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1.6. Atributos relevantes no Basquetebol

1.6.1. Atributos Morfológicos

No basquetebol, as caraterísticas físicas dos jogadores, nomeadamente certos atributos antropométricos (altura e envergadura) e de composição corporal, desempenham uma relevância significativa no desempenho desportivo em atletas (i) adultos masculinos (Ostojic et al., 2006), (ii) adultos femininos (Garcia-Gil et al., 2018), (iii) jovens masculinos (Torres- Unda et al, 2013, 2016), e (iv) jovens atletas femininos (Erčulj et al., 2010).

No basquetebol profissional, a altura parece ser uma variável determinante no rendimento desportivo dos atletas adultos masculinos (Ostojic et al., 2006; Sedeaud et al., 2014) e femininos (Garcia-Gil et al., 2018). Garcia-Gil e coautores (2018) observaram correlações positivas significativas entre a altura e a massa corporal e o rendimento individual das jogadoras profissionais espanholas (i.e., pontos/jogo; ressaltos/jogo; e PIR/jogo), enquanto Sedeaud e colegas (2014) verificaram, em basquetebolistas profissionais masculinos norte-americanos, que a altura tem uma influência nos minutos de jogados em cada uma das posições específicas de jogo (Sedeaud et al., 2014).

Em complemento, num estudo prévio com basquetebolistas profissionais sérvios, observou-se uma tendência para o aumento da média da altura dos jogadores em todas as posições de jogo (Ostojic et al., 2006). Esta tendência foi também observada em basquetebolistas profissionais norte-americanos que competiam na National Basketball Association (NBA) entre 1987 e 2011, tendo-se verificado uma média da altura de 2.01 ± 6.3 cm (média ± desvio padrão) nos melhores marcadores de pontos do campeonato (Sedeaud et al., 2014).

Em consonância com esta tendência, a altura apresenta-se como uma variável importante no rendimento desportivo de jovens atletas masculinos (Torres-Unda et al., 2016) e femininos (Erčulj et al., 2010). Torres-Unda e colegas (2016) referem a altura como o mais forte preditor de rendimento (entre as variáveis antropométricas) em jovens basquetebolistas masculinos de elite na categoria de sub-14. No basquetebol feminino foram encontradas diferenças significativas na altura entre jovens jogadoras (entre os 13 e 15 anos) de acordo com o nível competitivo (divisão A, B ou C) das respetivas seleções nacionais (Erčulj et al.,

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2010). Na mesma linha de resultados, num estudo com atletas masculinos polacos com idades compreendidas entre os 12.5 e 13.5 anos de idade, observou-se que a altura e a massa corporal foram as variáveis somáticas com maior impacto no nível competitivo atingido pelos jovens atletas de basquetebol (Karpowicz, 2006). De facto, a massa corporal, juntamente com a massa livre de gordura (MLG), são atributos decisivos nas situações de ressalto e de luta por posições perto da área restritiva. No caso específico do ressalto, os atletas antes de saltarem para ganharem a posse de bola devem muitas vezes lutar por posições através de contactos físicos fortes com os seus adversários. É expectável que atletas mais pesados com maior MLG (e consequentemente maior força muscular) tenham maior capacidade de lutar por posições e de saltarem mais alto para ganharem o ressalto.

Estudos prévios destacam ainda a envergadura como um atributo antropométrico importante para o rendimento dos jogadores de ambos os sexos (Ackland, Schreiner, & Kerr, 1997; Garcia-Gil et al., 2018; Torres-Unda et al., 2016). Ackland e colegas (1997) observaram que as jogadoras das equipas melhores classificadas tinham maior envergadura (e eram mais altas) que as jogadoras das equipas piores classificadas no campeonato do mundo feminino de basquetebol de 1994. Num estudo recente com basquetebolistas femininas profissionais, observaram-se correlações positivas significativas entre a envergadura e o rendimento das jogadoras, mais concretamente nos pontos por minuto, ressaltos por minuto e PIR por minuto (Garcia-Gil et al., 2018). Estes autores sugerem que maior envergadura pode favorecer as ações técnico-táticas das jogadoras ao permitir uma maior velocidade e potência no lançamento (devido a vantagens biomecânicas), e também em ações de jogo em que as jogadoras têm de lutar pelo ganho da posse de bola, particularmente, nos roubos e interceções da bola e nos ressaltos (Garcia-Gil et al., 2018). Em consonância com estes resultados, num estudo com jovens atletas de elite espanhóis (categoria de sub-14), também observaram correlações positivas significativas entre a envergadura e o rendimento dos jogadores (avaliado pelo PIR por minuto) (Torres-Unda et al., 2016).

