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Os bananais orgânicos ou em SAF tem atividades que podem ser complementares em termos de renda, mas desviam parte da mão de obra. Os sistemas mais eficientes parecem ser aqueles que conseguem mais complementaridade entre atividades. Um exemplo são atividades que se integram à lógica do SAF, tolerando sombra e/ou compondo a estrutura vertical ou horizontal dos SAF bananeiros. Neste sentido, se esperaria que cultivos de ornamentais, madeiras, frutas ou cultivos anuais compondo com a banana em SAF gerem melhores resultados econômicos do que atividades paralelas, e este foi o objetivo desta análise.

Um grupo de quatro unidades foi analisado então para seis indicadores econômicos e um ecológico (Tabela 8). Duas desenvolvem atividades dentro de SAF: Toninho, mudas de ornamentais, Valdecir, hortaliças e frutas. Outras duas desenvolvem atividades paralelas: Vilmar, morangos, Jorge, banana solteira, cultivos

"#$%&'#!()*! JK/! anuais e gado de leite. Muita destas propriedades tem espécies madeiráveis e palmito, mas ainda não exploradas. Neste sentido, serão debatidos seus possíveis impactos econômicos no próximo item.

Para a análise de SAF bananeiros e atividades concorrentes, a ACP realizada produziu, no eixo 1 (59 % da variação), um agrupamento das unidades Vilmar e Toninho pelos maiores valores nos indicadores de Reserva Legal (%) e Renda Bruta percentual da atividade concorrente. No eixo 2 (33% da variação), o maior valor para o indicador Renda bruta percentual da banana agrupou as unidades Toninho e Jorge.

Tabela 8. Indicadores de eficiência econômica (R$/uth, R$/ha) de banana em Sistemas

Agroflorestais (SAF) versus atividades concorrentes em mão de obra, para quatro unidades produtivas no Litoral Norte do RS, 2008.

SAF (R$/uth) SAF (Renda Bruta %) Banana (R$/uth) Banana (Renda Bruta %) Atividades concorrentes (R$/uth) Renda Bruta das atividades concorrentes (%) Reserva Legal (% acima dos 20%) Toninho 109 83 133 72 174* 27 35 Vilmar 55 73 71 56 63** 17 20 Valdeci 132 87 181 37 106*** 45 3.6 Jorge 29 9 166 65 131**** 91 10.4

* Produção de mudas; ** Morangos; *** Olericultura; **** Cultivos anuais, gado de leite e banana em cultivo solteiro.

A unidade Toninho mostrou maior complementaridade entre a atividade concorrente e o bananal em SAF, ao integrar os dois grupos definidos pelo indicador ecológico (Reserva Legal%) e pelos indicadores econômicos para a banana. Estes resultados indicam que a produção de mudas de ornamentais é compatível com o sistema de produção de bananal em SAF tanto do ponto de vista ecológico como econômico.

A unidade Valdeci e a unidade Jorge apresentaram o maior percentual de renda bruta propiciado pela atividade concorrente. No caso, Valdeci apresenta um sistema que combina olericultura e fruticultura em mosaicos num bananal misto com frutas, palmito (Euterpe edulis), banana e hortaliças. Por outro lado, a unidade Jorge dedica pouco foco ao SAF, e mais aos cultivos anuais, banana solteira e gado de leite. Para aprofundar esta análise, é necessário olhar para o sistema de produção como um todo (Tabela 9). Ela mostra maiores valores do sistema de produção como um todo para Valdeci (138,00 R$/uth) e Toninho (R$ 108,00/uth), com Jorge mais próximo (R$ 82,00/uth). Já em rentabilidade por hectare Valdeci se destaca (R$ 4.034,00/ha) dos demais, o que se relaciona ao fator intensidade da olericultura. Os

"#$%&'#!()*! JK0! maiores rendimentos por hectare/ano são também de Valdeci (R$ 12.564,00/ha/ano) e depois de Toninho (R$ 4.709,00/ha/ano), considerada a área total das propriedades.

