• Nenhum resultado encontrado

fazem autopromoção em aspectos de difícil comprovação conscientemente - A posição de superioridade do

professor permite que ele conte histórias nem sempre verídicas

- Fala de organizações que esteve no Brasil e no exterior

- O professor pode aproveitar para se autopromover sobre fatos que o aluno desconhece - Publicações acadêmicas são facilmente comprovadas na internet

Valor da audiência - No início das

interações, a professora apresenta-se mais formal, principalmente em turmas de MBA

- Percebe-se um cuidado maior com a audiência do MBA, por ela trazer lucros para a organização - O comportamento do professor é diferente para os alunos de graduação e pós-graduação - O professor ajusta-se aos diversos públicos - Percebe que o discurso para a turma de MBA é mais elaborado Autopromoção indireta - A autopromoção indireta é interessante quando acontece de forma natural e espontânea - Menção a viagens em locais importantes

- Acha que pode ser usada para dar uma referência ao aluno - Relatos de uso de material de Instituição de Educação reconhecida no mercado - Trazer pessoas importantes para a sala de aula ou falar de cargos de liderança dá credibilidade ao professor e agrega valor à disciplina - Usar a autopromoção indireta não causa uma boa impressão

- O fato do professor ser bem relacionado pode impressionar a audiência

Enfim, conclui-se neste tópico que os comportamentos de insinuação e autopromoção podem contribuir para a formação de impressões positivas do ator social, e em algumas situações formar também impressões negativas. A seguir, será apresentado o segundo estudo de caso.

4.2.2 Ator II – Fachada social e comunicação não-

verbal do ator

Nesta seção serão demonstradas a fachada social (CENÁRIO, APARÊNCIA E MANEIRA) e a comunicação não-verbal do Ator II segundo as observações e as entrevistas feitas com professores e alunos do curso de MBA-Executivo em Marketing Estratégico do DCA/UFPE.

A sala (OU CENÁRIO) na qual o Ator II deu aula também foi a C-12, já descrita em tópico anterior. A aula iniciou-se às 8h10, do dia 05/05/2007. O segundo professor observado do curso de MBA-Executivo em Marketing Estratégico do DCA/UFPE utilizou apenas o projetor multimídia. Seus slides tinham elementos visuais que faziam referência às cores adotadas pelo portfolio oficial do MBA (fundo branco com faixas azuis). Os slides continham imagens e gráficos relacionados à disciplina e uma diagramação atrativa (boa legibilidade, contraste de cores).

Segundo o Ator II, o ambiente físico (CENÁRIO) mal-estruturado pode prejudicar o seu próprio trabalho. Para ele, problemas no ar-condicionado ou cadeiras desconfortáveis são recursos que podem desviar a atenção do aluno em relação ao professor e influenciar nas impressões que ele forma do professor e da organização. São importantes no gerenciamento de impressões todos os elementos que compõem o cenário: mobília, decoração, layout dos objetos, entre outros (GOFFMAN, 1959).

O aluno III diz que é inevitável fazer comparações entre os espaços que ele já freqüentou para fazer um curso, seminário ou assistir uma palestra. Então, este respondente conclui que pode ficar uma impressão negativa da instituição que não cuida do ambiente físico. Nas palavras do aluno III “fica uma sensação de amadorismo quando a janela fica rangendo ou quando o som da apresentação não funciona”. O aluno IV também acha que há influência do ambiente físico na formação de impressões positivas ou negativas. Ele relata que ambientes quentes e barulhentos podem estimular o professor a correr mais na disciplina e a dar intervalos mais longos. Para o aluno IV, o

layout das cores e a iluminação são elementos que favorecem as impressões positivas.

Em relação à aparência do Ator II, percebeu-se que ele pareceu mais formal, apesar de se apresentar com uma calça jeans. A camisa de manga comprida preta, na qual havia um lápis e uma caneta aparentemente de alto valor caracterizavam o professor com uma aparência mais formal.

