesta mesma percepção Padoveze (2010) comenta que o pressuposto básico é que o mercado esteja disposto a absorver os preços de venda determinados pela empresa, que estes por sua vez são calculados com base em seus custos reais, porém sabe-se que na verdade isso nem sempre ocorre.

Mas o mesmo autor ainda destaca que: “De qualquer forma, é necessário um cálculo em cima dos custos, tendo em vista que, através dele, pode-se pelo menos ter um parâmetro inicial ou padrão de referência para análises comparativas.” Padoveze (2010, p.426).

Desta forma, sera trabalhado com base nos custos reais para a formação do preço de venda, através da taxa de marcação, também conhecida como Mark-up, que é um índice aplicado sobre o custo de compra da mercadoria adquirida para ter então o preço de venda. Segundo Wernke (2011, p.53), “no cálculo do Mark-up podem ser inseridos todos os itens que se deseja cobrar no preço de venda da mercadoria, desde que sob a forma de percentuais.”

Dentre esses itens podem estar relacionados, Wernke (2011, p.53):

 Tributos incidentes sobre vendas;

 Comissão dos vendedores;

 Taxa de franquia cobrada pela franqueadora

 Taxa cobrada pela administração do cartão de crédito nas vendas com essa ferramenta;

 Margem de lucro desejada para cada mercadoria;

 Frete pago para entrega da mercadoria a clientes;

 Descontos para facilitar a negociação;

 Outros percentuais sobre vendas.

Quanto ao cálculo do mark-up, este pode se dar de duas formas, pelo mark-up divisor e pelo mark-up multiplicador, os dois métodos chegam ao mesmo resultado, a única diferenciação é forma de cálculo. A seguir exemplifica-se um cálculo do mark-up multiplicador a seguir:

Quadro 5: Exemplo de cálculo de Mark-up multiplicador

Fonte: Wernke (2011, p.55).

Com o cálculo do mark-up sobre os custos de aquisição das mercadorias, fica visível ao comerciante, qual o valor mínimo que ele poderá trabalhar, quais os fatores e percentuais que pode estar alterando conforme a concorrência ou o mercado estiver trabalhando. Outro fator também importante relacionado ao mark-up é abordado pela autora Vieira, conforme segue:

Outro detalhe da importância de entender como se forma preços, é observar que não basta aplicar um percentual sobre o custo e acreditar que isso é precificar. Não basta comprar ou produzir um produto por um valor, conforme o exemplo de R$ 38,00, e aplicar o percentual de 58,02%, ficando com um preço de R$ 60,04 e acreditar que isso pagaria as despesas, impostos e ainda sobraria a margem de lucro estimada em 20%. Isso não é verdadeiro, porque tudo o que você paga é sobre o preço de venda final e não sobre o custo. Essa maneira de colocar preços está, portanto, totalmente equivocada. Por isso a importância da utilização do índice de marcação chamado

mark-up. Vieira (2010, p.37)

Neste contexto, entende-se que é necessário saber formar os preços através dos custos de aquisição, relacionando também todos os fatores que afetam a venda da mercadoria diretamente e também considerar o percentual desejável para a formação do preço de venda, pois desta forma é possível comparar os preços da concorrência e verificar se o preço praticado pelo mercado é suportável ao seu negócio.

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