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4.2 Campo do estudo

4.2.1 Internato na atenção básica da Universidade Estadual Vale do Acaraú-UVA

Inicialmente passou a existir como Faculdade de Obstetrícia de Sobral, passando em junho de 1971 a ser Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia de Sobral. Em 1975 foi autorizado a funcionar pelo Decreto nº 75.269 como Curso de Enfermagem, com habilitação em Obstetrícia UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ, 2013).

O Curso de Enfermagem até 1984 possuía um plano curricular organizado e distribuído em nove semestres, sendo sete destinados à graduação e dois à habilitação em Obstetrícia. Em 1991, passou por reformulações para se adequar ao cenário regional, sendo incluídas novas disciplinas, passando a se configurar com dez semestres, em que oito eram destinados à

graduação e os dois últimos para habilitação em Obstetrícia, seguindo proposta de unificação dos cursos de Enfermagem de todo território nacional (CHAGAS et al., 2008).

Nos anos que se sucederam foram acompanhados de muitas discussões e mudanças para elaboração de uma nova proposta de reforma curricular, para atender uma determinação do Ministério da Educação e do Desporto, que determinava por meio da Portaria Nº 1.721/94 a implantação de um currículo mínimo para os Cursos de Graduação em Enfermagem, no prazo de uma ano a partir de sua publicação (CHAGAS et al., 2008).

Em 1996, o novo currículo de Enfermagem implantado baseava seus conteúdos programáticos no quadro sanitário e perfil epidemiológico local; nas integrações interdisciplinares e no trabalho em equipe multidisciplinar, visando inserir os alunos nos diversos níveis de atenção à saúde o mais cedo possível, excluindo as habilitações em enfermagem como forma de promover a integralidade da formação frente aos processos de especializações (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ, 2013).

O currículo anteriormente vigente fazia a segregação entre teoria e prática. A parte prática correspondia geralmente a metade do tempo previsto para à duração da disciplina, não havendo tempo suficiente para estabelecer maior interação entre professores, alunos e profissionais do serviço (CHAGAS et al., 2008).

Em 2009, após todo movimento de mudanças o currículo passa a ser integrado que articula de forma dinâmica o ciclo básico e clínico, o ensino, serviço e comunidade, teoria e prática, por meio da integração dos conteúdos, a grade curricular deixa de estar por disciplinas e passa a ser por módulos articulando ensino, pesquisa, extensão e assistência. O Projeto Pedagógico do curso de Enfermagem da UVA foi construído com base nos princípios norteadores das DCN para os cursos de graduação em enfermagem, LDB 9394/96 e SUS (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ, 2013).

Neste sentido, define-se por módulos as unidades didáticas formadas por disciplinas, que trabalham de forma articulada. A estrutura modular possibilita uma concentração maior dos estudantes sobre um determinado assunto e permite a divisão da turma em grupos menores, o que melhora a relação professor-aluno e, consequentemente, se reflete de maneira positiva no processo ensino-aprendizagem. As avaliações ficam também melhor distribuídas, evitando-se o estresse indesejável a que os estudantes estão hoje submetidos pela proximidade de provas de até 7 disciplinas, que se desenvolvem de modo paralelo e dissociado. O currículo é organizado a

partir de dois tipos de módulos: sequenciais e longitudinais (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ, 2013).

Segundo o Manual do Internato I-Saúde da Família da UVA (2013), o curso de enfermagem tem duração de 05 (cinco) anos. Em seu currículo garante o internato, como requisito obrigatório, no 8º semestre do Curso de Graduação em Enfermagem nos Centros de Saúde da Família da sede de Sobral, nos turnos manhã e tarde (07h às11h00min e das 13h às 17h). Tem em sua carga horária, um encontro semanal, noturnos, com um docente do internato para avaliação do internato.

O Internato de Enfermagem da UVA teve início no segundo semestre do ano de 2007, valorizando a criação de uma metodologia de ensino onde o estudante seja inserido na equipe, com total autonomia para realizar os cuidados necessários, sob a supervisão de um profissional enfermeiro (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ, 2013).

