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Atividades para a sensibilização à diversidade linguística

Capítulo I Sensibilização à Diversidade Linguística e Cultural na Educação

1.3 Atividades para a sensibilização à diversidade linguística

Como já mencionámos anteriormente, a sensibilização à diversidade linguística é fulcral para o crescimento pessoal e social da criança, permitindo que esta desenvolva competências cognitivas, afetivas e sociais.

Silva (2002, p. 93) diz que a educação pré-escolar deverá familiarizar a criança com

um contexto culturalmente rico e estimulante que desperte a curiosidade e o desejo de

aprender. Nesta lógica é importante que o educador adote estratégias diversificadas.

Morgado (2001, p. 46) propõe algumas estratégias que podem ser tidas em conta nas práticas pedagógicas, como por exemplo, o respeito e a valorização das diferenças individuais, bem

como da individualização dos próprios ritmos de aprendizagem, a valorização das

experiências escolares e não escolares anteriores, a consideração dos interesses,

motivações e necessidades individuais, a promoção da autonomia, da iniciativa individual

e da participação nas responsabilidades da escola e a promoção das interacções e das

trocas de experiências e saberes.

Assim, o educador deve planear atividades tendo por base as observações realizadas e os registos sobre os interesses do grupo e os progressos de cada criança. O educador deve ter em conta a especificidade de cada criança, não esquecendo o seu contexto familiar e social, uma vez que é fundamental para criar um ambiente estimulante que promova aprendizagens significativas e diversificadas, contribuindo para uma maior igualdade de oportunidades.

Neste âmbito, o educador, em contexto pedagógico, deve desenvolver atividades e utilizar materiais que despertem na criança o desejo e a curiosidade de querer saber mais relativamente às línguas e às culturas existentes. Estas atividades devem ser diversificadas,

relacionadas com a vida escolar e infantil, tendo por base a expressão corporal, a dança, os jogos diversos, as actividades perceptíveis, musicais, plásticas e envolvendo a exploração

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da linguagem através de textos autênticos como poemas, rimas, canções, histórias, sempre

apoiadas por materiais educativos adequados (Tomlinson, 1998, in Lopes, 2004, p. 65).

Estas atividades devem estar adaptadas às idades das crianças e devem corresponder às suas preferências. Assim, antes de iniciar qualquer atividade de sensibilização, deve-se procurar conhecer o ponto de vista das crianças em relação às línguas, quais os seus interesses linguísticos, para que ao longo das atividades desenvolvidas se possam ir modificando e enriquecendo as conceções prévias das crianças (Candelier, 2003).

Deste modo, é necessário que o educador/professor crie/utilize materiais didáticos que sustentem o processo ensino-aprendizagem, contribuindo assim para o desenvolvimento de competências cognitivas, afetivas e sociais ligadas a essa mesma sensibilização e já referidas anteriormente.

Neste sentido, a atividade lúdica surge como uma das atividades de SDL, uma vez que esta estimula as crianças aos mais diversos níveis. Como refere Sutton-Smith (1981, in Pessanha, 2001, p. 51), a actividade lúdica surge como uma manifestação frequente e

espontânea no comportamento infantil, parecendo ser uma atitude natural e indispensável ao seu desenvolvimento. A criança deseja-a, pratica-a com alegria e sem esforço e mesmo

que o adulto não compreenda, continua a brincar porque é a coisa que lhe dá mais prazer.

Podemos concluir que a atividade lúdica tem um grande valor nos primeiros anos de escolaridade, pois as crianças aprendem com mais prazer, tornando mais fácil a aprendizagem e o domínio de competências (Pessanha 2001).

A atividade lúdica abrange o jogo e o brincar, sendo esta uma actividade espontânea,

livre e gratificante […] e que quando enquadrada em situações de ensino aprendizagem

pode constituir um valioso instrumento pedagógico e um meio para alcançar um fim

(Cardoso, 1998, p. 94). Por isso o jogo é visto como uma poderosa ferramenta de aprendizagem, pois possibilita a interação entre pares e permite que haja cooperação e socialização.

Síntese

Ao longo deste capítulo mencionámos a importância de integrar a SDL no contexto pedagógico, de forma a incentivar a aprendizagem de línguas com o intuito de diminuir o preconceito e a diferença que existe entre as comunidades de diferentes culturas. Sá e

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Andrade (2009) afirmam que a escola é detentora de uma grande diversidade a nível linguístico, cultural e social e, por isso, é importante que a escola crie um currículo multilingue e multicultural que permita às crianças descobrir diferentes modos de viver, desenvolvendo atitudes positivas face às diferentes línguas e culturas.

É necessário que a SDL deixe de ser vista como uma barreira e passe a ser considerada como uma mais-valia, uma vez que existem diferentes línguas no mundo que importa preservar.

Deste modo o educador ao integrar atividades de SDL cria nas crianças o gosto de conhecer outras línguas e culturas, contribuindo assim para um relacionamento saudável entre comunidades, fomentando o respeito e aceitação daquilo que lhe é diferente. A SDL procura que a escola dê às crianças a oportunidade de contactarem com diversas línguas com o objetivo de alargar o seu leque, incentivando-as a refletir sobre as línguas e a desenvolver confiança nas suas capacidades de comunicação e de aprendizagem.

Por fim, as atividades de SDL podem contribuir para a construção de uma consciência fonológica plurilingue, e, por essa via, o desenvolvimento da cultura linguística nas crianças. Não basta ter o conhecimento de várias línguas estrangeiras, é importante que as crianças desenvolvam a sua competência plurilingue, de forma a compreenderem e a comunicarem em diferentes línguas.

Considerámos que uma abordagem plural seria uma mais-valia para as crianças, permitindo-lhes o contacto com diferentes línguas, ao contrário de uma abordagem singular, em que a criança contacta com uma só língua. Este tipo de abordagem permite estimular as crianças para a valorização da sua língua de origem e no desenvolvimento de capacidades linguísticas e cognitivas na sua língua materna podendo ser um alicerce na aprendizagem da L2 e de outras línguas.

Assim, perante o importante papel da SDL na construção de uma consciência fonológica e no desenvolvimento da cultura linguística nas crianças considerámos importante a promoção de uma educação plurilingue desde cedo que ao mesmo tempo valorize os conhecimentos e os repertórios das crianças, para que estas se desenvolvam, despertando-lhes o gosto por observar, explorar e manipular as línguas e as culturas (Lourenço, 2013).

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Uma vez que o objetivo deste trabalho é compreender como é que o jogo pode contribuir para a SDL, no capítulo seguinte iremos abordar a temática do jogo, começando por explicar o conceito de jogo e referindo a sua importância nas atividades de SDL.

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