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2. O BRASIL E O MOVIMENTO DO OPEN ACCESS

2.15 PORTAL DE PERIÓDICOS CAPES

A companhia Nacional de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, atual CAPES67, foi criada em 11 de julho de 1951, através do decreto n. 29 741, com a finalidade de assegurar a existência de pessoal especializado em quantidade e

qualidade suficiente para atender as necessidades dos empreendimentos públicos e privados, que visam ao desenvolvimento do país. Durante o segundo governo de Getúlio Vargas, com a retomada do projeto de construção de uma nação desenvolvida e independente aliada à industrialização pesada e a complexidade da administração pública, houve a necessidade de formação urgente de especialistas e pesquisadores, nos mais diversos ramos de atividade (cientistas qualificados em física, matemática, química a técnicos de finanças e pesquisadores sociais).

Nesta altura,segundo o seu site foi, então, designado como secretário-geral da comissão de autonomia, informalidade, boas idéias e liderança institucional, o Professor Anísio Teixeira68. E, em 1953, é implantado o programa universitário, a principal linha da CAPES junto às universidades e ao instituto de ensino superior. Teixeira contrata professores visitantes estrangeiros, estimula atividades de intercâmbio e cooperação entre instituições, concede bolsas de estudo e apoia eventos de natureza científica. Nesse mesmo período são concedidas bolsas para formação no país e bolsas de aperfeiçoamento para o país e para o exterior.

A CAPES subordina-se diretamente à presidência da república em 1961 e em 1964, com ascensão militar, o professor Anísio Teixeira deixa o cargo e um nova diretoria assume a sua liderança, voltando a ser subordinada ao MEC.

A grande importância para a pós-graduação de acordo com o seu site, ocorreu em 1965, quando foram classificados vinte e sete cursos no nível de mestrado e 11 no nível de doutorado perfazendo um total de trinta e oito cursos de pós-graduação no país.

Convocado pelo MEC, o Conselho de Ensino Superior se reúne para definir e regulamentar os cursos de pós-graduação nas universidades brasileiras. Fazem parte desse conselho diversos intelectuais entre os quais: Alceu Amoroso Lima69, o próprio Anísio Teixeira, entre outros.

Segundo o seu site em 1966, o governo começa a apresentar planos de desenvolvimento, nomeadamente o Programa estratégico de governo e o primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento (1972–1979). No plano educacional, obtém-se a reforma universitária, a reforma do ensino fundamental, e a consolidação da regulamentação da pós-graduação. Através do parecer 977, de 1965. Neste seguimento, a CAPES ganha novas funções e recursos orçamentários para multiplicar

68Anísio Spínola Teixeira – considerado o principal idealizador das grandes mudanças que marcaram a

educação brasileira no seculo 20, foi pioneiro na implantação de escolas públicas de todos os níveis, que refletiam seu objetivo de oferecer educação gratuita para todos.

(http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/anisio-teixeira-306977.shtml).

69Alceu Amoroso Lima – Critico literário, professor, pensador, escritor líder católico brasileiro. Este adotou

as suas ações e interferir na qualificação do corpo docente das universidades brasileiras e com isso conquista um papel de destaque na formulação da nova politica para pós-graduação. Em 1970, são instituídos os centros regionais de pós- graduação.

A CAPES é reconhecida como órgão responsável pela elaboração do Plano Nacional de Pós-graduação Stricto Sensu em 1981, através do decreto n. 86.791. Além disso, é também conhecida como Agencia Executiva do Ministério da Educação e Cultura, junto ao Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia, cabendo-lhe por isso a função de elaborar, avaliar, acompanhar e coordenar as atividades relativas ao ensino superior e a missão de coordenar a avaliação da pós-graduação, o que vem fortalecendo o papel da CAPES.

O programa de avaliação, além de contribuir para a criação de mecanismo efetivos de controle de qualidade, também aproxima a sua relação com a comunidade científica e acadêmica. A comunidade administrativa torna-se uma marca da instituição, que se destaca na formulação da execução da política nacional de pós-graduação.

