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Desde o início da implementação das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTICs) para mediar atividades de ensino e aprendizagem, muitas pesquisas foram desenvolvidas para produzir ambientes virtuais de ensino que contemplem ferramentas de comunicação eficientes para o ensino. Do ponto de vista educacional, muitos pesquisadores propuseram mudanças no papel do professor para atuar nesta nova modalidade de ensino (Brochet, 1985; Kerr, 1986; Feenberg, 1986; Davie, 1989; McCreary, 1990; Mason, 1991; Berge, 1995; Belloni, 1999; Valente, 1999; Copolla et al., 2001). É consenso de todos pesquisadores que o tutor/instrutor deve recontextualizar o seu papel como professor e ser capaz de criar situações variadas visando estimular a interação entre os alunos, encarando esta interação como uma fonte mais valiosa de informação e aprendizado quando comparado a aulas expositivas apresentadas pelo professor. Com base nessas mudanças consideradas fundamentais, é importante saber se o professor realmente modifica seus hábitos de ensino para ajustar-se aos novos meios de comunicação utilizados e como estas modificações são expressas (Coppola et al., 2001).

Pesquisadores em EAD propuseram classificações dos papéis dos tutores em atividades de ensino que utilizam a comunicação pelo computador, mediado pela Internet. A classificação proposta por Garrison e colaboradores (2000) consiste de três características – projeto e administração, discurso facilitado e instrução direta (Tabela 1.1).

Berge (1995) classifica quatro funções principais para o tutor virtual. Aos três itens mencionados anteriormente, ele adiciona o “suporte técnico”, que Garrison e colaboradores acreditam ser uma função muito onerosa aos tutores online. Na realidade, o que se observa atualmente é o desenvolvimento crescente de ambientes virtuais de ensino cada vez mais simples e fáceis de serem usados. Além disso, à medida que os usuários se tornam mais experientes no uso das ferramentas, o aprendizado online torna-se mais intuitivo. Também deve-se considerar que o suporte técnico pode ser fornecido de variadas maneiras (listas de discussões técnicas, FAQs – frequently asked questions, centros de suporte ao usuário, etc) que não necessariamente envolvem o professor. Paulsen (1995) e Mason (1991) também dividem o papel do tutor online em três responsabilidades principais – organizacional, social e intelectual.

Tabela 1.1. Papéis e Responsabilidades do Tutor Virtual. Papel Responsabilidades Projeto Instrucional e Organizacional Definição do currículo

Determinação dos métodos a serem usados Estabelecimento dos parâmetros de tempo Uso efetivo e eficiente do meio de comunicação Comentários sobre os conteúdos do curso Discurso

facilitado Identificação das áreas de concordância/discordância Procura por alcance de consenso/entendimento

Encorajamento, crédito e reforço às contribuições feitas pelos alunos Estabelecimento de clima favorável para o aprendizado

Promoção de discussão entre participantes para aproximá-los Avaliação da eficiência do processo

Instrução

direta Apresentar do conteúdo Focar a discussão em assuntos específicos Resumir a discussão

Confirmar o entendimento através de avaliações e feedbacks explicativos Diagnosticar mal entendidos

Fornecer diversas fontes de conhecimento

Listas de dicas e sugestões de procedimentos para professores online e moderadores de conferências são fornecidas por muitos autores, tais como Salmon (2000) e na Home Page: Berge and Collins’ Moderators.

Como se pode perceber, o professor tem a missão de suprir as desvantagens ou limitações que a EAD pode trazer. Ele deve promover a escrita colaborativa, já que os alunos podem desenvolver trabalhos em grupo, trocar idéias com os colegas e participar de fóruns de discussão. Também é importante que não haja falhas de comunicação. Se as mensagens não chegam, ou o retorno da resposta é demorado, tais eventos podem desqualificar a qualidade do curso por parte dos alunos. É importante lembrar que a avaliação, tanto do curso quanto das atividades dos alunos, não deve ser deixada em segundo plano. Sua utilização de forma inadequada, além de tirar a motivação e não permitir a auto aprendizagem, pode impossibilitar a identificação de pontos falhos passíveis de ajustes e correções. Com base nessas concepções, verifica-se a necessidade de uma atenção mais individualizada do professor em relação aos seus alunos.

Segundo Fainholo (1995), as principais funções do tutor são:

- motivar, gerar confiança e promover a auto-estima do estudante para enfrentar os requisitos que o estudo-trabalho a distância exige;

- ajudar a superar eventuais dificuldades a fim de que o estudante permaneça e avance, respeitando seu estilo cognitivo e ritmo de aprendizagem;

- promover a comunicação bidirecional, formulando perguntas, desenvolvendo a capacidade de ouvir, dando informação de retorno;

- assessorar na utilização de diferentes fontes bibliográficas e de conteúdo, estratégias de trabalho intelectual e prático (cognitivas e metacognitivas), interação mediatizada com tecnologia etc;

- supervisionar e corrigir trabalhos, informando os estudantes acerca dos seus erros e sucessos.

Coppola e colaboradores (2001), apresentaram um trabalho onde procuraram conhecer dos participantes que fizeram parte do estudo se a inserção desses professores em atividades de ensino a distância, levaram a: (1) mudanças nos padrões de interação com os alunos e com outros professores; (2) mudanças no estilo de atuação; (3) percepção de mudanças na dinâmica do aprendizado; (4) mudanças na estruturação e planejamento dos cursos; (5) percepção das mudanças de controle do curso; (6) mudanças nos papéis dos professores.

Estas são questões realmente interessantes de serem avaliadas, já que o interesse dos professores por esses assuntos é fundamental para que ocorram mudanças significativas no processo de ensino que envolve as NTICs. Alguns dos itens apontados por Coppola e colaboradores serão avaliados neste trabalho.

2. OBJETIVOS

(1) Estruturar o curso a distância Bioquímica da Nutrição, com base nas análises das experiências já realizadas, para oferecê-lo a um público mais amplo e com perfil mais diversificado, não restrito a alunos de graduação.

(2) Verificar os resultados das mudanças feitas no curso do ponto de vista da satisfação dos participantes e verificar se as estratégias utilizadas são adequadas para o Ensino de Bioquímica a distância.

(3) Identificar e determinar características consideradas adequadas para o desenvolvimento de cursos a distância baseados no Aprendizado Colaborativo.

(4) Analisar se houve indícios de construção de conhecimento no modelo de Aprendizado Colaborativo aplicado no curso.