Durante o desenvolvimento deste estudo, os Centros de Saúde da Família que se constituíam cenários de ensino-aprendizagem para os internos de enfermagem da UVA foram: Pedrinhas, Alto da Brasília, Expectativa, Sumaré, Padre Palhano, Coelce e Alto do Cristo. Obtivemos um total de 31 (trinta e um) internos durante o primeiro semestre desse ano, não existindo a figura do preceptor da IES. E a cada semestre há em média 31 (trinta e um) enfermeiros preceptores do serviço acompanhando os estudantes da UVA, com carga horária de 40 horas semanais.

Dentre os seus objetivos destacamos alguns como: proporcionar ao discente capacitação para a coordenação da equipe de saúde da família; desenvolver habilidades clínicas que qualifiquem a assistência em enfermagem; participar e facilitar capacitações na equipe de saúde da família; realizar discussões periódicas de casos clínicos; realizar consultas frequentes aos manuais do Ministério da Saúde, do estado do Ceará, manuais técnicos e manual de assistência em enfermagem na saúde da família. De forma que ao final, o interno tenha vivenciado à atenção à saúde (280 h), participação social/intersetorialidade (140 h) e gestão/gerência em saúde (140h), perfazendo um total de 560 horas de estágio na atenção básica (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ, 2013).

A equipe de apoio ao internato compreende enfermeiros, gerentes e tutores, que têm como objetivo facilitar o processo de inserção e formação do interno. O enfermeiro da assistência tem como compromisso, dar ênfase no seu fazer nos ciclos de atenção à saúde; o

gerente, dar apoio nas atividades de gestão e gerência; e por fim os tutores, que devem apoiar em atividades referentes ao controle social e intersetorialidade (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ, 2013).

A supervisão do internato nos CSF é semanalmente, por três professores do módulo do internato I, que devem apoiar, assessorar, supervisionar e acompanhar o desenvolvimento do interno. A distribuição de alunos por docente é feita considerando o número de internos por locais de estágio, ficando cada professor com 10 alunos em média (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ, 2013).

O manual define algumas diretrizes para os alunos durante o internato, como portar alguns materiais essenciais para o desenvolvimento do estágio, o uso de crachás, o traje adequado, manter postura ética e de cordialidade para com a equipe de Saúde da Família e comunidade, assim como a que considero mais relevante para o processo de ensino- aprendizagem, do preceptor (enfermeiro/gerente/apoiador institucional) de campo ter que conduzir o aluno durante o internato, relatando constantemente suas habilidades adquiridas e direcionando-o para a aquisição de habilidades práticas e teóricas (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ, 2013).

A avaliação do internato se dá por meio de dois instrumentos: o portfólio, que compila os trabalhos realizados pelos alunos, de forma sistemática e reflexiva de modo que possam avaliar seu desempenho e estímulo a escrever textos. Na avaliação pela equipe de saúde, os alunos desenvolvem um trabalho de campo, produto de uma necessidade da equipe de saúde, que visa contribuir para a qualificação do serviço/ensino da atenção básica local, sendo apresentado num momento coletivo da equipe de saúde. Existe o instrumento do preceptor de estágio para avaliar o aluno nos ciclos de atenção à saúde, gestão/gerência e participação social/intersetorialidade (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ, 2013).

Destaca-se aqui uma das experiências durante uma turma de internato de enfermagem na AB, em que deixaram ao final de sua vivência, uma tecnologia leve, constituída por um banner contendo o nome dos profissionais de cada equipe, o horário de atendimento do CSF e a classificação de risco para o atendimento. Material importantíssimo, já que a comunidade nem sempre conhece os nomes dos profissionais de sua equipe e também para uma melhor compreensão dos usuários e dos profissionais quanto aos critérios de prioridade no atendimento. Embora se reconheça uma relativa rotatividade de profissionais nas equipes, situação que exigirá a atualização do banner, quando assim for necessário.