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4 PERCURSO METODOLÓGICO

4.3 ATIVIDADES COM O ORIGAMI ARQUITETÔNICO

A aplicação do projeto só foi efetivada após comunicar ao grupo gestor da escola e compartilhar com a turma a proposta da pesquisa, o que foi aceita por unanimidade. Os alunos e/ou responsáveis assinaram um termo de consentimento cujo modelo está em anexo (Ver ANEXO 9). As atividades com as pranchetas foram planejadas para serem desenvolvidas em dez horas/aulas, de cinqüenta minutos cada, sendo seis delas destinadas a aplicação do material didático, uma para exposição e revisão de conteúdos14 e três para avaliações, de acordo com o plano de ação presente no quadro 4.

Quadro 4 – Plano de ação para os seis encontros

ENCONTROS AULAS ATIVIDADES

1º 1ª Avaliação diagnóstica sobre Geometria Molecular 2ª Revisão e discussão do conteúdo de Geometria Molecular

2º 3ª Aplicação de P1 4ª Aplicação de P2 3º 5ª Aplicação de P3 6ª Aplicação de P4 4º 7ª Aplicação de P5 8ª Aplicação de P6

5º 9ª Avaliação de verificação de aprendizagem 6º 10ª Avaliação de verificação de memória à longo prazo

Fonte: Autoria própria.

Segue na sequência a descrição das etapas desenvolvidas na aplicação do projeto: Iniciaram-se os trabalhos com a apresentação do material manipulável desenvolvido, para que os alunos, em um primeiro contato, visualizassem e fizessem uma apreciação das pranchetas. Foram informados que sua utilização se daria após uma avaliação diagnóstica sobre os conteúdos de Geometria Molecular e uma prévia discussão sobre esse tema. Para isso, utilizou-se uma aula na avaliação e outra para exposição e discussão, na qual se utilizou slides em Power point (ANEXO 4). Assim, obtiveram-se informações sobre seus conhecimentos previamente construídos sobre o referido tema. Durante a exposição teórica e discussão com os alunos buscou-se dirimir algumas dúvidas, trazendo-lhes à memória a recordação dos

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As informações que os alunos tinham sobre Geometria Molecular eram do livro didático do 1º Ano de Ensino Médio. Este apresentava apenas as formas: Tetraédrica, Piramidal, Angular, Linear e Trigonal Plana. Elas foram trabalhadas sem auxílio de material didático.

assuntos de geometria molecular e propriedades a elas relacionadas, que possivelmente tenham visto em anos anteriores.

No segundo encontro com a turma, foram trabalhadas as pranchetas P1 e P2, sendo destinada uma hora/aula para cada. A sala foi organizada em seis grupos de alunos, que trabalharam em equipe de cinco ou de seis componentes, sob a orientação e intervenção do professor-pesquisador (nesta pesquisa é o professor da sala). Após a discussão sobre o tema em estudo com auxílio das pranchetas, eles foram instruídos a desenvolverem as atividades propostas nesse material relacionadas aos arranjos tetraédricos e às geometrias tetraédricas, pirâmide trigonal e angular. Cada grupo, além de receber um exemplar das pranchetas P1 e P2, recebeu também um transferidor, um marcador de ângulo e uma régua (ANEXO 7), confeccionados em papel, uma cópia da tabela periódica, e uma sequência de elementos ordenados em ordem decrescente de eletronegatividade. O roteiro seguiu a sequência proposta para as pranchetas: visualização; experimentação, como por exemplo, determinar de forma prática o ângulo tetraédrico, polaridade e a geometria molecular; leitura de textos explicativos; resolução dos exercícios e desafios.

No terceiro e quarto encontros, equivalendo a quatro aulas no total, em cada uma delas trabalhou-se um tipo de prancheta, correspondendo a P3, P4, P5 e P6, respectivamente, seguindo a mesma sequência de atividades apresentadas nas pranchetas. Os ângulos nas estruturas dessas pranchetas foram determinados teoricamente, sendo apenas confirmados com o auxílio do transferidor. Foi ressaltado que nas formas bipirâmide trigonal de P3 e P4, as ligações entre o átomo central e os que ocupam as posições axiais, são mais longas que as ligações dos átomos nas posições equatoriais. Esse alongamento não ocorre em moléculas octaédricas de P5 e P6 e a explicação para esse fato pode ser dada a partir do estudo dos ângulos da geometria espacial da molécula. Na figura 13, encontram-se alunos em atividades acompanhados pelo pesquisador.

Figura 13 – Alunos em atividade em sala utilizando as pranchetas de origami arquitetônico.

No final de cada aula, solicitava-se às equipes que montassem em casa as estruturas moleculares de origami da capa final das pranchetas. A fim de avaliar o nível de dificuldade dessa atividade, eles deveriam filmar cada etapa desse processo e disponibilizar no grupo de WhatsApp da sala para que sua construção fosse socializada com todos alunos. Para o cumprimento dessa tarefa foram fornecidas cópias das bases das moléculas a cada grupo. Observe a ilustração da figura 14 com uma atividade prática da previsão aproximada de ângulos na estrutura 3D da amônia, construída em papel.

Figura 14 – Aferição aproximada dos ângulos na estrutura 3D da amônia com materiais confeccionados em papel: (a) marcador de ângulo; (b) estrutura da amônia em 3D; (c) identificação dos ângulos a serem medidos; (d) marcador de ângulo, dobrado sobre o ângulo H-N-H; (e) marcador com a abertura do ângulo sobre o transferidor

A decisão de trabalhar em grupo surgiu da necessidade de realizar uma maior integração entre os alunos, de forma que pudessem ajudar e serem ajudados pelo compartilhamento de suas habilidades, e permitir uma melhor movimentação do professor entre as equipes para auxiliá-los no manuseio do material (que seria mais complicado em um trabalho individual onde cada aluno teria sua prancheta). Desse modo o trabalho em equipe

Fonte: Autoria própria

(a)

(d)

(b)

(c)

serviu para constituir um contexto favorável ao processo de ensino e aprendizagem para os alunos, facilitando a intervenção do professor.

A utilização das pranchetas favoreceu essa interação, pois enquanto um aluno fazia aferição de medidas, outro fazia anotações enquanto compartilhavam suas experiências. As interações sociais têm fundamentação teórica para explicar como ocorre o desenvolvimento cognitivo dos indivíduos, pois segundo Vygotsky (1994), o conhecimento é construído primeiro nos espaços de interação, fora do sujeito, para depois se tornar intrapessoal. Isto significa que na interação, o conhecimento será compartilhado entre os membros da equipe à medida que for sendo construído entre cada componente.

Do mesmo modo, o professor-pesquisador foi envolvido nesse processo, pois se trata de uma pesquisa cuja interação entre professor e aluno torna-se um fator indispensável na organização da atividade didática que está sendo desenvolvida a fim de que os objetivos sejam alcançados. Ao trabalharem juntos e com responsabilidade, exercita-se o apoio mútuo reforçando as capacidades de cada membro da equipe. O resultado final foi a soma do todo, da aprendizagem coletiva, superior ao potencial individual dos componentes, pois ao se planejar uma aula espera-se que todos os indivíduos possam ter um ganho na aprendizagem.