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O Ministério da Saúde, no ano de 2006, considerando a expansão do PSF como estratégia prioritária para reorganização da atenção básica no Brasil e os princípios e as diretrizes propostas nos Pactos pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão, firmados entre as esferas do

governo na consolidação do SUS, instituiu a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), mediante a Portaria nº 648/GM, de 28 de março de 2006. Posteriormente foi revisada constituindo-se na Portaria nº 2488/GM, de 21 de outubro de 2011 (BAIS, 2009).

A Estratégia Saúde da Família no Brasil está implantada em 5.346 municípios, com 34.715 equipes de saúde da família e uma proporção de cobertura populacional estimada em 56,37% (BRASIL, 2013a).

Como fundamentos da atenção básica, a PNAB assim estabeleceu:

I - possibilitar o acesso universal e contínuo a serviços de saúde de qualidade e resolutivos, caracterizados como a porta de entrada preferencial do sistema de saúde, com território adscrito de forma a permitir o planejamento e a programação descentralizada, e em consonância com o princípio da equidade;

II efetivar a integralidade em seus vários aspectos, a saber: integração de ações programáticas e demanda espontânea; articulação das ações de promoção à saúde, prevenção de agravos, vigilância à saúde, tratamento e reabilitação, trabalho de forma interdisciplinar e em equipe, e coordenação do cuidado na rede de serviços;

III - desenvolver relações de vínculo e responsabilização entre as equipes e a população adscrita garantindo a continuidade das ações de saúde e a longitudinalidade do cuidado; IV - valorizar os profissionais de saúde por meio do estímulo e do acompanhamento constante de sua formação e capacitação;

V - realizar avaliação e acompanhamento sistemático dos resultados alcançados, como parte do processo de planejamento e programação; e

VI - estimular a participação popular e o controle social (BRASIL, 2012c, p. 20-23). Continuando com a orientação legal para a implantação e a operacionalização da ABS no Brasil, a PNAB estabelece as responsabilidades de cada esfera do governo, a infraestrutura e os recursos necessários, o guia de cadastramento das unidades básicas de saúde, as características do processo de trabalho, as atribuições dos membros das equipes de atenção básica e a condução do processo de educação permanente (BAIS, 2012).

Desse modo, todas as ações desenvolvidas na ABS são regulamentadas pela PNAB que aborda inclusive as especificidades da Estratégia de Saúde da Família e o financiamento da atenção básica. Em 2007, foi acrescida à PNAB a Portaria n°. 1625/GM, de 10 de julho de 2007, alterando parcialmente as atribuições do enfermeiro na AB, com a finalidade de ampliar a compreensão do texto que havia sido objeto de questionamento judicial pelo Conselho Federal de Medicina (BAIS, 2012).

A Portaria da PNAB, referente a atribuições profissionais, estabelece atribuições globais e específicas. As atribuições globais são compartilhadas entre todos os integrantes das equipes de saúde, a saber:

I - participar do processo de territorialização e mapeamento da área de atuação da equipe, identificando grupos, famílias e indivíduos expostos a riscos, inclusive aqueles relativos ao trabalho, e da atualização contínua dessas informações, priorizando as situações a serem acompanhadas no planejamento local;

II - realizar o cuidado em saúde da população adscrita, prioritariamente no âmbito da unidade de saúde, no domicílio e nos demais espaços comunitários (escolas, associações, entre outros), quando necessário;

III - realizar ações de atenção integral conforme a necessidade de saúde da população local, bem como as previstas nas prioridades e protocolos da gestão local;

IV - garantir a integralidade da atenção por meio da realização de ações de promoção da saúde, prevenção de agravos e curativas; e da garantia de atendimento da demanda espontânea, da realização das ações programáticas e de vigilância à saúde;

V - realizar busca ativa e notificação de doenças e agravos de notificação compulsória e de outros agravos e situações de importância local;

