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Técnicas e instrumentos de recolha de dados

Capítulo III Orientações metodológicas e apresentação do projeto de

3.2 Procedimentos metodológicos: investigação ação

3.2.1 Técnicas e instrumentos de recolha de dados

Carmo & Ferreira (1998) afirmam que a investigação qualitativa está associada a várias técnicas de recolha de dados, nomeadamente a observação participante e a análise documental. Uma vez que as imagens e as palavras têm uma grande importância neste projeto, os dados também podem ser recolhidos através de fotografias ou vídeogravações. Deste modo importa salientar que o investigador é detentor de uma grande flexibilidade, podendo selecionar a técnica que melhor se adapta à obtenção dos resultados para dar resposta aos seus objetivos.

Para obtermos os resultados do nosso projeto de intervenção e de investigação, utilizámos algumas técnicas e instrumentos de recolha de dados tais como a observação participante, a áudio e vídeogravação das sessões, os produtos das crianças, o inquérito por questionário realizado às famílias e as notas de campo (cf. Anexo 1), que incluem os registos orais das crianças e as nossas reflexões.

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3.2.1.1 A observação do tipo participante e as gravações de vídeo e áudio das sessões

Ao longo da nossa integração no contexto de intervenção, verificámos que o tipo de observação direta que mais se ajustava ao nosso objetivo era a observação participante, uma vez que participávamos ativamente na vida coletiva do jardim-de-infância, realizando algumas atividades que faziam parte das rotinas diárias das crianças.

A observação direta é uma técnica de recolha de dados, que permite ao investigador recolher a informação que necessita para o seu projeto de intervenção e de investigação. A observação é uma técnica em que os comportamentos são captados no preciso momento da atividade, sem a mediação de um documento ou de um testemunho (Quivy & Campenhoudt, 1992, in Sá, 2007, p. 121). Segundo Pardal e Correia (1995, p. 50), este tipo de observação participante permite, em regra, um nível mais elevado de precisão na informação do que na

observação não-participante.

Para Quivy e Campenhoudt (1992) este tipo de técnica de recolha de dados pode suscitar alguns problemas, pois muitas vezes a pessoa que está a observar e a registar é também a pessoa que está a dinamizar a atividade, dificultando o registo das suas observações. Não sendo possível registar tudo aquilo que observámos através das notas de campo e dinamizar a atividade ao mesmo tempo, verificámos que não podíamos limitar-nos à nossa memória uma vez que poderíamos eliminar dados importantes que nos ajudassem na nossa investigação.

Para colmatar esta limitação da observação participante, recorremos à áudio e vídeogravação das sessões de intervenção. A áudio e vídeogravação das sessões, permitiu- nos captar com maior rigor todas as situações, atitudes e comportamentos das crianças. Estas áudio e vídeo gravações foram transcritas e analisadas relatando tudo aquilo que aconteceu na implementação das sessões (cf. Anexo 2 e Anexo 3). Assim, podemos observar as interações estabelecidas com mais rigor e até encontrar novos pormenores relevantes para o nosso projeto de intervenção e de investigação.

Todas as sessões do projeto foram áudio e vídeo gravadas, num total de 14 sessões. É de salientar que tivemos em conta os princípios éticos inerentes aos procedimentos investigativos e que tomamos todas as precauções necessárias. Para isso averiguámos se todas as crianças do contexto pedagógico onde implementámos o projeto tinham autorização

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para serem fotografadas, assinada pelos Encarregados de Educação, sendo esta autorização entregue no início do ano letivo pelos próprios ao Agrupamento. Verificámos que todas as crianças tinham autorização para serem fotografadas, mesmo assim, tivemos o cuidado de fazer o tratamento das imagens onde aparecia a cara de alguma criança, de modo a manter o seu anonimato.

3.2.1.2 Produtos das crianças

Ao longo das nossas sessões recorremos a outro instrumento de recolha de dados, como os produtos das crianças. Ao longo de todas as sessões, solicitávamos às crianças para fazerem o registo do jogo da macaca, bem como o registo das palavras novas que gostaram mais de aprender. Este tipo de registo é uma forma de as crianças comunicarem e contarem algo significativo (Salvador, 1988).

Consideramos que estes produtos são importantes para perceber qual a opinião das crianças relativamente ao que mais gostaram, na realização das sessões. Através destes recursos pudemos perceber quais as aprendizagens realizadas pelas crianças e quais as mais significativas para cada uma. Estes registos foram realizados no fim de cada sessão.

3.2.1.3 Inquérito por questionário às famílias

O inquérito por questionário é um instrumento de recolha de dados constituído por um número limitado de questões escritas, sendo este muito utilizado para recolher informações junto de um conjunto alargado de pessoas, com caráter extensivo. Serve para medir atitudes e outras informações sobre conteúdos cognitivos e formas de pensar dos participantes.

As principais vantagens do inquérito por questionário são: a natureza impessoal e padronizada das perguntas; a uniformização das perguntas, permitindo comparar as respostas; o anonimato, ajudando os inquiridos a exprimirem-se livremente e é bastante rápido em termos de tempo e bastante barato (Pardal & Correia, 2011; Hill & Hill, 2000; Tuckman, 2000).

O inquérito por questionário foi entregue a todos os encarregados de educação e tinha a finalidade de obter informação sobre aquilo que as crianças falaram em casa acerca do

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projeto “Viagem pelo Mundo do jogo da macaca” (cf. Anexo 4). Pretendíamos compreender, também, qual a importância que as famílias deram a este projeto, bem como perceber o impacto que o mesmo teve nas crianças ao nível das suas aprendizagens através das perceções dos pais.

Dos vinte e quatro questionários entregues obtivemos uma taxa de retorno próxima dos 50%. Os dados obtidos através dos questionários visavam complementar as informações que recolhemos a partir da observação direta e das áudio e vídeo gravações (cf. Anexo 5).

Síntese

Através da metodologia de investigação-ação e das técnicas e dos instrumentos de recolha de dados utilizados na elaboração deste projeto, obtivemos informações que são essenciais para conhecermos o contexto onde implementámos o nosso projeto de intervenção e de investigação e compreendermos de que modo as atividades desenvolvidas no âmbito do projeto “Viagem pelo Mundo do jogo da macaca” contribuíram para o desenvolvimento da cultura linguística das crianças com as quais trabalhámos.

No próximo capítulo, iremos apresentar, analisar e interpretar os dados recolhidos durante a implementação do projeto de intervenção e de investigação, com o objetivo de darmos resposta à questão e aos objetivos de investigação deste projeto.

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