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4. Apresentação do trabalho de intervenção/investigação

4.1. Apresentação das atividades desenvolvidas

4.1.8 Atividades extraplano

Intervenção comunitária – gestão de casos Objetivos específicos

 Combater o isolamento social;

 Desenvolver competências cognitivas e sociais;  Fomentar a autonomia pessoal e social;

 Dotar os indivíduos de ferramentas úteis no seu dia-a-dia.

Descrição

Com uma realidade social, muito semelhante à de outras vilas, os casos de famílias e indivíduos com problemas de índole psicológica, económica e social também abundam. Durante a fase de diagnóstico e, com o intuito de melhor conhecer as problemáticas que afetam esta vila, numa conversa informal ao presidente de junta, confirmamos esta situação. Para aprofundar esta problemática, fizemos

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um levantamento dos indivíduos e famílias que necessitariam de apoio, verificamos que alguns deles já usufruíam de acompanhamento, ou por parte de uma técnica do Rendimento Social de Inserção (RSI) e/ou por uma técnica acompanhante social. Prontamente acompanhados pela acompanhante social, deslocamo-nos a casa de alguns indivíduos e ficamos a melhor conhecer os seus problemas. Visitamos ainda algumas pessoas que não tinham qualquer tipo de acompanhamento referenciadas pela Junta de Freguesia. Após avaliar cada situação, optamos por acompanhar três indivíduos, que no nosso entender, eram prioritários. A razão por apoiarmos unicamente três casos, prende-se pelo facto que não teríamos muito mais tempo disponível e queríamos fazer a melhor gestão possível. Seguidamente iremos caracterizar cada indivíduo e o acompanhamento que lhes prestamos, para garantir o anonimato, os nomes expostos são fictícios.

A. Caso 1

Amadeu, 61 anos, detentor do 4º ano de escolaridade, divorciado, tem duas filhas, uma das quais emigrada. No início do acompanhamento vivia só, mais tarde, acolheu em sua casa um cunhado (caso2). Praticamente invisual devido a um problema de saúde, mais concretamente, a diabetes, está sem trabalhar há seis anos, recebendo atualmente o rendimento social de inserção (RSI), seu único sustento. Contratou numa instituição o serviço de apoio domiciliário (SAD), unicamente para alimentação. Apesar de já receber acompanhamento, este homem necessitava de apoio, a nossa intervenção baseou-se na sensibilização e aconselhamento para o benefício de uma boa higiene de vida, nomeadamente, alimentar, já que padecia da diabetes e não respeitava os horários das refeições, ficando muitas horas sem comer. Na necessidade urgente de ser submetido a uma cirurgia e de precisar do relatório médico para requerer a reforma por invalidez, efetuamos alguns contactos com a equipa médica e técnicas responsáveis pelo caso. Não obstante de só receber o RSI, foi-lhe cobrado o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), desta forma solicitamos aos serviços tributários, a sua isenção por carência económica. Tratamos também de renegociar o valor a pagar pelo seu serviço de SAD, uma vez, que este ultrapassa os 33% do valor que Amadeu recebe, o que o deixa sem dinheiro para fazer frente a outras despesas, tais como, medicação, água, eletricidade, entre outras. Com praticamente 20% de visão e sem dinheiro, Amadeu, passa os seus longos dias em casa sem companhia, o nosso esforço foi para tentar encontrar juntamente com ele uma ocupação que o preenchesse, ao que sugerimos que se dedicasse com mais entusiasmo à jardinagem, visto ser uma atividade que gosta. Como se queixou de problemas de coluna vertebral, que o limitava na jardinagem, a alternativa sugerida, foi a de se ocupar à plantação de vasos e, que estes fossem colocados numa estante ou mesa, para que possa trabalhar mais comodamente.

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Esta atividade além de lhe ocupar os tempos livres poderia tornar-se numa fonte de rendimento extra através da venda das plantas.