Na categoria de sub-16 do campeonato nacional Australiano (248 atletas; masculinos n = 125; femininos, n = 123) observou-se (i) uma associação positiva entre o desempenho desportivo e as caraterísticas antropométricas dos basquetebolistas de ambos os sexos, e (ii) diferenças significativas nos perfis antropométricos dos atletas consoante a posição específica ocupada em campo (Hoare, 2000). De facto, diversos estudos sugerem diferenças significativas nos perfis morfológicos e funcionais dos atletas de acordo com as suas posições especificas em ambos os sexos (Ben-Abdelkrim et al., 2010b; Deletraxt & Cohen,

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2009; Hoare, 2000; Ostojic et al., 2006). Relativamente aos perfis antropométricos dos jogadores nas diferentes posições específicas, estudos prévios com atletas seniores masculinos referem que os jogadores interiores (i.e., postes e extremos-postes) são significativamente mais altos e mais pesados que os jogadores exteriores (i.e., bases e extremos, embora os jogadores extremos são significativamente mais altos e pesados que os bases) (Ben-Abdelkrim et al., 2010b; Ostojic et al., 2006; Sallet, Perrier, Ferret, Vitelli, & Bavarel, 2005). No basquetebol jovem, num estudo com atletas de elite sub-16 masculinos, observou-se que os bases (base e base-lançador) eram significativamente mais baixos e leves que os extremos, extremos-poste e postes, enquanto que os extremos eram significativamente mais baixos e mais leves (em média) que os postes (Hoare, 2000). No entanto, num estudo com jovens basquetebolistas holandeses de elite do sexo masculino (14.66 ± 1.09 anos de idade), apesar de observarem diferenças significativas na altura e massa corporal entre os bases e os restantes jogadores (i.e., extremos e postes), não se encontraram diferenças significativas entre os extremos e os postes nessas variáveis (Te Wierike, Elferink-Gemser, Tromp, Vaeyens, & Visscher, 2014). No sexo feminino, na categoria de sub-16, Hoare (2000) observou que as jogadoras interiores eram significativamente (i) mais altas que as restantes jogadoras (i.e., bases e extremos) e (ii) mais pesadas que as jogadoras das posições de base e base-lançador.

Relativamente à influência da composição corporal no rendimento dos jogadores, os diversos estudos não observaram diferenças significativas na %MG em basquetebolistas de níveis competitivos distintos (Deletraxt & Cohen, 2008; Torres-Unda et al., 2013). Por outro lado, a maioria dos estudos em ambos os sexos referem existirem diferenças na %MG entre jogadores de diferentes posições, com os postes a apresentarem maior %MG relativamente aos bases (Ben-Abdelkrim et al., 2010b; Deletraxt & Cohen, 2009; Latin, Berg, & Baechle, 1994; Ostojic et al., 2006; Sallet et al., 2005). Importa referir que os postes apesar de terem maior %MG, têm também maior MLG visto serem mais altos e pesados que os bases (Ziv & Lidor, 2009). Esta tendência verificada em atletas adultos também foi observada nas categorias jovens, com os jogadores postes a possuírem mais %MG que os bases (11.78% vs. 8.75%) (Te Wierike et al., 2014). Num estudo com jovens basquetebolistas sub-16 verificou-se que, no sexo masculino, os bases-lançadores tinham menor somatório de pregas adiposas que os extremo-postes e os postes, enquanto no sexo feminino, os bases também tinham menor somatório de pregas adiposas que os extremo-postes (Hoare, 2000). Relativamente à comparação entre sexos, Ziv e Lidor (2009) sugerem que as

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basquetebolistas do sexo feminino apresentam valores superiores de %MG comparativamente com os basquetebolistas do sexo masculino.

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