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4.2 Caracterização do perfil dos gestores turísticos

4.2.4 Atribuições dos gestores turísticos na unidade de conservação

As atribuições dos gestores junto ao Parque Mata Atlântica norteiam as ações com base nos objetivos e propósitos da unidade de conservação: a) contribuir com a preservação, conservação e recuperação da Mata Atlântica; b) produzir informações, promover conhecimento, estimular o debate sobre a realidade socioambiental e subsidiar o poder público e a sociedade na implantação de um programa de educação ambiental, na definição de políticas públicas e na busca e implementação de alternativas de geração de renda, visando o desenvolvimento ecologicamente sustentável; c) consolidar um Centro de Referência no Município de Atalanta – SC em educação ambiental, coleta seletiva e reciclagem de lixo em pequenos municípios, recuperação de áreas degradadas, manejo de enriquecimento de florestas secundárias, agricultura orgânica e turismo ecológico (SCHAFFER; PROCHNOW, 1999).

Ao se relacionar o grau de experiência dos gestores da unidade de conservação Parque Mata Atlântica com a atividade de ecoturismo, percebe-se claramente o cumprimento de três objetivos básicos da Política Nacional de Ecoturismo de 1994: a compatibilização das

atividades de ecoturismo com a conservação de áreas naturais, a promoção da capacitação de recursos humanos para o ecoturismo e a promoção do ecoturismo como veículo de educação ambiental.

Os resultados para essa questão foram delimitados com a escolha de alternativas para primeira, segunda e terceira opção, e podem ser visualizados no gráfico 1 a seguir.

Atribuições dos gestores turísticos no parque

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 1 2 3 Opções

Acompanhamento de gupos e visitantes ao interior e demais atrativos do parque Atendimento aos eventos do parque

Recepção e atendimento em geral

Realização de palestras de educação ambiental ao público visitante GRÁFICO 1 - Atribuições dos gestores turísticos no parque

Obteve-se como resultado um empate para a primeira opção entre “o acompanhamento de grupos e visitantes ao interior e demais atrativos do parque” e “atendimento aos eventos do parque” com 40% ou freqüência, de 2 gestores para cada uma. Isso demonstra as diferentes funções exercidas pelos gestores no cotidiano de trabalho no parque.

As duas alternativas assinaladas como primeira opção revelam o desenvolvimento do ecoturismo por meio das atividades e monitoramento com os visitantes do parque e a realização de eventos ligados a área ambiental, indo ao encontro das sugestões da Classificação Brasileira de Cargos e Ocupações para o ramo turístico, e aos objetivos da unidade de conservação. O Parque Natural Municipal Mata Atlântica possui atrativos naturais como cachoeiras, trilhas, espécies nobres da mata atlântica e atrativos culturais, como o museu e a arquitetura da antiga fecularia. Beni (2006) indica que o ecoturismo deve ser praticado em áreas naturais protegidas e suas atividades desenvolvidas por meio de ações controladas dos recursos naturais e culturais. Os eventos que ocorrem regularmente no parque promovem a discussão de temas relacionados ao meio ambiente, envolvendo profissionais da

área, e podendo ser de amplitude local, regional e até mesmo nacional. A última alternativa assinalada revela a recepção e o atendimento em geral no parque que, conforme observação “in loco”, está atrelada como primeira opção somente a um gestor turístico, da área do turismo. Essa atribuição assinala o primeiro contato dos visitantes com a unidade de conservação, onde as primeiras informações são colocadas neste momento.

A alternativa como segunda opção em maior percentual (80%) evidencia a “realização de palestras de educação ambiental ao público visitante”, o que demonstra maior preocupação e atribuição do gestor turístico na disseminação da informação aos visitantes, servindo de base para os esforços de educação ambiental para o público visitante do parque. Pires (2002) reflete que uma das principais funções do ecoturismo é servir como um instrumento eficaz para a consciência ecológica da população, através do conhecimento e percepções em momentos de contato com o meio ambiente.

Observa-se que a alternativa que mais se destaca em relação às demais é evidenciada na segunda opção, onde quatro gestores assinalam a realização de palestras de educação ambiental ao público visitante e 01 gestor assinala a recepção e atendimento em geral. Isso demonstra que após as atividades básicas de recepção, de acompanhamento e monitoramento de grupos e visitantes no parque, faz-se necessário como complemento a estas atividades a realização de palestras de educação ambiental a diferentes tipos de público. A educação ambiental trabalhada em unidades de conservação consiste numa ferramenta essencial para auxiliar os gestores nos propósitos de conservação ambiental. A chamada educação ambiental surgiu em conseqüência ao modelo econômico atual desenfreado praticado em todo o mundo, provocando discussões sobre a utilização dos recursos naturais e da relação do homem com seu meio desde os anos de 1960. Dias (2003), reforça que os princípios que norteiam a prática da educação ambiental foram desenvolvidos ao longo do mesmo período histórico em que se desenvolveu o processo de conscientização do homem a respeito dos problemas ambientais.

A questão da educação ambiental dos indivíduos (conforme faixa-etária) em áreas naturais protegidas deve ser entendida num sentido mais amplo dentro da organização do homem em sociedade, devendo ser sempre informativa e educacional, contribuindo para que o visitante tenha a possibilidade de transformar e renovar seu comportamento e condutas cotidianas em relação ao meio ambiente. Nesse sentido, Lindberg e Hawkins (1995) colocam que o compromisso com a proteção da natureza deve ser assumido também pelos visitantes.

Na terceira opção evidencia-se um equilíbrio entre três alternativas: 03 gestores assinalaram atendimento aos eventos do parque, 01 para acompanhamento de grupos e visitantes ao interior e demais atrativos do parque e 01 para recepção e atendimento em geral.

É possível constatar também através das opções assinaladas, que os gestores da área do turismo identificaram-se mais com as alternativas que priorizam o desenvolvimento do ecoturismo na unidade de conservação, bem como da recepção e primeiro contato com os visitantes no local. Por outro lado, os gestores da área de meio ambiente priorizam em primeira opção o atendimento aos eventos do parque, assim como atividades mais técnicas e específicas que envolvem normalmente a temática ambiental.

Observou-se que as atribuições apontadas pelos gestores para a realidade do parque vêm ao encontro do esquema proposto por Costa (2002) em relação aos serviços e infra- estrutura da unidade de conservação voltando-se ao desenvolvimento do turismo (ecoturismo), educação ambiental e pesquisas, e estudos científicos.

Os gestores do parque não identificaram outras atribuições para seu cotidiano de trabalho na unidade de conservação.