B. Caso 2

Homem de 47 anos, a que chamamos José, em que as suas habilitações literárias são o 3º ano do 1º ciclo. José foi vítima de um acidente de viação há cerca de 2 anos, que o deixou viúvo e com mazelas físicas e psicológicas. Sem filhos e com parcos rendimentos, foi viver com Amadeu. Na altura do acidente, encontrava-se desempregado, o que não lhe deu direito ao subsídio de doença, mais tarde requereu o RSI, que lhe foi cortado quando começou a receber a pensão de sobrevivência por parte da esposa, pouco mais do que o RSI, o que lhe impede de requerer qualquer subsídio de subsistência. Para piorar a situação, começou a receber a pensão com data anterior (começou a receber em junho com retroativos de novembro do ano anterior a maio), que lhe causou uma dívida à Segurança Social por receber indevidamente o RSI. Perante esta situação, fizemos uma exposição à Segurança Social do sucedido, por forma a resolver esta questão. Ainda com um processo em tribunal por causa do acidente e, devido a algumas limitações que se apresentavam, fomos juntamente com o José e um membro da junta de freguesia a uma reunião com o seu advogado, para o poder ajudar, como lhe faltava entregar vários documentos relativos ao processo, a nossa função foi a de os providenciar e, fazê-los chegar ao advogado.

C. Caso 3

Carmo tem 70 anos, casada com três filhos, vivia só, o marido por razões de saúde encontrava- se internado num lar e mais tarde foi viver para casa de uma filha. O filho mais próximo vive a cerca de 10 km, embora não seja muito longe, não existem transportes públicos de ligação. Apesar de só possuir o 2º ano de escolaridade gosta de ler, uma das poucas coisas que a anima. Carmo, em nosso entender, encontra-se num estado depressivo, quer pelo problema de saúde do marido, quer por outras questões económicas e familiares. Carmo chegou até nós através de um pedido direto de ajuda, na época de natal, que lhe valeu um cabaz alimentar. Depois de melhor conhecer e analisar os problemas de Carmo, verificamos que estes são de índole económico, mais propriamente por dificuldades de gestão financeira. Aferimos ainda, que como passa muito tempo sozinha, necessitava de alguma companhia. Nas nossas visitas, além de trabalharmos com a Carmo a questão financeira, levávamos algumas dinâmicas cognitivas ou simplesmente, apelávamos à sua história de vida. Para a gestão doméstica, começamos por pedir à Carmo uma lista das prioridades de vida e das suas despesas essenciais, depois solicitamos

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que analisasse ponto por ponto, resultando numa diminuição da lista das despesas (como por exemplo, subtraiu o gasto que tinha com a Sport TV, lista de canais que aconselhamos cancelar, já que não usufruía deles), por fim, em conjunto, elaboramos uma lista de dicas de poupança, tais como, reaproveitar restos da alimentação e outras formas de cozinhar alimentos da sua horta, ou mesmo a nível de higiene, pedir/usar amostras grátis.

Infelizmente, este acompanhamento teve uma duração de apenas 4 meses, por imposição de uma das filhas. Nas últimas visitas efetuadas a Carmo notamos que esta não se sentia muito à vontade, depois de conversarmos, confessou-nos que a sua filha deveria estar a chegar e esta não gostava muito que visitássemos a mãe, porque não percebia muito bem o nosso papel, dizendo à mãe que não lhe íamos dar nada e, perante isto pedimos que se reunisse connosco para lhe explicar a nossa função, o que recusou. Após isto e, na última visita, Carmo, pediu-nos que telefonasse antes de a visitar, muito embora o dia e a hora da visita era agendado segundo a sua e a nossa disponibilidade. Como nos apercebemos que a opinião da filha não tinha mudado e não queríamos trazer problemas a Carmo, dissemos-lhe que não se preocupasse que só a iriamos visitar quando esta o solicitasse, reforçando que estaríamos disponíveis sempre que precisasse. Contudo, pensamos ter ajudado a Carmo, ao nível da sua gestão doméstica, já que um dos últimos meses que a visitamos, referiu que conseguiu chegar ao fim do mês com algum dinheiro.

4.1.9 Seminário