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Capítulo I – Estágio em Farmácia Comunitária: Farmácia Arrochela

8. Automedicação

A automedicação é o uso responsável de MNSRM em situações de alívio e tratamento de problemas sem gravidade e passageiros com a assistência ou aconselhamento opcional de um profissional de saúde. Esta prática apenas se aplica a situações clínicas bem definidas.23

8.1. Distinção entre medicamentos sujeitos e não sujeitos a receita médica

De acordo com o artigo 114º do Decreto-Lei n.º 176/2006 os medicamentos sujeitos a receita médica são aqueles que preenchem uma das seguintes condições:6

- Possam constituir um risco para a saúde do doente, direta ou indiretamente, mesmo quando usados para o fim a que se destinam, caso sejam utilizados sem vigilância médica;

- Possam constituir um risco, direto ou indireto, para a saúde, quando sejam utilizados com frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes daquele a que se destinam; - Contenham substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja atividade ou reações adversas seja indispensável aprofundar;

- Que se destinem a ser administrados por via parentérica.

Por sua vez, os MNSRM e de acordo com o artigo 115º deste mesmo Decreto-Lei abrangem todos os medicamentos que não preencham qualquer das condições previstas no artigo referido anteriormente não sendo comparticipáveis.6

8.2. Quadros sintomáticos que exigem cuidados médicos

Durante o estágio foram vários os casos em que foi necessário aconselhar o utente para uma ida ao médico após a tentativa de cura com MNSRM. Devido à época mais fria que se fez sentir houveram muitas pessoas que chegaram à farmácia com sintomas gripais; com alergias; com diarreia e obstipação; dores de cabeça; dores de dentes; entre outros casos. Neste aconselhamento, houveram bastantes casos conhecidos em que o medicamento escolhido pelo utente não estava a fazer efeito e não era o mais indicado tendo-se assim escolhido de entre os MNSRM um mais adequado para a situação tendo sido sempre avisado que se os sintomas não melhorassem dentro de três dias para o utente se dirigir ao médico bem como em situações em que os sintomas estavam associados a patologias mais graves. O farmacêutico terá que ter informação suficiente para avaliar o problema em causa. Isto deve incluir informação sobre quais são os sintomas, qual é o problema, se dura ou não há muito tempo e se já foi feita alguma intervenção medicamentosa anteriormente. No caso de patologias menores, é necessário prestar informação adequada ao utente, só devendo ser-lhe dispensados medicamentos em caso de manifesta necessidade.1

8.3. Riscos da automedicação

A automedicação pode acarretar muitos riscos para os utentes, se não forem prestados os aconselhamentos adequados por profissionais com formação, de entre os quais se destacam: escolha inadequada da terapia para a patologia em causa (caso muito comum

durante o estágio); diagnóstico incorreto da patologia; atraso na descoberta da patologia com possível agravamento (mascarar da doença); uso de medicamentos por um período de tempo muito longo ou então muito curto, possibilidade de existência de interações com outros medicamentos que o utente está a tomar concomitantemente, entre outros.

8.4. Identificação de quadros sintomáticos que requerem terapêutica

medicamentosa e distinção dos que podem ser abordados apenas com medidas

não farmacológicas

Existem situações tratadas apenas com medidas não farmacológicas. Foram bastante frequentes casos de início de constipação/gripe aos quais foram aconselhadas medidas não farmacológicas tais como: ingestão de uma grande quantidade de líquidos, humidificação do ambiente, fazer inalações com água salgada, gargarejar com água salgada morna várias vezes por dia, repousar, chupar rebuçados emolientes, entre outras.

Outras situações mais complicadas exigem tratamento farmacológico. Após um estado mais avançado da doença e após a falha de “tratamento” das medidas não farmacológicas é necessário dar início ao tratamento farmacológico. Nesta situação de constipação/gripe mais avançadas aconselhou-se o utente à utilização de anti-histamínicos, antitússicos, mucolíticos ou expectorantes consoante a tosse seja seca ou produtiva, anti-piréticos, anti-inflamatórios não esteróides (AINEs), descongestionantes nasais, consoante os casos. As medidas não farmacológicas podem e devem sempre acompanhar as medidas farmacológicas.

Como se referiu anteriormente, caso a patologia não melhore é necessário aconselhar o utente para uma ida ao médico.

8.5. Indicação farmacêutica de um MNSRM em face do quadro sintomático

apresentado pelo utente e da sua história farmacoterapêutica

Para além dos quadros de constipação/gripais também foram motivo de afluência à farmácia casos de obstipação e diarreia onde é aconselhado um laxante ou um antidiarreico respetivamente; casos de alergia com rinorreia e espirros onde foi aconselhado um anti- histamínico; casos de dores de dentes onde foi aconselhado um analgésico adequado; casos de dores de cabeça; casos de ansiedade onde foi bastante frequente o aconselhamento de produtos à base de valeriana, entre outros.

8.6. Dispensa de um medicamento não sujeito a receita médica com as

indicações necessárias e suficientes para promover o seu uso racional

(posologia,

modo

de

administração,

precauções

de

utilização,

contraindicações, interações, efeitos indesejáveis e reações adversas)

Após verificar todos estes parâmetros o utente necessita de receber informação necessária para promover o seu uso racional (posologia, modo de administração, precauções de utilização, contraindicações, interações, efeitos indesejáveis e reações adversas). Esta é sempre dada verbalmente e por escrito sendo feita geralmente nas embalagens.

8.7. Protocolos em automedicação

No despacho n.º17690 de 23 de Julho de 2007 encontram-se listadas as situações passíveis de automedicação.23 (Anexo II)

9. Aconselhamento e dispensa de outros produtos de saúde