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A ACP ordenou no primeiro eixo (46,95% da variação) os municípios de Porto Velho e Jí-Paraná, com Rolim de Moura em posição intermediária, em função dos maiores valores para os indicadores de: Renda originada de produtos florestais madeireiros; Renda originada por produtos florestais não-madeireiros; Maior proporção de território em Unidades de Conservação; Menos cabeças de gado por habitante; Menor desmatamento por habitante por ano. No grupo oposto, com valores menores para estes indicadores, estão os municípios de Cacaulândia, Presidente Médici e Ministro Andreazza.

No eixo 2, correspondendo a 28,27% da variação, foram ordenados Ji-Paraná e Rolim de Moura, com Ministro Andreazza em posição intermediária. Este ordenamento se deu pelos maiores valores deste grupo em Reserva Legal e Percentual em Terras Indígenas, e está oposto ao grupo formado por Cacaulândia, Presidente Médici e Porto Velho, com menores valores para estes dois indicadores.

A análise reforçou a importância da economia florestal (madeireira e não- madeireira) e do percentual de Reserva Legal e Áreas Protegidas dos municípios para distinguir respectivamente sua funcionalidade econômica e ecológica. A disparidade dos valores registrados para Produtos Florestais Madeireiros (PFM) e Produtos Florestais Não-Madeireiros (PFNM) entre Porto Velho e Jí-Paraná e os demais municípios (Tabela 5) remete ao papel fundamental que e economia municipal tem na viabilização deste tipo de atividades produtivas. Esta é uma questão que foi colocada para a análise nos níveis seguintes.

Tabela 5. Indicadores ecológicos e econômicos de uso da terra para seis municípios do Estado de

Rondônia, comparado com seis unidades produtivas que adotam SAF, 2008.

Produtos Florestais Não- Madeireiros (mil reais)

Produtos Florestais Madeireiros (mil reais) Cacaulândia Nc Nc Ji-Paraná 83 1.511 Ministro Andreazza 0 48 Porto Velho 75.244 40078 Presidente Médici Nc Nc Rolim de Moura 24 1833

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Em termos do papel da pecuária e da intensidade de desmatamento nos municípios de inserção, seria necessário dispor das curvas históricas de crescimento do rebanho bovino e da população rural em cada município. Não foi possível assim testar a correlação entre as duas curvas (gado e habitantes) e, de modo mais correto, entender como se deu a associação da atividade pecuária, desmatamento e ocupação humana. Resolver estas lacunas de informação será fundamental para a tarefa de projetar cenários sobre os sistemas agrários e economia regional atual e gerar respostas adaptativas.

Do ponto de vista da funcionalidade ecológica, as Unidades de Conservação (UC) foram importantes para agrupar também os municípios de Porto Velho e Ji- Paraná. O déficit em Reserva Legal e o percentual em Terras Indígenas foram por sua vez importantes para ordenar novamente de forma favorável o município de Jí-Paraná em oposição ao restante dos municípios. Jí-Paraná se destaca porque Porto Velho, descontada a área das UC e TI, apresentou um dos maiores déficits de Reserva Legal entre os municípios avaliados. A análise reforça a importância de sistemas produtivos inovadores, que reduzam ou eliminam a necessidade de abertura de novas áreas de floresta para agricultura e pecuária.

Uma lacuna foram os dados de integridade ecológica da cobertura florestal remanescente nos municípios. Esta análise demandaria avaliar composição de espécies, estrutura espacial e representatividade da flora e dos habitats proporcionada à fauna, identificando ainda quais grupos de espécies-chave da flora e fauna estão representadas e em que proporção. Este é, portanto um objetivo a perseguir em futuros estudos.

Um primeiro olhar sobre a relação dos indicadores dos municípios contra as propriedades dos agricultores inovadores (Tabela 6) mostra melhores índices em termos do déficit de Reserva Legal para os agricultores (38,6% menor) e para o desmatamento/habitante/ano (99,73% menor). O pressuposto a ser avaliado sobre estas unidades produtivas nos níveis progressivos de análise que seguem (sistemas de produção, fragmentos florestais, SAF, espécies) é se estes índices refletem maior resiliência ecológica e econômica na paisagem, como sugerido. E se isto é real, analisar o que diferencia as estratégias em uso entre si, quais suas complementaridades e o que elas apontam para políticas públicas.

"#$%&'#!()*! ,-! INDICATIVOS DA ANÁLISE DE PAISAGEM:

• Porto Velho e Ji-Paraná apresentam menos vulnerabilidades ecológicas, em função de Áreas Protegidas, e Ji-Paraná apresenta o menor déficit de Reserva Legal, além de contar com a maior área em TI. Os demais municípios apresentam sérias vulnerabilidades, com uma média de 82,06% de déficit sobre a Reserva Legal;

• Os demais municípios dependem apenas de áreas privadas para a conservação e serviços ambientais, o que é uma vulnerabilidade séria;

• Os pólos regionais concentram a economia florestal tanto para PFNM como PFM, o que pode ser um entrave ao desenvolvimento mais capilar de uma economia baseada em produtos agroflorestais e de extrativismo.

PERGUNTA PARA O PRÓXIMO NÍVEL:

• Este cenário de mercado do entorno influencia estratégias dos sistemas produtivos inovadores e/ou sua funcionalidade ecológica e econômica?

LACUNAS A ENCAMINHAR:

• Estudos etnobotânicos deveriam identificar composição, estrutura, bem como grupos de espécies-chave representados nos remanescentes florestais existentes, e definir então prioridades de conservação, considerando os recursos genéticos prioritários para a região;

Tabela 6. Indicadores ecológicos e econômicos de uso da terra para seis municípios do Estado de

Rondônia, comparado com as médias de seis unidades produtivas que adotam Sistemas Agroflorestais, 2008.

Municípios Déficit de Reserva Legal (%) Desmatamento (ha/hab/ano)* Gado/habitantes Território em UC+TI (mil ha) Município Agricultores Município Agricultores Município Agricultores Município

Cacaulândia -70,3 -62,5 207,3 0,132 32,0 22,5 nc Ji-Paraná -23,2 -43,8 8,6 0,839 3,1 0,0 185,5 Ministro Andreazza -78,9 -31,3 49,3 0,211 10,2 nc nc Porto Velho -92,9 -37,5 13,8 0,746 0,6 nc 1391,5 Presidente Médici -85,8 nc 610,6 nc 12,2 nc nc Rolim de Moura -82,5 -46,9 11,2 0,070 3,6 9,4 nc Médias -72,3 -44,4 150,1 0,4 10,3 10,6 788,5 Comparativo (%) -38,60 -99,73 3,20 Fonte: IBGE, 2008. ! ! ! ! ! !

"#$%&'#!()*! ,.! • Levantamento do comércio e autoconsumo de PFNM e PFM entre assentados,

agricultores familiares, de modo a proporcionar uma visão mais clara do valor atribuído à floresta remamenscente.

• Dados sobre as curvas de crescimento de gado, população e desmatamento para calibrar e consolidar indicadores como o índice de uso da terra e gado/habitante.