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Capítulo IV – Apresentação e análise dos dados recolhidos

4.2 Apresentação e análise dados recolhidos

4.2.1 Dimensão Socioafetiva/Atitudinal

Relativamente à subcategoria “Exprimir sensibilidade e abertura tendo

consciência da diversidade de línguas e de culturas existentes no mundo”, esta visa ajudar-nos a compreender se as crianças estão conscientes da existência de uma diversidade de línguas e de culturas e se demonstram sensibilidade e abertura face ao outro que é diferente. Posto isto, na sessão, Conhecemos tantas línguas, era pedido às crianças para construírem uma árvore linguística de grupo, com o intuito de sabermos quais as línguas sobre as quais já tinham ouvido falar, quais as línguas que consideravam saber falar e quais as línguas que gostariam de aprender. Direcionando a atenção para esta sessão podemos afirmar que algumas das crianças sabem que existem outras línguas para além da sua, conforme é visível no seguinte episódio.

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Sessão III – Conhecemos tantas línguas

Anexo 3.3 – Construção da árvore linguística de grupo Episódio 1

Contextualização - As educadoras estagiárias estão sentadas com as crianças e estabelecem um diálogo com o intuito de planificar como vão saber como se diz “jogo da macaca” nos outros países. Primeiro começámos por definir os países onde íamos pesquisar e depois encaminhámos a conversa para a importância de conhecer várias línguas.

Episódio 1a Daniel: Nigéria.

Educadora Estagiária Maria Miguel: Boa, na Nigéria. E na Nigéria falam que língua? António: Inglês!

Educadora Estagiária Maria Miguel: Boa, mas o inglês também se fala noutros países

ou é só na Nigéria?

António: Na Inglaterra. Daniel: Timor.

Educadora Estagiária Maria Miguel: Boa, e que língua é que se fala? Daniel: Tétum.

Educadora Estagiária Maria Miguel: Boa. Então vamos descobrir como é que se joga

à macaca nestes países, certo? Como é que se joga. Então será que se diz jogo da macaca também?

Bruno: Não.

Educadora Estagiária Maria Miguel: Achas que não? Tens uma ideia de como é que se

chama?

Bruno: Não.

Educadora Estagiária Maria Miguel: Pois. Eu também não. Mas eu gostava de

descobrir.

Bruno: Eu não sei porque eu não ando nos outros países nem à volta do mundo. (…)

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Educadora Estagiária Maria Miguel: Boa, a patela. Então no mundo só existe a nossa

língua? Existem muitas ou poucas?

Várias crianças: Muitas!

Educadora Estagiária Maria Miguel: Muitas línguas. E nós já escolhemos algumas não

foi? O inglês, o espanhol, o francês…

António: Existem mais de 10

Nestes dois excertos (a e b) do episódio 1 observamos que as crianças estão conscientes de que existem muitas línguas no mundo. Devemos salientar que em todas as sessões em que se falava das línguas dos países nos quais fomos ver se se jogava ao jogo da macaca e como se jogava, nós e a orientadora cooperante tínhamos sempre em atenção o facto de não se falar apenas uma língua em alguns países abordados, como foi o caso da Nigéria e de Timor. Este aspeto era sempre referido para que as crianças não ficassem com a ideia que, por exemplo, o inglês só se falava num país, como pudemos observar no episódio anteriormente referido.

Na quarta sessão, Vamos aprender a dizer jogo noutras línguas, antes de iniciar a atividade estabelecemos um diálogo com as crianças de modo a perceber qual era a opinião deles relativamente às línguas existentes no mundo. Com o episódio seguinte podemos verificar que as crianças sabem que existem várias línguas e reconhecem a importância de conhecer várias línguas. As crianças evidenciaram uma abertura e sensibilidade às línguas e à sua forma de comunicar. Podemos mencionar ainda, que duas crianças demonstraram alguma preocupação em conseguir comunicar com pessoas de outras línguas, conforme podemos observar a partir do episódio 2.

