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alunos III e IV Maneira Deve facilitar a

4.2.2.1 Ator II – A formação de impressões da audiência em relação à performance do ator

Neste segundo caso, inicialmente procurou-se verificar a partir da transcrição das entrevistas com a audiência (alunos) qual a percepção sobre a apresentação (ou performance) do professor na primeira aula. Na percepção do aluno III, em um primeiro contato normalmente os professores procuram falar do seu currículo, além de tentar

saber o perfil dos seus alunos a partir de apresentações em sala. Na visão do aluno IV, o Ator II teve uma peculiaridade em sua apresentação, pois preocupou-se em ouvir primeiro as apresentações dos alunos para depois fazer a sua. Ele relata que “foi uma dinâmica boa, pois demonstrou que ele quis interagir primeiro com o grupo pra depois mostrar o que ele é realmente”. Na primeira impressão, normalmente o indivíduo assume certas características que marcam a sua impressão geral, contudo ele precisa convencer a audiência que, de fato, as possui (GOFFMAN, 1959).

O segundo ponto categorizado a partir das entrevistas com os alunos foi sobre a percepção da performance do Ator II em uma situação embaraçosa. Na perspectiva do aluno III aconteceram algumas situações embaraçosas no MBA nas quais o principal comportamento do professor foi recuar. Este respondente afirma:

[...] que há um clima diferente entre as partes... normalmente o professor desvia o rumo do assunto pra que não haja um embate, pra que a situação embaraçosa não fique mais difícil, há uma certa tentativa de trazer pro lado da cordialidade e evitar esse tipo de situação.

Já para o aluno IV houve uma situação embaraçosa na aula do Ator II, quando alguns alunos chegaram atrasados. O aluno IV observou também que em outro momento da aula houve um certo tumulto que levou o professor a parar e fazer comentários irônicos com um aluno. Leary (1996) afirma que os indivíduos normalmente preocupam-se em proteger sua reputação e as situações embaraçosas podem causar impressões indesejáveis, por isso são evitadas.

Nas transcrições das entrevistas dos alunos III e IV do MBA-Executivo da UFPE também foram analisados os relatos sobre a sua percepção acerca da performance do Ator II em relação a outros professores. Na opinião do aluno III, o desempenho do

professor é melhor à medida que ele possui um plano de aula bem estruturado, o quanto ele está preparado e o quanto ele gosta do assunto. Para este aluno:

[...] os professores que fizeram melhor aqui foram os que conseguiram instigar os alunos do ponto de vista provocativo, conseguiram ficar não só no lado expositivo e conseguiram transformar a aula num exercício de provocação. [...] Você pode ter uma aula excelente e você não passa nenhum vídeo, mas você cria com um grupo uma boa interação.

Para o aluno IV, são necessários o preparo prévio do professor e uma boa metodologia de ensino para se exibir uma performance satisfatória. Em seu relato, o aluno IV também ressalta que a má remuneração pode influenciar no desempenho do professor. Segundo este respondente “também a própria academia, os mestrados, os doutorados não estão preparando bem para dar aulas [...] estão talvez preparando mais para ser pesquisador do que para dar aula em si”. Para o aluno IV, o professor que tem vivência de mercado traz mais exemplos enriquecedores para a prática dos alunos de MBA. Sobre isto Goffman (1959) diz que, caso o ator social não desempenhe bem o seu papel, pode não conseguir influir positivamente na audiência.

Em relação à percepção sobre o tipo de performance que o Ator II exibe (dramática ou idealizada) o aluno III diz que o professor desta disciplina estava adequado ao seu papel (performance dramática), mas que outros professores queriam estar acima do real, mostrando que sabiam de tudo (performance idealizada). Na percepção do aluno IV existem professores que tentam superdimensionar sua formação acadêmica e profissional (performance idealizada), influenciando bastante a formação de impressões por parte dos alunos. Quando o ator tenta mostrar um aspecto idealizado de si mesmo, assumindo um estereótipo extremo, ele desempenha uma performance idealizada, podendo ser mal visto pela audiência (GOFFMAN, 1959).

Outro tópico analisado no quadro teórico montado pela pesquisadora foi sobre a percepção da performance do ator sob o descrédito da audiência. O aluno III explica que se há descrédito da audiência em relação ao professor, este último deveria tentar mudar seu repertório, sua abordagem. Ele salienta que o professor deveria “fazer uma dinâmica e começar de novo. [...] O que eu acho que acontece é que muitos não têm repertório, têm um estilo de aula e vão com ele até o fim, mesmo que não estejam agradando os alunos”. Já o aluno IV sugere que se o professor é desacreditado pela audiência deve mudar a princípio a sua metodologia de aula e caso não funcione chamar a turma e perguntar o porquê da falta de interesse ou do descrédito.

No Quadro 9, sistematiza-se as impressões formadas pela audiência em relação à performance do Ator II, a partir das categorias abaixo descritas.

Quadro 9: Formação de impressões da audiência em relação à performance do Ator II É interessante perceber que a formação de impressões sobre a performance do professor se dá num primeiro contato, mas também ao longo das interações entre o ator e a audiência, e que estas impressões são em alguns pontos parecidas entre os alunos.

No tópico seguinte serão expostos os comportamentos de insinuação e de autopromoção do segundo professor observado no MBA-Executivo da UFPE e a sua relação com a formação de impressões positivas.

ATOR II Impressões formadas sobre a performance do ator segundo a audiência Percepção da

performance do ator na 1ª aula

- Falou do seu currículo, além de tentar saber o perfil dos seus alunos a partir de apresentações em sala;

- O professor preocupou-se em ouvir primeiro as apresentações dos alunos para depois fazer a sua.

Percepção da performance do ator

em uma situação embaraçosa

- Em uma situação embaraçosa o professor desvia o rumo do assunto; - Há uma tentativa de cordialidade para evitar esse tipo de situação; - Alunos que chegaram atrasados causaram embaraço;

- Houve um tumulto que levou o professor a parar e fazer comentários irônicos com um aluno.

Percepção da performance do ator

em relação a outros professores

- O desempenho do professor é melhor à medida que ele possui um plano de aula bem estruturado, o quanto ele está preparado e o quanto ele gosta do assunto;

- Os professores que tiveram melhor desempenho foram os que conseguiram instigar os alunos, que não ficaram só no lado expositivo;

- O professor pode ter uma aula excelente e não passar nenhum vídeo, pois cria com um grupo uma boa interação;

- É necessário o preparo prévio do professor e uma boa metodologia de ensino para se exibir uma performance satisfatória;

- A má remuneração pode influenciar no desempenho do professor; - A academia não está preparando professores e sim pesquisadores; - O professor que tem vivência de mercado traz mais exemplos. Percepção sobre o

tipo de performance que o ator exibe

(dramática ou idealizada)

- O professor desta disciplina estava adequado ao seu papel, mas outros professores queriam estar acima do real, mostrando que sabiam de tudo; - Existem professores que tentam superdimensionar sua formação acadêmica e profissional.

Percepção da performance do ator

sob o descrédito da audiência

- Muitos professores não têm repertório, têm um estilo de aula e vão com ele até o fim, mesmo que não estejam agradando os alunos;

- O professor deve mudar a sua metodologia de aula ou chamar a turma e perguntar o porquê da falta de interesse ou do descrédito.

4.2.2.2 Ator II – Comportamentos de insinuação e