Tabela 9. Indicadores de eficiência econômica (R$/uth, R$/ha) comparados entre quatro produtores

de banana em Sistemas Agroflorestais (SAF) versus seus sistemas de produção como um todo, Litoral Norte do RS, 2008. Sistema de produção (R$/uth) Sistema de produção (R$/ha) SAF (R$/uth) SAF (R$/ha) SAF (% uth dedicadas à atividade) % de cobertura florestal acima da Reserva Legal estabelecida (20%) Toninho 108 1745 109 4709 100 35 Vilmar 55 1487 55 1811 73 20 Valdeci 138 4034 132 12564 87 3,6 Jorge 82 1567 29 1056 24 10,4

Pode-se observar que um sistema de produção diversificado onde os SAF são uma pequena parte do foco da mão de obra (unidade Jorge) pode ser competitivo com um bananal em SAF. Entretanto, ele perde em renda por hectare e eficiência econômica da mão de obra (R$/uth investida) onde SAF tem maior peso.

Entre os que adotam bananais em SAF, a unidade Valdeci, que inclui olericultura no SAF, apresenta a maior renda bruta por área (R$/ha). Também apresenta uma eficiência econômica (R$/uth) de 22% acima do SAF com ornamentais. Esta é, porém a unidade com menor área em Reserva Legal, ainda que dentro do limite definido por lei para a Mata Atlântica. Ainda, uma expansão em área depende de mão de obra. Na Figura 2, as opções de intensificação dos sistemas de produção das unidades Vilmar (morango) e unidade Valdeci (olericultura com árvores e palmeiras) mostram que estão acima do limite da mão de obra familiar para os períodos críticos de primavera (setembro, outubro) e verão (janeiro). Finalmente, o SAF com ornamentais, além de demandar menos mão de obra, permite maior cobertura de dossel pela menor demanda de luz das espécies cultivadas.

"#$%&'#!()*! JK?! Figura 2. Calendário de demanda de mão de obra em quatro unidades produtivas com

produção de banana em SAF e em cultivo solteiro no Litoral Norte do RS, RS, 2008. Valores em unidades de trabalho humano (uth), considerando 1 uth = 8 horas diárias x 260 dias úteis. Os valores negativos indicam quanto a demanda excedeu a capacidade de trabalho de 1 adulto por mês (22 uth).

De modo geral, os resultados apontam que diferentes estratégias de uso da terra e de manejo de SAF estão em curso entre os agricultores ecologistas, e que o papel dos SAF varia também no conjunto de estratégias. Como os SAF passaram a ser promovidos a partir de 1994, os modelos identificados evoluíram de forma a serem mais ou menos apropriados a diferentes fatores. Entre eles, estão as zonas de acesso e distância de mercados, disponibilidade de mão de obra, relevo e fertilidade natural. A variação de resultados de produtividade na banana mostra que existe também uma estratificação de condições (provavelmente ligada a aspectos ambientais), além de uma margem de melhorias nos itinerários técnicos, as quais deverão se refletir nos indicadores de eficiência econômica analisados.

ATIVIDADES CONCORRENTES:

• A unidade Toninho com SAF bananeiro que inclui produção de mudas de ornamentais integra os grupos formados tanto por eficiência econômica como Reserva Legal percentual;

• Os sistemas de produção são mais eficientes em renda por hectare e R$/uth investida onde SAF é atividade majoritária;

• O bananal em SAF que integra apresenta a maior renda bruta por área (R$/ha), seguido do que integra ornamentais, mas demanda mão de obra extra em período crítico;

• Um valor entre R$ 600,00/ha/ano (gado de leite) e R$ 1.420,00 (cultivos anuais) é um parâmetro local de incentivo anual na forma de crédito para a conversão de áreas desmatadas para bananais em SAF.

"#$%&'#!()*! JKZ! LACUNAS A ENCAMINHAR:

• Avaliar melhor indicadores de funcionalidade ecológica como composição, estrutura, biomassa e presença de fauna para os diferentes tipos de bananais em SAF diversificados (ornamentais, olerícolas, palmiteiros, frutíferas, árvores fertilizadoras e de madeira).

• Comparar com unidades onde os SAF são um subsistema complementar; • Gerar cenários em termos de paisagem com os dados obtidos.