Na opinião do Ator II a aparência informal pode aproximar mais os alunos do professor, enquanto a formalidade teria o efeito contrário, causando um distanciamento da turma. Contudo, o Ator II salienta que se apresentar de forma descuidada para a audiência pode contribuir para a formação de uma impressão negativa. Na visão de Goffman (1959), antes de assumir determinado papel social o ator deve saber que tipo de fachada corresponde a este papel e assim evitar uma ineficácia na sua auto- apresentação.

O aluno III acha que a aparência pode contribuir na formação de impressões positivas do professor, mas que para ele especificamente, não há tanta relevância. Já o aluno IV diz que não se importa com “a aparência física no sentido de padrões estéticos de beleza [...], mas a aparência de desleixo, cabelo emaranhado, roupa muito amassada, suada, cria uma impressão negativa”.

No que diz respeito à maneira do Ator II com os alunos observou-se que o mesmo demonstrou ser amigável (aproximação dos alunos), tratando-os constantemente pelo termo “amigos” e sendo bastante brincalhão. Também se mostrou atencioso com as abordagens dos alunos. Outros comportamentos que denotaram atenção por parte do Ator II foram tirar dúvidas e conversar com os alunos no intervalo e trazer duas caixas de chocolate no período da tarde. No período da tarde o professor tornou-se um pouco irônico quando percebe que a turma voltou do almoço mais sonolenta, então comenta “gente, cuidado com a buchada, vamos acordar! Daqui a pouco vou fazer trabalhos para vocês acordarem”. Em outro momento, a turma faz um pouco de tumulto na separação de grupos para estudo de caso, então o Ator II comenta ironicamente “se tá difícil, eu resolvo”. O Ator II relata em sua entrevista que a maneira adequada de agir é facilitar a interação do grupo, contudo não deve permitir que haja uma “bagunça generalizada”.

O aluno III diz que para ele a maneira que o professor se comporta contribui bastante para a formação de impressões positivas. Segundo este aluno:

[...] quando o professor se mostra afável e disponível [...] quando ele mostra que percebe qual é a expectativa da turma em relação à aula dele, cria sim uma impressão positiva, pelo menos em mim. Porque alguns professores não entendem ou até menosprezam a expectativa das pessoas de um curso de MBA.

Na perspectiva de Schlenker (1980) o ator social deveria conhecer as expectativas da audiência e, a partir de então, escolher os roteiros apropriados para guiar as suas ações.

Para o aluno IV, a maneira do professor se portar influencia bastante as impressões que os alunos formam sobre ele. Ele relata que “se ele já chega com uma cara fechada, você acha que ele é carrasco ou então se fica só rindo... ah, então eles são bestinhas [...] a gente cria essas impressões mesmo”.

No que se refere ao comportamento não-verbal do Ator II observou-se que o mesmo começa falando baixo, aumentando gradativamente o tom de voz e enfatizando as palavras mais importantes. Ao decorrer da aula o Ator II explora mais o espaço da sala, sentando-se na mesinha de apoio e caminhando em direção aos alunos que fazem perguntas. No início da aula ele mostra-se mais sério, depois torna-se mais sorridente. Nas falas dos alunos ele movimenta a cabeça positivamente, quando concorda com os mesmos. Em alguns estudos é demonstrado que a fluência verbal e gestual podem influenciar na formação de impressões positivas pela audiência (LIDEN; MITCHELL, 1988).

No Quadro 8 são mostradas as impressões formadas sobre a fachada social do Ator II (CENÁRIO, APARÊNCIA E MANEIRA) e sua comunicação não-verbal, a partir das observações da pesquisadora e das entrevistas com o segundo professor (ATOR II) e com os dois alunos (AUDIÊNCIA) da disciplina.

ATOR II Impressões buscadas (impressões calculadas) Impressões formadas (impressões secundárias) Fachada social e comunicação não- verbal

Entrevista Ator II Observação Entrevistas

alunos III e IV