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PLANOS MUNICIPAIS DE SANEAMENTO

1. COMENTÁRIOS INICIAIS

1.2.3 Atribuições do Titular

3650

De acordo com o art. 9º da Lei nº 11.445/2007, o titular dos serviços – Município -, no

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exercício da titularidade, formulará a respectiva política pública municipal de

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saneamento básico. Essas atribuições referem-se ao planejamento dos serviços, sua

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regulação, a prestação propriamente dita e a fiscalização. Cada uma dessas atividades é

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distinta das outras, com características próprias. Mas todas se inter-relacionam e são

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obrigatórias para o município, já que a Lei nº 11.445/2007 determina expressamente as

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ações correlatas ao exercício da titularidade, conforme segue24:

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I - Elaborar os planos de saneamento básico, nos termos da Lei;

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II - Prestar diretamente ou autorizar a delegação dos serviços e definir o ente

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responsável pela sua regulação e fiscalização, bem como os procedimentos

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de sua atuação;

3661

III - Adotar parâmetros para a garantia do atendimento essencial à saúde pública,

3662

inclusive quanto ao volume mínimo per capita de água para abastecimento

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público, observadas as normas nacionais relativas à potabilidade da água;

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IV - Fixar os direitos e os deveres dos usuários;

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V - Estabelecer mecanismos de controle social, nos termos do inciso IV do caput

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do art. 3º da Lei nº 11.445/2007;

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VI - Estabelecer sistema de informações sobre os serviços, articulado com o

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Sistema Nacional de Informações em Saneamento;

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VII - Intervir e retomar a operação dos serviços delegados, por indicação da

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entidade reguladora, nos casos e condições previstos em lei e nos

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documentos contratuais.

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Cabe ressaltar que o Município, sendo o titular dos serviços, pode e deve exercer todas

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as atividades relativas a essa titularidade – organização (planejamento), regulação,

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fiscalização e prestação dos serviços - ou delegá-las a terceiros, por meio de

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instrumentos jurídicos próprios, de acordo com o que a lei determina. Exceto no que se

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refere ao planejamento, que é indelegável.

3677

1.3

P

RESTAÇÃO DOS

S

ERVIÇOS

:M

ODELOS

I

NSTITUCIONAIS

3678

No quadro jurídico-institucional vigente, os serviços de saneamento são prestados

3679

segundo os modelos a seguir descritos. Em geral, a prestação de tais serviços é feita por

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pessoas distintas, muitas vezes em arranjos institucionais diferentes, dentro das

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possibilidades oferecidas pela legislação em vigor. Dessa forma, para tornar mais claro o

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texto, optou-se por tratar dos modelos institucionais e, em cada um, abordar cada tipo de

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serviço, quando aplicável.

3684

O titular – Município - pode prestar diretamente os serviços de saneamento ou autorizar a

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delegação dos mesmos, definindo o ente responsável pela sua regulação e fiscalização,

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bem como os procedimentos de sua atuação25. Releva notar que a delegação de serviço

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de saneamento básico não dispensa o cumprimento pelo prestador do respectivo plano

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de saneamento básico em vigor à época da delegação26. Desse modo, havendo qualquer

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ato ou contrato de delegação, cabe ao prestador cumprir o plano de saneamento em vigor

3690

na época da edição desse ato ou mesmo contrato.

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O exercício da titularidade consiste em uma obrigação. Por mais óbvias que sejam as

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atividades necessárias para que se garanta o atendimento da população, essas

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atividades devem estar descritas em uma norma ou em um contrato. Sem a fixação das

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atividades a serem realizadas, não há como exigir do prestador o seu cumprimento de

3695

modo objetivo.

3696

3697

Essa é uma crítica que se faz aos casos em que os serviços são prestados diretamente

3698

pela municipalidade, por intermédio dos Departamentos de Água e Esgoto e das

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autarquias municipais, especialmente criadas por lei para a prestação desses serviços, e

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que serão objeto de análise neste texto.

3701

A questão que se coloca é que o titular dos serviços - Município - não estabeleceu as

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regras a serem cumpridas, nem mesmo nas leis de criação dos SAAE. Além disso,

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tratando-se de órgãos e entidades da administração municipal, existe uma coincidência

3704

entre o responsável pela prestação dos serviços e o responsável pelo controle e

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fiscalização. Cabe ponderar que raramente se encontra uma regulação municipal

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estabelecida para os serviços nessas categorias.

3707

Na legislação aplicável à criação e implantação desse modelo – DAE e SAAE -, não se

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cogitava estabelecer a regulação nem fixar normas para a equação econômico-financeira

3709

dos serviços baseada na cobrança de tarifa e preços públicos, e muito menos, a

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universalização do acesso era tratada como uma meta a ser atingida obrigatoriamente.

3711

O que a Lei nº 11.445/2007 estabeleceu de inovador, nesse campo, consiste na fixação

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de competência da entidade reguladora e fiscalizadora dos serviços para a verificação do

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cumprimento dos planos de saneamento por parte dos prestadores de serviços, na

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forma das disposições legais, regulamentares e contratuais. 27 Como a lei não distingue

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nenhum prestador nesse dispositivo, compreende-se que todos os prestadores,

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independentemente do modelo institucional adotado, encontram-se sob a fiscalização da

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entidade reguladora, no que se refere ao cumprimento do PMSB.

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Nessa linha, cabe salientar que, nos termos do Decreto nº 2.217/2010, o disposto no

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plano de saneamento básico é vinculante para o Poder Público que o elaborou e para os

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delegatários dos serviços públicos de saneamento básico. 28 Nos casos em que não há

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contrato celebrado, o titular dos serviços é o responsável pela implementação do PMSB.

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A prestação regionalizada de serviços públicos de saneamento básico poderá ser

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realizada por órgão, autarquia, fundação de direito público, consórcio público, empresa

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pública ou sociedade de economia mista estadual, do Distrito Federal, ou municipal, na

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forma da legislação ou empresa a que se tenham concedido os serviços29. Os

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prestadores que atuem em mais de um Município ou que prestem serviços públicos de

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saneamento básico diferentes em um mesmo Município manterão sistema contábil que

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permita registrar e demonstrar, separadamente, os custos e as receitas de cada serviço

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em cada um dos Municípios atendidos e, se for o caso, no Distrito Federal30.

3730

3731

27

Lei nº 11.445/2007, art. 20, parágrafo único.

28

Decreto nº 2.217/2010, art. 25, § 5º.

29

Lei nº 11.445/2007, art. 16.