As atividades da CAPES, actualmente, podem ser agrupadas em quatro grandes linhas de ação, cada qual desenvolvida por um conjunto estruturado de programas:

● avaliação da pós-graduação stricto sensu; ● acesso e divulgação da produção científica;

● investimentos na formação de recursos de alto nível no país e no exterior; ● promoção da cooperação científica internacional.

A CAPES tem, também, programas de parcerias universitárias binacionais. Estes programas foram iniciados em 2001 e objetivam, essencialmente, o aumento do intercâmbio de estudantes de graduação, além de fomentar o intercâmbio de alunos de pós-graduação e professores.

As parcerias são implementadas entre universidades brasileiras e estrangeiras, sendo fundamental a garantia do reconhecimento mútuo dos créditos aos alunos na área escolhida pelo projeto. O programa busca ainda a aproximação das estruturas curriculares dentre as instituições e os cursos participantes, mantendo acordos de cooperação internacionais com a Alemanha, a Argentina, o Chile, a China, Cuba, a Espanha, os Estados Unidos, a França, a Holanda, a Itália, Portugal, Timor- Leste e o Uruguai. A Capes tambem, mantem um Portal de Periódicos70 que foi

70Portal de Periodicos CAPES

http://novo.periodicos.capes.gov.br/index.php?option=com_pcontent&view=pcontent&alias=historico&mn =69&smn=87.

originado em 1990, com o objetivo de fortalecer a pós-graduação Brasileira. Neste seguimento, MEC, criou um Programa para Bibliotecas de IES e, cinco anos mais tarde, também foi criado um Programa de Apoio a Aquisição de Periódicos (PAAP), sendo que esse programa faz parte do serviço de periódicos eletrônicos apresentados a comunidade acadêmica brasileira pela CAPES:

O Portal de Periódicos da Capes é uma biblioteca virtual que reúne e disponibiliza a instituições de ensino e pesquisa no Brasil o melhor da produção científica internacional. Ele conta com um acervo de cerca de 15 mil títulos com texto completo, 126 bases referenciais, seis bases dedicadas exclusivamente a patentes, além de livros, enciclopédias e obras de referência, normas técnicas, estatísticas e conteúdos audiovisuais (Portal de Periodicos CAPES, 2010).

Oficialmente, o Portal de Periódicos foi lançado em 11 de novembro de 2000, no mesmo período que estavam sendo organizadas as bibliotecas virtuais e ao mesmo tempo que as editoras estavam iniciando a digitalização de seus acervos. O Portal de Periódicos passou a reunir e otimizar a compra de periódicos através da negociação direta com editores internacionais. No início o Portal de Periódicos eletrônico possuía 1.419 periódicos e nove bases de dados referenciais em todas as áreas do conhecimento.

No Brasil, uma iniciativa importante em relação ao acesso livre foi desenvolvida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O Portal de Periódicos atende 194 universidades públicas e privadas, centros de pesquisa e órgãos governamentais e permite acesso gratuito a cerca de 13 mil publicações e 126 bancos de dados, sendo seis delas bases mundiais de patentes.

O portal pode ser acessado a partir de computadores ligados a essas instituições. Hoje a página recebe 165 mil acessos diários. Em 2008 foram quase 21 milhões de textos completos baixados e 38 milhões de acessos a bases de dados.

Segundo o presidente da Capes, Jorge Guimarães, o impacto da liberdade de acesso na produtividade da comunidade científica brasileira é significativo. “Antes do portal, o Brasil já vinha em um bom momento em relação à produção científica, quebrando sempre seu próprio recorde a cada ano”, comenta. “Depois que ele foi lançado, a curva do gráfico que mostra a produção ficou ainda mais acentuada.”

Guimarães acrescenta que, a exemplo do que é feito em outros países, todos os artigos brasileiros presentes no portal da Capes podem ser acessados por qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo, e não apenas por membros das instituições que fazem parte da rede. “A iniciativa ajudou o país a se destacar no cenário mundial”, avalia. (WALTZ, Igor, 2009).

De acordo com o site, a CAPES teve a seguinte trajetória histórica como demonstra a tabela 3.