Sessão IV – Vamos aprender a dizer jogo noutras línguas Anexo 3.4 – Descoberta como se diz a palavra “jogo” nos outros países

Episódio 2

Contextualização - As educadoras estagiárias estavam a contextualizar a atividade e perguntaram às crianças porque é que era importante aprender palavras noutras línguas.

Daniel: É importante conhecermos muitas línguas.

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Os episódios anteriores indicam que as crianças possuem consciência da importância do plurilinguismo, demonstrando a sua sensibilidade em relação às línguas e à própria diversidade linguística. Na nossa perspetiva isto deve-se, talvez, pela pluralidade de repertórios existentes no grupo. Estes resultados vêm confirmar o que refere Andrade (1997) quando defende que o ensino e a aprendizagem de línguas têm um impacto positivo nas crianças, uma vez que melhora a compreensão e abertura ao Outro e também a capacidade de resolver problemas que afetam a humanidade.

Passando para a subcategoria seguinte, “Demonstrar curiosidade em descobertas” sobre o funcionamento de línguas diferentes da sua”, esta remete para os dados que indicam que as crianças se sentem motivadas e curiosas em conhecer outras línguas e culturas diferentes da sua, desde os comentários que fazem acerca das línguas que vão conhecendo, bem como, a vontade de querer conhecer o jogo da macaca naquele país. Desta forma, relativamente à primeira sessão, Definição do problema e planificação do trabalho, é evidente a curiosidade e o interesse demonstrado por algumas crianças em aprender novas palavras em línguas diferentes da sua, como podemos observar no seguinte episódio.

Na quarta sessão, Vamos aprender a dizer jogo noutras línguas, as crianças tiveram a oportunidade de aprender a dizer “jogo” nas diferentes línguas. Inicialmente mostrámos às crianças sete cartões com a palavra “jogo” e pedimos para fazerem corresponder a palavra à respetiva bandeira. ao longo desta sessão pudemos constatar o entusiasmo das crianças relativamente ao mandarim, sendo que uma das crianças pegou no cartão com a palavra jogo

Nuno: É divertido.

Bruno: É giro para conhecermos novos amigos de outros países.

Educadora Estagiária Maria Miguel: Perfeito. Para que é importante sabermos várias

línguas?

Mónica: Para sermos felizes.

Albino: Para conseguirmos falar com as outras pessoas para lhes perguntar.

Educadora Estagiária Maria Miguel: Se alguém nos perguntar uma coisa noutra língua

nos não conseguimos responder.

Mónica: Por exemplo, tu falas em chinês e eu falo em Portugal e tu não percebes nada. Educadora Estagiária Maria Miguel: Pois nem tu me percebes. Assim é difícil.

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em mandarim e disse logo que aquela pertencia à China uma vez que tinha desenhos e conseguiu distinguir das outras palavras. No episódio seguinte podemos observar a criança a explicar.

Sessão IV – Vamos aprender a dizer jogo noutras línguas Anexo 3.4 – Descoberta como se diz a palavra “jogo” nos outros países

Episódio 4

Contextualização – cf. Episódio 2

António: Falam mandarim.

Educadora Estagiária Maria Miguel: Boa. Albino faz lá a da China. (Ele faz a

correspondência entre a palavra e a bandeira.) Porque é que achas que essa é daí?

Albino: Porque tem desenhos.

Educadora Estagiária Maria Miguel: As nossas letras chamam-se alfabeto. Albino: Mas isto é diferente daquela e de todas aquelas por isso é que eu sei.

As crianças perceberam que os sistemas de escrita ideográficos, como o chinês, usam carateres que parecem desenhos. Com esta reflexão partilhamos da perspetiva de Lourenço (2013) quando afirma que as crianças em idade pré-escolar são capazes de descobrir e

explorar ativa e avidamente as línguas e de formular regras sobre o seu funcionamento

(p.330).