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Nasceu em Lisboa em 24 de Setembro de 1867, filho de Júlio César de Vasconcelos Correia (nasceu em 21 de De- zembro de 1837, engenheiro naval) e de Constança Libânia Auta de Almeida Vasconcelos (nasceu em 1840). Casado com Hermínia Laura de Albuquerque Moreira de Vasconcelos, teve quatro fi- lhos: Maria Teresa Moreira de Vasconcelos que faleceu solteira; Júlio Moreira de Vasconcelos (nasceu em 15 de Julho de 1906, sub-director do Sanatório da Guarda), José Moreira de Vasconcelos (nasceu em 28 de Maio de 1910), casado com Maria Gabriela de Sampaio e Melo, filha do Dr. Sampaio e Melo, presi- dente do Supremo Tribunal de Justiça; Maria Isabel Moreira de Vasconcelos Gaivão (nasceu em 3 de Novembro de 1911), esposa do advogado Pedro de Sar- rea Mascarenhas Gaivão.

Cursou a Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, pela qual se licenciou em Me- dicina no ano de 1891, com a tese «Higiene hospitalar: nosocomialismo e mi- crobismo». Publicou ainda os seguintes estudos: «Estenose do piloro: tratamento cirúrgico», 1898;«Exclusão total do intestino», 1898.

Foi professor universitário exercendo também a carreira clínica. A 3 de No- vembro de 1899, foi nomeado demonstrador da secção cirúrgica, como profes- sor da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa. Em 1 de Outubro de 1903 tornou- -se lente substituto da secção cirúrgica da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa. Em 1906 alcançou a cátedra de Anatomia Descritiva e Topografia na Escola Mé- dico-Cirúrgica de Lisboa, sucedendo a Curry Cabral. Tornou-se especialista de Obstetrícia, sendo um cirurgião muito considerado e activo. Foi director da en- fermaria de São Fernando no Hospital do Desterro, cirurgião-director da clínica cirúrgica do Hospital de S. José e director clínico dos Hospitais Civis em 1910 e 1911. Exerceu o cargo de enfermeiro-mor do Hospital de São José entre No- vembro de 1910 e 10 de Abril de 1911, quando foi nomeado ministro de Por-

tugal em Madrid. Em 3 de Dezembro de 1926 foi-lhe foi concedida licença sem vencimento, abandonando a carreira médica e docente, para se dedicar em ex- clusivo à carreira diplomática. Atingiu a jubilação em 24 de Setembro de 1937. Aquando da sua morte em 1951 exercia as funções de presidente do conselho de administração das companhias reunidas de Gás e Electricidade.

Propagandista da República desde muito jovem, colaborador dos jornais

A Pátria, ao lado de Higino de Sousa e Crispiniano da Fonseca Luís Simões e

n’O País e n’O Mundo.

Filiou-se primeiramente no Partido Republicano Português, a cuja Comissão Municipal de Lisboa presidiu em 1910, passou pelo «Bloco» em 1911 e, depois, pela União Republicana, 1911-1919 (amigo íntimo de Brito Camacho), sendo sub-chefe, antes de assumir um posicionamento próximo ao sidonismo. Veio ainda a militar no Partido Republicano Liberal (1919-1923) e no Partido Repu- blicano Nacionalista (1923-1926), liderando esta última formação no Senado (Fevereiro de 1923 a Abril de 1926) e representando-a no Conselho Parlamentar em 1925-1926.

Abandonou actividade partidária em 7 de Abril de 1926 para tentar uma apro- ximação entre o PRN e a União Liberal Republicana. No início da Ditadura Militar ainda continuou a tentar uma aproximação entre a ULR e o PRN e um diálogo entre o PRN com a Ditadura, sem sucesso. Continuou a desempenhar funções políticas e diplomáticas durante a Ditadura Militar e o Estado Novo.

Foi senador por Castelo Branco, nos anos de 1915-1917, e pelo Porto, nos anos de 1922-1925 e 1925-1926. Na legislatura de 1922-1925 foi eleito para a 2.ª Secção do Senado – Direito e Negócios Estrangeiros integrado no grupo do PRL, para a 3.ª Comissão de Finanças e para a Comissão do Orçamento. Fez parte da Comis- são parlamentar internacional de Comércio nas legislaturas anteriores a 1925.

Cooperou com o Governo Provisório após a implantação da República, tendo sido chamado, por portaria de 24 de Novembro de 1910, a integrar a comissão encarregada de fazer um inquérito aos serviços do Ministério dos Negócios Es- trangeiros. Deve-se-lhe em grande parte a legislação sobre a criação das Faculda- des de Medicina (Lisboa e Porto), bem como a cedência do Hospital de Santa Marta para Hospital Escolar. Por decreto de 23 de Março de 1911, foi nomeado ministro plenipotenciário em Madrid, tomando posse a 11 de Abril. Porém, a 12 de Outubro foi exonerado do cargo para integrar o governo.

Em 12 de Outubro de 1911 foi empossado como ministro dos Negócios Es- trangeiros no Governo presidido por João Pinheiro Chagas, cargo que exerceu até 12 de Novembro seguinte. Assumiu nesta data, em acumulação com a pasta anterior, a Presidência do Governo, desempenhando funções até 16 de Junho de 1912. Continuou, no entanto, integrado no novo governo liderado por Duarte Leite, enquanto ministro dos Negócios Estrangeiros, até 9 de Janeiro de 1913.

Entretanto, foi nomeado novamente, pelo decreto de 8 de Agosto de 1914, para o posto de ministro de Portugal na capital espanhola e onde se manteve até Fevereiro de 1918. Nesse cargo teve de gerir a questão da Primeira Guerra

Mundial, com a Espanha a posicionar-se na neutralidade e Portugal a querer en- volver-se no conflito, não só nas colónias como na frente europeia. Foi ministro de Portugal em Londres durante o sidonismo, entre 1918 e 1919. Substituiu Tei- xeira Gomes neste cargo, pelo que as suas relações se deterioram.

Com o fim da guerra representou Portugal nas conferências de paz como se- cretário-geral em 1919. Posteriormente integrou a delegação nacional junto da Sociedade das Nações, nos anos de 1923 a 1937, na qual presidiu a várias co- missões (como a do ópio, do trânsito e das finanças) e projectos políticos. Foi, por exemplo, graças à sua mediação que se resolveram alguns conflitos regionais, como o do Chaco (região pantanosa) entre Bolívia e Paraguai (1932-1935) ou a questão entre a Jugoslávia e a Hungria (1935), entre outras. Era também o direc- tor da secção da SDN no Ministério dos Negócios Estrangeiros português. Ocu- pou a presidência da Assembleia da Sociedade das Nações entre Maio de 1935 e Maio de 1936. Em 1936 foi nomeado delegado permanente e presidente da «Comissão dos Dezoito», grupo de pressão constituído por alguns dos mais de- cisivos países da Sociedade das Nações. Em 9 de Outubro de 1937 abandonou a SDN por ter atingido o limite de idade.

Recebeu imensas condecorações, das quais se destacam: grã-cruz de Santiago de Espada; de Isabel, a Católica; da Coroa da Bélgica; do Mérito do Chile e do Peru; e o grande oficialato da Legião de Honra. Pertenceu à Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa, à Associação dos Médicos Portugueses, à Assistência Nacional aos Tuberculosos, bem como a muitas associações e institutos estrangeiros.

Faleceu em Lisboa a 27 de Setembro de 1951. No funeral estiveram presentes diversas personalidades do Regime, como Caeiro da Mata e nenhum opositor de nomeada.