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1.4 BUDAPEST OPEN ACCESS INITIATIVE (BOAI) – 2002

1.4.1 O Movimento do Acesso Livre

1.4.1.1 Auto-arquivamento (via verde)

No âmbito do tema do auto-arquivamento, começamos por mencionar a primeira estratégia recomendada na BOAI, realizada no ano de 2002, para agilizar o acesso aberto a literatura científica:

Self-Archiving: First, scholars need the tools and assistance to deposit their refereed journal articles in open electronic archives, a practice commonly called, self-archiving. When these archives conform to standards created by the Open Archives Initiative , then search engines and other tools can treat the separate archives as one. Users then need not know which archives exist or where they are located in order to find and make use of their contents (Budapest

OA Initiativa, 2002).

De acordo com Kuramoto (2010), a Green road (via verde) recomenda que as universidades e os centros de pesquisa construam repositórios institucionais de acesso livre e que os pesquisadores destas instituições depositem uma cópia dos seus trabalhos publicados também em revistas científicas.

Para autores como Ferreira, Modesto e Weitzel (2004, p. 201), o auto- arquivamento está fundamentado no envio voluntário do autor de seu texto, dados, metadados, imagem, som ou qualquer outra informação registrada num repositório de Eprints. E, por isso, compete ao autor a obrigação de se cadastrar no repositório informando dados essenciais relacionados com sua identificação profissional e localização. Este simples comportamento possibilita ao cientista a visibilidade tão procurada no campo científico uma vez que o seu nome estará vinculado à instituição de origem, à sua produção científica e, concomitantemente, estará disponível para os grupos de pesquisa da sua área de interesse.

Segundo Café e Lage (2002) e como se encontra definido no site28 relativo aos e-prints, da responsabilidade da Universidade de Southampton, sediada no Reino Unido, auto-arquivar significa:

Depositar um documento digital em um site público da web, preferencialmente em repositório do tipo Eprint compilado para o protocolo OAI. Ao submeter um documento em um ambiente desta natureza, o autor informa o conteúdo de um conjunto de metadados definido pela OAI a um sistema do tipo Eprint e envia o documento ao repositório ou indica a url onde se encontra o texto referente aos metadados. O protocolo OAI é importante para viabilizar a coleta automática dos metadados (CAFÉ;LAGE, 2002)

Neste sentido, Stevan Harnad (2005 apud BATISTA, COSTA, KURAMOTO E RODRIGUES (2007, p. 5) tem salientado que a “via verde” é a estratégia que pode

levar de forma mais rápida à realização do objetivo (utópico para alguns) de ter 100% da literatura científica em acesso livre.

Neste contexto, quando os autores tornam os seus artigos livremente disponíveis em formato digital na Internet, de acordo com o pensamento de Bailey (2006), eles “auto-arquivam”. Estes artigos podem ser “pre-prints” ou “pós-prints”.

Os pre-prints29 são versões dos artigos que ainda não passaram pela revisão dos pares ou revisão editorial. A troca de pré-prints entre os autores, especialmente autores científicos, tem uma longa história e, antes do surgimento da Web, esta troca foi feita pelo serviço de correio postal, faxes, e-mails, servidores FTP, servidores Gopher e outros meios.

Os pós-prints são as versões finais dos artigos publicados, podem ser a versão do artigo do editor ou uma pré-impressão atualizada, que o autor cria para mostrar algumas mudanças sugeridas na revisão feita pelos pares e durante os processos editoriais.

Os autores podem disponibilizar pós-prints digitais se: os editores preservarem os direitos de autor e garantirem alguns direitos não exclusivos aos editores ou transferirem todos os direitos aos editores; mas, as políticas editorias apenas permitem aos autores a distribuição de pós-prints sob termos e condições específicas. Tanto os pre-pints como os pós-prints digitais são chamados de “e- prints”. Embora o movimento do acesso livre se centre na literatura revista pelos pares, o termo e-prints é também bastante utilizado para referir versões digitais de artigos que serão ou foram publicados em publicações de pesquisa científica, mas não em revistas ou periódicos com avaliações realizadas pelos pares. Não obstante, outros tipos de materiais digitais científicos, como as apresentações de conferências (apresentações em PowerPoint) podem ser “auto-arquivadas” pelos seus autores.

O auto-arquivamento é a premissa deste modelo, que pressupõe o uso de um protocolo OAI, o depósito do documento digital, a informação pelo próprio autor dos metadados referentes à descrição do seu texto, e que posteriormente serão coletados de modo automático. (Café; Lage, 2002). Neste modelo de publicação caberá aos demais cientistas a função de controle de qualidade exercida pelos pareceristas de uma revista, no entanto, ressalta-se que os modelos de auto-arquivamento podem ser voltados para pré ou pós- publicações, neste segundo tipo elas já foram publicadas e passaram pelo crivo científico tradicional (CRESPO; CORREIA, 2006).

Procedendo conforme o que foi descrito anteriormente, o pesquisador assegura a visibilidade e a consulta da sua produção científica, ampliando a

29Preprints – nome atribuído à versão original de um artigo ainda não publicado originalmente (FERREIRA,

probabilidade de ser citado e reconhecido e assim contribuir para a diminuição dos obstáculos determinados pelos sistemas tradicionais de publicação – o auto- aquivamento não limita a ação de dispor um documento, exclusivamente pelo autor, possibilitando a submissão por outras pessoas, desde que possua a respectiva autorização do autor.

De acordo com as palavras de Kuhlen (2007):

la green road, los textos que han sido admitidos para su publicación o que ya han sido publicados, y en principio también todos los demás textos que un autor quiera publicar, son introducidos en open

archives, también llamados depósitos institucionales, de libre acceso

(incluyendo el material de referencia como, por ejemplo, datos estadísticos).

Na figura 4 podemos verificar o Acesso e impacto da pesquisa maximizados por meio de auto-arquivamento.

Figura 4 - Acesso do impacto da pesquisa maximinizados por meio de auoto-arquivamento

Fonte: Brody e Harnad (2004 apud LEITE 2009)

A via verde, para Batista, Costa, Kuramoto e Rodrigues (2007, p. 5), consiste no auto-arquivamento, pelos autores ou seus representantes, dos artigos publicados nas revistas científicas em repositórios, disciplinares ou institucionais.