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AUTORIA NAS INTERFACES DE VÍDEO DA INTERNET

PÚBLICO ALVO

6. AUTORIA NAS INTERFACES DE VÍDEO DA INTERNET

A publicação de vídeos nas interfaces da internet tem crescido exponencialmente desde o início do século XXI. A tecnologia do streaming e broadcast aliados a ampliação da taxa de transferência nos cabos de rede da internet favoreceram a publicação e recuperação deste tipo de arquivo. A produção de um vídeo, que na década de 80 demandava largo aparato tecnológico e estava restrita à empresas do ramo da cinematografia, se tornou acessível e viável a partir de uma câmera digital com suporte a gravação, ou mesmo a partir das câmeras dos aparelhos celulares tão difundidos atualmente. Neste capítulo será analisada uma experiência de produção de vídeo com alunos do Ensino Médio de uma escola pública alagoana a partir da interface Youtube.

6.1 - A interface Youtube

O serviço Youtube foi criado em 2005 inicialmente com o objetivo de possibilitar a partilha de vídeos na internet. Nele, qualquer usuário pode assistir aos vídeos postados em seu repositório. Vídeos em formato digital geram arquivos grandes, e por conta disto, dependendo da conexão, seu download torna-se bastante demorado.

O youtube foi criado em fevereiro de 2005 por dois ex-funcionários do eBay (similar ao Mercado Livre), Steve Chen e Chad Hurley. O portal permite aos usuários que se registrem, criando um canal (que pode ser "acompanhado" por outros usuários). Após registrar-se, o usuário poderá, então realizar o upload de arquivos de vídeo de diversos formatos. Para assistir os vídeos no youtube, o usuário não necessita se registrar no site, apesar do registro trazer algumas vantagens - além da possibilidade de fazer upload de seus próprios vídeos, o usuário pode criar listas de reproduções, listas de favoritos, adicionar amigos e canais que deseja acompanhar, etc. Os vídeos podem ser vistos dentro da janela do browser ou em tela cheia. O youtube apresenta também a opção "embed", através da qual o usuário pode copiar um pequeno código-fonte da aplicação, "colocando-o" em seu próprio site. Desta maneira, os vídeos do youtube passaram a ser distribuídos também em outros sites, como blogs e afins. A compra do youtube pelo Google, em 2006. (SPEROTTO, 2009, online)

No Youtube eles não precisam necessariamente ser baixados para o computador do usuário para que este possa ter acesso ao conteúdo do vídeo, como broadcast é uma tecnologia que fraciona este vídeo e encapsula seus “pedaços”, o download é feito fração a fração, e por conta disto, é permitida a visualização destes pacotes enquanto o vídeo é assistido. Para Valente e Matar (2007, p. 117-118) a

uma febre, até mesmo em educação, não só pela facilidade para disponibilizar e assistir os vídeos (o que, há poucos anos, era praticamente impossível pela web), mas também pela possibilidade de os alunos apresentarem seus trabalhos para um público externo, e não apenas seus colegas de curso.[...] é possível, por exemplo, solicitar que os alunos, em vez de preparar os, muitas vezes, enfadonhos seminários produzam um vídeo curto sobre determinado tema, e então publicá-lo no Youtube, onde eles podem ser vistos e comentados pelos colegas de classe e até por uma audiência mais ampla.

Por conta da filosofia do site, o material não pode ter copright e o arquivo não pode exceder a um tamanho de 100 MB (megabytes). Os vídeos do Youtube (Fig. 8) estão disponíveis para que qualquer pessoa de qualquer lugar possa visualizá-los, se, e quantas vezes tiver vontade, sem a necessidade que este tenha de fazer login. Entretanto, para que o usuário possa fazer o upload de algum vídeo, é necessário criar uma conta neste serviço.

Fig. 8 – Interface Youtube

Fonte: http://www.youtube.com/

Ferrés (1996) apud Cruz (2008, p. 27) acredita que a tecnologia do vídeo quando colocada nas mãos dos alunos, “possibilita a experiência da pesquisa, do avaliar-se, do conhecer e conhecer-se, logo, permite a experiência de colaboração entre pares na elaboração de um produto coletivo”. Desta forma, o processo avaliativo trona-se bem menos tenso e estanque, do que quando utilizamos as tradicionais provas ou as apresentações de trabalhos em forma de seminários.

