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4.2 PARTICIPAÇÃO DOS AGENTES SOCIAIS LOCAIS N O PLANEJAMENTO E NA

4.2.1 Autoavaliação, dificuldades no processo de planejamento e gestão

A autoavaliação, além de ser estratégia relevante para o monitoramento do desempenho dos agentes envolvidos nos processos de planejamento e gestão do turismo, buscou aguçar no entrevistado a autocrítica quanto à sua atuação como membro da instância de governança regional do Polo Seridó.

O Programa de Regionalização do Turismo tem como um de seus pilares a ampliação da participação social no processo de execução das políticas públicas e de planejamento e gestão do turismo em nível regional. Para tanto, a instância de governança regional precisa representar a sociedade civil, o poder público e a iniciativa privada através de uma gestão participativa e comprometida com o fomento do turismo em nível local. Deste modo, os membros da instância de governança precisam se sentir motivados e responsáveis pelas ações de desenvolvimento da atividade turística como alternativa econômica para a região.

a) Autoavaliação dos membros do Conselho do Polo de Turismo Seridó quanto a sua atuação neste conselho

Para tanto, foi questionado aos membros da instância de governança como eles avaliam sua atuação como membro no Conselho do Polo Seridó. Dentre os 06 entrevistados, dois atribuíram sua atuação como ÓTIMA, enquanto 04 (quatro) dos entrevistados assumiram esta atuação como REGULAR, conforme quadro 16.

Quadro 16 - Percepção dos entrevistados quanto à sua atuação na instância de governança regional do Turismo

Atuação Frequência Percentual

Ótima 2 33,3%

Regular 4 66,7%

Péssima 0 0,0%

Total 6 100,0%

Fonte: PINHEIRO, I.F.S.

A partir da resposta da maioria dos entrevistados, é possível constatar que nem os próprios membros da instância de governança avaliam sua atuação satisfatoriamente, o que

121 pode ser proveniente de desmotivação ou de uma efetiva desarticulação institucional, com carência de uma gestão participativa em que os interesses confluam em um objetivo comum. Cabe lembrar que os entrevistados representam o poder público através das secretarias municipais de turismo, órgão relevante no processo de gestão do turismo que como tal, institucionaliza e legitima o poder e as demandas sociais (GRIMM et al, 2013) e sua atuação insatisfatória compromete diretamente o desenvolvimento da atividade tanto em nível local como em nível regional.

a) Avaliação dos representados quanto à atuação do representante do município no Conselho do Polo de Turismo Seridó

O monitoramento e a avaliação fazem parte do processo de planejamento e execução de políticas públicas e se caracterizam como a etapa em que é verificado o alcance das metas e dos objetivos pré-estabelecidos. Deste modo, a avaliação será mais eficaz se forem ouvidos os agentes sociais pelo qual as políticas públicas se direcionam, pois são estes que sentirão os efeitos benéficos ou as fragilidades da política, plano ou programa avaliado.

Assim, questionamos aos presidentes de associações da sociedade civil dos seis municípios pesquisados a opinião deles sobre a atuação dos seus representantes no Conselho do Polo de Turismo Seridó. Conforme o gráfico 4, 50,8% dos entrevistados afirmaram que não conhecem o Polo de Turismo Seridó, seguido de 28,8% que afirmaram achar a atuação regular.

A análise destas respostas demonstra a incipiente atuação dos membros do conselho quanto à inserção e o estímulo à participação da comunidade local nas estratégias do turismo, uma vez que metade dos entrevistados sequer conhece a instância de governança regional de turismo do Polo Seridó. Além disso, 28,8% atribuíram como regular a atuação dos seus representantes no conselho do Polo Seridó, o que coaduna com a autoavaliação dos membros do conselho, uma vez que a maioria dos entrevistados também não avaliaram como satisfatória sua própria atuação.

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Gráfico 4 - Percepção dos representados quanto à atuação dos seus representantes no Conselho do Polo de Turismo Seridó

Fonte: PINHEIRO, I.F.S.

Assim, para que haja uma participação efetiva da sociedade civil no processo de elaboração e execução de políticas públicas, esta sociedade deve ter o acesso às informações e à educação para que sua participação seja efetiva e qualificada. No entanto, se a maioria dos entrevistados da sociedade civil, que são os presidentes das associações comunitárias dos municípios pesquisados, demonstrou desconhecer o conselho do Polo de Turismo Seridó, entende-se que a participação social nesta instância de governança fica comprometida. Some- se a isso o fato de que a legitimidade do processo de participação requer o combate à corrupção e à implementação de políticas públicas que não atendam somente aos interesses individuais, fatores que pressupõem a ampliação, melhoria e criação de canais de participação (GRIMM et al,2013) . No caso do Conselho do Polo de Turismo Seridó, que idealmente se configura como um canal de participação da comunidade quanto ao planejamento e à gestão do turismo na região do Seridó, a desinformação e a má avaliação da sociedade civil quanto aos seus representantes neste conselho são realidades que conduzem à fragilidade de uma participação efetiva e consequentemente, de um desenvolvimento genuíno.

b) Percepção dos representantes quanto às dificuldades no planejamento e na gestão do turismo

123 O monitoramento e a avaliação da atuação das instâncias de governança perpassam ainda pela identificação e pela superação das dificuldades na condução do processo. Para tanto, estes entraves precisam ser devidamente levantados e discutidos no âmbito da IGR para que a intervenção ocorra de forma mais proativa e eficaz.

Deste modo, os gestores municipais que fazem parte do Conselho do Polo de Turismo Seridó foram questionados quanto às dificuldades que encontram na condução do processo de desenvolvimento turístico no âmbito do Conselho. Dentre os 6 (seis) representantes entrevistados, 5 (cinco) deles afirmaram que apesar da instância de governança ter avançado no planejamento, inclusive culminando com a elaboração e apresentação do Plano de Desenvolvimento do Turismo Sustentável – PDITS do Polo Seridó, não ocorreram implementações das ações elencadas no planejamento, o que implica diretamente na efetividade da política de regionalização do turismo.

Dois dos entrevistados afirmaram que esta fragilidade se deve à ausência de investimentos e do distanciamento do poder público nos níveis estadual e federal. Tal fato coaduna com o que Dagnino (2004) defende, ao afirmar que apesar do Estado estimular a descentralização na execução das políticas públicas, este acaba por se eximir da responsabilidade em oferecer as condições materiais e intelectuais para que os agentes sociais locais possam decidir e intervir sob sua realidade social, econômica e política.