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A argumentação: um percurso didático da oralidade à escrita Joana Fonseca Silva

ATIVIDADE 2 Tema: “Deves dizer

tudo o que pensas?”

ATIVIDADE 3

Tema: “Deves sempre ajudar os outros?”

1.º- Fase da Pré-escrita 2.º- Fase da Contextualização do Tema

3.º- Fase do Debate de Opinião 4.º- Fase da Escrita

1.º- Fase da Pré-escrita 2.º- Fase da Contextualização do Tema

3.º- Fase do Registo de Ideias 4.º- Fase do Debate de Opinião 5.º- Fase da Escrita

1.º- Fase da Pré-escrita 2.º- Fase da Contextualização do Tema

3.º- Fase da Distinção de Facto e Opinião

4.º- Fase do Debate de Opinião 5.º- Fase da Escrita

Tabela 1 – Fases realizadas nas três atividades da investigação.

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Posteriormente, com base nesses registos, foi possível comprovar que os alunos revelaram

maior facilidade em expressar o seu pensamento por escrito, assim como oralmente,

tal como se pôde comprovar durante os debates, ao longo da investigação.

De uma forma geral, conseguiu-se verificar que a oralidade (por meio do debate) contri- buiu para restruturar, reformular ou consolidar o pensamento dos alunos.

No gráfico 2, está representado o número de palavras utilizadas pelos alunos (nas fases da Pré-escrita e da Escrita) nas justificações das suas opiniões relativamente aos temas das ativi- dades. Como se pode constatar, o número de palavras utilizadas pelos alunos vai diminuindo ao longo das três atividades, tanto na fase da Pré-escrita como na fase da Escrita.

De acordo com a análise dos dados, foi igualmente observável que os alunos tenderam a escrever melhor, com maior coesão e coerência textual, na fase da Escrita, sendo por isso con- clusivo que o número de palavras utilizadas pelos alunos para construírem as justificações

não está relacionado com a qualidade das mesmas.

Observando gráfico 3, respeitante ao número de intervenções do grupo participante no estu- do, ao longo dos três debates de opinião realizados, observa-se que os alunos tiveram diferentes desempenhos. Comparando as intervenções registadas nos debates, conclui-se que, de uma for- ma geral, os alunos intervieram menos vezes no debate da segunda atividade.

O debate em que se registou um maior número de intervenções foi o da terceira atividade. Este debate foi o único em que a professora-investigadora recorreu com mais frequência ao guião de discussão (guião de apoio às intervenções dos alunos, estruturado por Brenifier).

Desta forma, conclui-se que o professor revelou-se essencial ao desenvolvimento

do debate de opinião pois registou-se um maior número de intervenções, por parte dos

alunos, no debate de opinião que foi melhor guiado pela professora-investigadora.

De acordo com os dados analisados comprovou-se também que o acompanhamento/ orientação por parte da professora-investigadora influenciou o desenvolvimento dos debates, pois a grande parte dos alunos participantes foi modificando o propósito das suas interven- ções (deixando a oralidade de ser meramente expositiva, para passar a ser de tipologia argu- mentativa). Demonstraram entender, progressivamente, o seu papel no debate e o objetivo deste, uma vez que deixaram de intervir apenas para partilhar episódios (principalmente, descontextualizados e pouco pertinentes para atividade), para partilhar opiniões e respetivas justificações, sem lhes ser solicitado.

Gráfico 2 – Dimensão do Registo (n.º de palavras utilizadas nos registos escritos).

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Ainda no domínio da oralidade, verificou-se, através dos registos escritos dos alunos, que estes utilizaram vocabulário (palavras ou expressões) referido nos debates para as suas

justificações escritas.

Por último, constatou-se que a oralidade teve reflexos positivos na escrita, uma vez que a maioria dos alunos passou a escrever com maior coesão e coerência textual.

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Porque causal e porque explicativo: reavaliação