A fuga dos meios impressos, do livro didático ou das apostilas, também é um elemento motivador para que a metodologia da produção de conteúdos audiovisuais seja adotada na prática pedagógica de professores de um modo geral. Os alunos que hoje estão nas salas de aula da educação básica, independente se estas são públicas ou privadas, fazem parte da geração dos nativos digitais.

Mesmo aqueles que não dispõem de um computador em casa, ou aqueles que o tem e não possuem conexão com a Internet ou o fazem através de lan-houses ou em casas de parentes, mesmo que esporadicamente. Segundo Satori e Ramos (2007, p.2), o trabalho com produção de vídeo em contextos educacionais é significativo por conta da facilidade que o professor encontra na identificação de falhas conceituais na estrutura cognitiva dos alunos. Segundo os autores, a justificativa para a escolha do trabalho com vídeos, "é a riqueza de detalhes, a facilidade de produção e a visualização por parte do professor do manuseio dos equipamentos e protótipos didáticos" (ibidem).

A apropriação de conceitos pelos alunos poderá ser bem mais intensa se a produção do vídeo for feita por eles mesmos. A produção de material audiovisual, além de se constituir numa atividade motivadora na qual estarão sendo exercitadas as habilidades visuais e de processamento de informação, ou mesmo o poder de síntese textual por conta da objetividade da mensagem, também estará possibilitando ao aluno ser o protagonista na ação educativa o tornando responsável pelo seu próprio aprendizado e também pelo de seus colegas, que irão assistir ao vídeo por ele produzido.

6.2 - Produção de vídeos-aula com alunos do Ensino Médio

Numa escola pública em Maceió-AL, os alunos do 2° ano do Ensino Médio foram convidados a assumir uma postura diferente no processo ensino/aprendizagem. Nestas turmas foi proposta uma atividade na qual os alunos formaram grupos de até 5 componentes e construir um experimento que explicasse algum fenômeno natural dentro dos conteúdos abordados no primeiro e segundo bimestre (Eletrostática para o 3° ano e Termologia no 2° ano). Após a escolha do experimento, os alunos elaboraram um roteiro que serviria como instrumento que nortearia a gravação do vídeo no qual os alunos protagonizariam uma vídeo- aula de seu experimento. Os alunos tiveram três semanas durante o primeiro semestre de 2009 para construir o experimento, elaborar um roteiro e disponibilizá-lo no blog da disciplina de física. Após a estruturação do experimento e elaboração do roteiro, apresentaram os resultados de suas produções para a turma, de duas formas: na sala de aula, para que fossem feitas sugestões pelos colegas e pelo professor, e através da gravação de um vídeo de curta duração de até três minutos, o qual foi disponibilizado no site http://www.youtube.com.

6.3 - Exploração e Análise

Durante estas três semanas de exploração, os alunos experienciaram e mantiveram contato com vídeos produzidos por alunos de outras instituições publicados na interface Youtube. Para além do contato com estas produções, os alunos visitaram o Museu de Ciências da Universidade Federal de Alagoas no qual puderam experienciar uma série de fenômenos físicos reproduzidos em laboratório, bem como compreender seus mecanismos e princípios de funcionamento. Após o contato com as possibilidades concretas dos experimentos, os alunos foram orientados a explorar outros experimentos a partir das interfaces da internet.

6.4 - Experimentação direta

Neste período, os alunos também experienciaram a produção de vídeos com diferentes recursos, tais como a câmera digital portátil e o aparelho celular. Ao produzirem estes primeiros vídeos, perceberam que estes, para que pudessem ser publicados, deveriam passar pela etapa da edição. Neste momento, foi explorado o aplicativo Windows Moovie Maker. Todo o processo foi desenvolvido pelos próprios alunos.

6.5 - Produção com autoria

No momento em que os alunos já tinham feito a escolha do experimento a ser realizado, do gênero a ser escolhido para representar, sabiam como gravar e editar o vídeo e estavam de posse do aparelho de gravação, foi iniciada a fase de produção com autoria.

Quadro 10 - Vídeos dos Experimentos

VÍDEO TEMA DO VÍDEO GRUPO DURAÇÃO DESCRIÇÃO DO

EXPERIMENTO