VI - realizar a escuta qualificada das necessidades dos usuários em todas as ações, proporcionando atendimento humanizado e viabilizando o estabelecimento do vínculo; VII - responsabilizar-se pela população adscrita, mantendo a coordenação do cuidado mesmo quando esta necessita de atenção em outros serviços do sistema de saúde; VIII - participar das atividades de planejamento e avaliação das ações da equipe, a partir da utilização dos dados disponíveis;

IX - promover a mobilização e a participação da comunidade, buscando efetivar o controle social;

X - identificar parceiros e recursos na comunidade que possam potencializar ações intersetoriais com a equipe, sob coordenação da SMS;

XI - garantir a qualidade do registro das atividades nos sistemas nacionais de informação na Atenção Básica;

XII - participar das atividades de educação permanente; e

XIII - realizar outras ações e atividades a serem definidas de acordo com as prioridades locais (BRASIL, 2012c, p.43-45).

As atribuições específicas são privativas de cada categoria profissional, cabendo ao gestor municipal ou do Distrito Federal ampliá-las, de acordo com as especificidades locais.

A ESF delimita um campo de atuação importante para o enfermeiro, em especial pelas competências gerenciais, assistenciais e educativas assumidas por esses profissionais.

Para o enfermeiro do PACS3 além das atribuições de atenção à saúde e de gestão comuns a qualquer enfermeiro da atenção básica cabe:

I - planejar, gerenciar, coordenar e avaliar as ações desenvolvidas pelos ACS;

II - supervisionar, coordenar e realizar atividades de qualificação e educação permanente dos ACS, com vistas ao desempenho de suas funções;

III - facilitar a relação entre os profissionais da Unidade Básica de Saúde e ACS, contribuindo para a organização da demanda referenciada;

IV - realizar consultas e procedimentos de enfermagem na Unidade Básica de Saúde e, quando necessário, no domicílio e na comunidade;

V - solicitar exames complementares e prescrever medicações, conforme protocolos ou outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor municipal ou do Distrito Federal, observadas as disposições legais da profissão;

VI - organizar e coordenar grupos específicos de indivíduos e famílias em situação de risco da área de atuação dos ACS; e

4 Compreende a equipe cadastrada no Ministério da Saúde, formada pelo enfermeiro, agentes comunitários de saúde, técnico de enfermagem, sem o profissional médico.

VII - participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento da UBS.

Ao enfermeiro da ABS compete:

I - realizar assistência integral (promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e manutenção da saúde) aos indivíduos e famílias na USF e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, associações etc.), em todas as fases do desenvolvimento humano: infância, adolescência, idade adulta e terceira idade;

II - conforme protocolos ou outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor municipal ou do Distrito Federal, observadas as disposições legais da profissão, realizar consulta de enfermagem, solicitar exames complementares e prescrever medicações; III - planejar, gerenciar, coordenar e avaliar as ações desenvolvidas pelos ACS;

IV - supervisionar, coordenar e realizar atividades de educação permanente dos ACS e da equipe de enfermagem;

V - contribuir e participar das atividades de Educação Permanente do Auxiliar de Enfermagem, ACD e THD; e

VI - participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento da USF (BRASIL, 2012c, p. 46-47)

A Portaria nº 1625/ 2007 alterou as atribuições do enfermeiro da seguinte forma:

Do Enfermeiro:

I - realizar assistência integral às pessoas e famílias na USF e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários.

II - realizar consultas de enfermagem, solicitar exames complementares e prescrever medicações, observadas as disposições legais da profissão e conforme os protocolos ou outras normativas técnicas estabelecidas pelo Ministério da Saúde, os gestores estaduais, os municipais ou os do Distrito Federal.

Os enfermeiros da atenção básica têm participado do processo de sua formação e do desenvolvimento do SUS de forma cada vez mais reflexiva e autônoma. Assumem uma postura mais politizada na luta para alcançarem níveis mais aceitáveis de condições de trabalho saudáveis e melhores condições de saúde para as pessoas.

Atento as atribuições que pertencem ao enfermeiro e sabendo da importância do estágio supervisionado para o desenvolvimento destas, inicia-se a seguir uma discussão sobre este processo de ensino-aprendizagem na formação profissional.