(http://novo.periodicos.capes.gov.br/index.php?option=com_pinstitucional&mn=69).

Tabela 3: Evolução histórica do Portal de Periódicos CAPES Evolução histórica do Portal de Periódicos CAPES

2001 O Portal ganha regulamentação específica. 2002/2003 Novos parceiros e amplia seus conteúdos. 2004/2005 Crescimento do acervo.

2006 Treinamento para usuário final.

2007 Um novo Portal de Periódico começa a ser desenvolvido 2008 Os multiplicadores do Portal.

Inicia os testes para o novo Portal. 2009 Diversificação do acervo e novos usuários.

Fonte:

http://novo.periodicos.capes.gov.br/index.php?option=com_pcontent&view=pcontent&alias=missao- objetivos&mn=69&smn=74

Em 2008, contava com mais de doze mil títulos, conforme descreve o gráfico 3.

Gráfico 3: Evolução do Portal de Periódicos CAPES Fonte: http://www.periodicos.capes.gov.br/portugues/index.jsp

O Portal de Periódicos CAPES – foi criado para diminuir o défice de acesso às bibliotecas brasileiras e à informação científica internacional. Note-se que seria bastante caro atualizar o acervo dessas bibliotecas através da aquisição de periódicos impressos para cada uma das universidades brasileiras do sistema superior de ensino federal. Também este portal foi aperfeiçoado com o objetivo de diminuir o desnível regional no acesso à informação científica no Brasil. Atualmente é considerado um modelo de consórcio de Bibliotecas único no mundo e é totalmente financiado pelo governo federal, cobrindo todo território nacional.

O Portal de Periódicos da Capes, que hoje custa aos cofres do governo brasileiro cerca de 30 milhões de dólares. Trata-se de uma iniciativa importante para o desenvolvimento científico e tecnológico do país, uma vez que esse portal fornece o acesso às principais revistas científicas do mundo, possibilitando aos nossos pesquisadores o seu acesso. (KURAMOTO, 2008, p.865).

O Portal de Periódicos CAPES, por um lado, atende às necessidades dos setores acadêmicos, produtivos e governamental e, por outro lado, possibilita o aumento da produção científica nacional e crescimento da inserção científica brasileira no exterior. Tornou-se uma ferramenta indispensável às atribuições da CAPES de fomento, avaliação e regulamentação dos cursos de pós-graduação.

O Portal de Periódicos, de acordo com o seu site, tem como responsabilidade incentivar e estimular os programas de pós-graduação, no Brasil, através da democratização do acesso online à informação científica internacional de alto nível. Dispondo-se atender os seguintes objetivos:

● a promoção do acesso irrestrito do conteúdo do Portal de Periódicos pelos usuários e o compartilhamento das pesquisas brasileiras a nível internacional;

● a capacitação do público usuário – professores, pesquisadores, alunos e funcionários – na utilização do acervo para suas atividades de ensino, pesquisa e extensão;

● o desenvolvimento e a diversificação do conteúdo do Portal pela aquisição de novos títulos, bases de dados e outros tipos de documentos, tendo em vista os interesses da comunidade acadêmica brasileira;

● a ampliação do número de instituições usuárias do Portal de Periódicos, segundo os critérios de excelência acadêmica e de pesquisa definidos pela Capes e pelo Ministério da Educação.(PORTAL DE PERIÓDICOS CAPES, 2010)

Professores, pesquisadores, alunos e funcionários ligados às instituições participantes podem acessar livre e gratuitamente ao Portal de Periódicos, através de terminais ligados a internet, e de acordo com o seu site as instituições participantes podem ser:

● Instituições federais de ensino superior;

● Instituições de pesquisa que possuam pós-graduação avaliada pela Capes com pelo menos um programa que tenha obtido nota 4 ou superior;

● Instituições públicas de ensino superior estaduais e municipais que possuam pós-graduação avaliada pela CAPES, com pelo menos um programa que tenha obtido nota 4 ou superior;

● Instituições privadas de ensino superior com pelo menos um doutorado avaliado pela CAPES, que tenha obtido nota 5 (cinco) ou superior;

● Instituições com programas de pós-graduação recomendados pela Capes e que atendam aos critérios de excelência definidos pelo Ministério da Educação. Esses usuários acessam parcialmente ao conteúdo assinado pelo Portal de Periódicos;

● Usuários colaboradores, ou seja, instituições que pagam pelo acesso a determinadas bases do Portal de Periódicos.

