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ATIVIDADE ELÉTRICA NOS NERVOS PERIFÉRICOS

CAPÍTULO I – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

5. ATIVIDADE ELÉTRICA NOS NERVOS PERIFÉRICOS

5.1.1. Eletroneurografia

É o estudo da atividade elétrica no tecido neuronal como o nervo periférico. Quando os músculos contraem voluntariamente, os PA aparecem de forma assíncrona nas fibras nervosas motoras periféricas, a altas frequências. Esta atividade é misturada com PA nos neurónios sensoriais dos recetores periféricos, tornando assim impossível distinguir um tipo do outro. Para além disso, as amplitudes dos PA são tão baixas que tornam a gravação deste tipo de atividade clinicamente impraticável (Sims, 1996; Steiss, 2003). A atividade evocada nos nervos periféricos, no entanto, fornece informação mais útil, sincronizando a atividade em ambas as fibras motoras e sensoriais (Steiss, 2003).

5.2. Atividade Evocada

Os estudos da condução nervosa permitem diferenciar neuropatias axonais das desmielinizantes (Rahal et al. 2003). Estudos em série podem fornecer informações úteis para o prognóstico durante a recuperação de uma lesão traumática de nervo periférico (Cuddon, 2002). Os estudos de condução nervosa periférica abrangem a avaliação dos componentes motor e sensorial dos nervos periféricos (Cuddon, 2002). Uma vez que as fibras nervosas periféricas conduzem impulsos de forma bidirecional, não seria possível simplesmente estimular um nervo misto e gravar o PAC que refletisse a atividade apenas nas fibras motoras ou sensoriais. Por esta razão, a VCNM é determinada como descrito previamente (Steiss, 2003).

Os estudos de condução nervosa sensorial avaliam a função de nervos periféricos sensoriais ou mistos (Cuddon, 2002). A VCN sensorial (VCNS) pode ser determinada pela

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estimulação de um nervo puramente sensorial ou os seus recetores cutâneos, e gravação a partir do nervo-pai num local (ou locais) mais proximal (Farnbach, 1980a; van Nes, 1985; Bowen 1986). A gravação em dois pontos torna-se desnecessária se tanto o elétrodo de estimulação como o de gravação se encontrarem perto do nervo (Bailey e Kitchell, 1984; LeCouteur e Williams, 2012). As áreas cutâneas inervadas exclusivamente por nervos de interesse denominam-se zonas autónomas e estão estabelecidas para os principais nervos periféricos de alguns animais, incluindo cães (Bailey e Kitchell, 1984; Steiss, 2003).

Os potenciais de ação nervosa sensorial (PANS) apresentam amplitudes inferiores aos PMAC (Inada et al., 1963; Holliday et al., 1979; Kimura, 1981ª; Sims, 1996) e tornam-se mais difíceis de distinguir do ruído de fundo (Inada et al., 1963; Holliday et al., 1979; Kimura, 1981a), pelo que se torna necessário o recurso à média dos sinais (Inada et al., 1963; Holliday et al., 1979; Kimura, 1981a; Sims, 1996; Steiss, 2003). No entanto, gravações de campo próximo são práticas. Com um elétrodo de agulha de gravação cuidadosamente colocado adjacente ao nervo radial superficial, p.e., a média dos sinais não é necessária. Tal como com outros potenciais evocados, a amplitude e a duração são variáveis importantes na interpretação (Steiss, 2003). As amplitudes dos PANS variam de animal para animal e mesmo com o lado do animal em estudo, pelo que possuem um valor diagnóstico limitado (Cuddon, 2002).

Para o cálculo da VCNS, a latência dos PANS é geralmente medida desde o início do artefacto de estímulo até ao pico positivo inicial (Holliday et al., 1979; Farnbach, 1980a; van Nes, 1986). Esta medida é dividida pela distância entre o cátodo estimulador e o elétrodo ativo. Para evitar qualquer influência da propagação de corrente proximal do cátodo, idealmente, os PANS devem ser gravados a partir de dois pontos, após estimulação distal. A VCNS é então calculada do mesmo modo que a VCNM. A propagação de corrente proximalmente ao cátodo provoca um falso desvio proximal do ponto de estimulação real, que não podia ser contabilizado com a utilização de um único ponto de gravação. No final, obter-se-ia uma elevação da VCNS (van Nes, 1986).

A VCNS pode ser calculada a partir de nervos periféricos mistos. As fibras sensoriais de grande diâmetro possuem limiares mais baixos e uma condução mais rápida (cerca de 5-10%) em comparação com a condução antidrómica ao longo das fibras motoras destes nervos mistos. Como resultado, os potenciais gravados a partir destes nervos (ulnar e tibial) avaliam a VCNS mais rápida e não a condução motora antidrómica. Os nervos mais utilizados para estes estudos em pequenos animais são o nervo radial superficial lateral, o nervo peroneal superficial, o nervo safeno e o nervo tibial distal (sensoriais), assim como os nervos tibial proximal e ulnar (mistos). A VCN sensorial e motora é semelhante em animais normais (Holliday et al., 1979; Redding e Ingram, 1984; van Nes, 1985; van Nes, 1986b; Whalen et al, 1986; Redding e Myers, 1987). A idade tem um efeito significativo na VCNS do cão, tal como

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na motora (Cuddon, 2002). A medição da VCNS fornece dados objetivos para explicar a perda de sensibilidade ou função reflexa e para auxiliar no diagnóstico de neuropatias sensoriais adquiridas ou congénitas (Sims, 1996; Cuddon, 2002). As alterações descritas para a condução nervosa aplicam-se, em princípio, à condução sensorial (Cuddon, 1998; LeCouteur e Williams, 2012), devendo considerar-se, contudo, que os PANS são frequentemente polifásicos (LeCouteur e Williams, 2012).

É importante referir, que as fibras nervosas sensoriais apenas degeneram numa lesão distal ao gânglio sensorial (raíz dorsal). Esta informação torna-se crítica, p.e., na diferenciação entre uma lesão da raiz nervosa dorsal pré-gangliónica ou avulsão, e uma lesão mais distal no plexo (Cuddon, 1998). Mesmo uma avulsão completa entre a raiz nervosa pré-gangliónica e a medula espinal não causa degenerescência do nervo sensorial associado, distal ao gânglio. Isto porque os corpos celulares estão ainda ligados aos seus axónios sensoriais. Como resultado, mantém-se uma VCNS ao longo dos nervos periféricos associados. Lesões mais distais nos nervos sensoriais afetam de forma dramática a VCNS (Cuddon, 1998). A dispersão temporal aumenta com a distância, como resultado de velocidades de condução variáveis entre diferentes populações de neurónios sensoriais. Verifica-se também uma redução gradual da amplitude associada ao cancelamento de fases entre estes neurónios. Uma dispersão excessiva e VCNS baixa são sugestivas de desmielinização, enquanto a perda de amplitude isolada aponta para uma axonopatia, se for segmental, ou neuropatia, se todos os locais estiverem afetados (LeCouteur e Williams, 2012).

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CAPÍTULO II – APRESENTAÇÃO DOS CASOS CLÍNICOS

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