Outros usuários interessados em consultar conteúdos científicos com alta qualidade podem acessar à página dos Periódicos de Acesso livre71, que inclui bases de dados nacionais e internacionais e referências de teses e dissertações.

No gráfico 4, percebe-se os dados gerais do uso do Portal de Periódicos CAPES realizados por seus usuários entre 2001 a 2008. As legendas “TC” indicam o total de downloads de textos completos e “REF” o total de consultas às referenciadas.

Gráfico 4 - Uso do Portal de Periódicos CAPES entre 2001 e 2008

Fonte: http://www.periodicos.capes.gov.br/portugues/index.jsp

Em 2009, o Portal de Periódicos da CAPES e a Elsevier72 realizaram um acordo73 assegurando a publicação de artigos científicos escritos por pesquisadores

71http://acessolivre.capes.gov.br/

72A Elsevier é uma das mais antigas editoras do mundo, líder global em publicações de saúde, ciência e

tecnologia. Com sede em Amsterdam, na Holanda, a editora possui mais de sete mil funcionários em 77 escritórios de 24 países, atendendo a uma comunidade de 30 milhões de cientistas, estudantes e profissionais de informação e saúde em todo o mundo. Ao todo, a Elsevier publica mais de dois mil periódicos e 1.900 novos livros por ano, além de oferecer produtos eletrônicos inovadores, como o ScienceDirect, o Scopus e o MD Consult. (http://www.capes.gov.br/servicos/sala-de-imprensa/36- noticias/2788-capes-e-elsevier-oferecem-acesso-livre-a-artigos-brasileiros)

brasileiros em periódicos da editora holandesa Elsevier, que poderão ser consultados livremente no mundo inteiro. O acordo é um reconhecimento da parceria entre a CAPES e a Elsevier no desenvolvimento da pesquisa no Brasil e procura contribuir para que o país continue alcançando novos patamares de excelência em ciência e tecnologia o que vai aumentar conseqüentemente ainda mais a visibilidade da produção científica Brasileira.

Inúmeros são os esforços desenvolvidos para atingir a disseminação e a implementação do Movimento do Acesso Livre ao conhecimento, nos países lusófonos e especialmente no Brasil, como demonstra a literatura apresentada. Para Kuramoto (2008), todas as iniciativas se mostram insuficientes, sem a participação dos pesquisadores, que são os responsáveis pela produção do conhecimento científico e que são os maiores beneficiados pelas ações do movimento.

De acordo com Costa (2008), o sistema de comunicação científica tem sofrido o impacto da comunicação eletrônica. Nessa acepção, os periódicos científicos eletrônicos de acesso aberto e os repositórios institucionais, que representam a ferramenta fundamental para o acesso livre ao conhecimento, vêm contribuindo para aumentar a difusão da pesquisa, o seu impacto, a sua visibilidade e o seu avanço. “Apesar de a maioria de pesquisadores concordarem com a idéia do acesso livre e acreditarem que sua adoção traria vantagens para a ciência, fazê-los aderirem ao movimento é como tentar fazer as pessoas se comportarem de uma maneira mais ecológica” (BJÖRK, 2004 apud MUELLER 2006). Enfim, com a adoção do acesso livre à informação científica todos os atores (pesquisadores, professores e estudantes, bibliotecas, universidades, editoras, agências de fomento, governos e cidadãos) envolvidos no processo de comunicação científica seriam beneficiados.

73http://www.capes.gov.br/servicos/sala-de-imprensa/36-noticias/2788-capes-e-elsevier-oferecem-

3. PANORAMA SOBRE O OPEN ACCESS NAS COMUNIDADES