4 O CNE E A EXPANSÃO DO ENSINO DE GRADUAÇÃO EM
4.3 Autorização e reconhecimento de cursos de Odontologia nas
No sentido de captar o movimento de expansão do ensino de Odontologia foi realizada uma análise descritiva das súmulas dos pareceres da CES/CNE sobre os pedidos de autorização e reconhecimento dos cursos de graduação em Odontologia e de aumento do número de vagas e de credenciamento de IES com oferta inicial de cursos de Odontologia. As súmulas de pareceres compõem o instrumento de divulgação oficial das decisões das Câmaras, proferidas em relatos de processos e são constituídas por número do processo e do respectivo parecer; identificação da parte interessada; síntese da decisão do Conselho Pleno ou da Câmara e em alguns casos, o nome do relator(a). As súmulas dos pareceres estão disponíveis para consulta na página eletrônica do CNE (http:///portal.mec.gov.br/cne) e os dados disponibilizados estão organizados a partir da reunião de outubro de 1997. Nesse estudo foram analisadas as súmulas dos pareceres da CES/CNE de 1997 a 2007. Foi possível perceber que apenas uma parcela (47%) dos pedidos de autorização de novos cursos de graduação de Odontologia no período estudado obteve parecer favorável da CES/CNE (TAB. 7). Chama a atenção, no período estudado, o ano de 1998, em que a CES/CNE avaliou o maior número (68) de processos de autorização de cursos de Odontologia e que foi favorável em apenas 17 (25%) dos casos. Esses processos foram relatados em dois pareceres - 138/98 e 139/98 - pela Conselheira Silke Weber. Esses resultados parecem indicar que, em alguns casos na área de Odontologia, havia certa convergência entre os critérios adotados pela Comissão de Especialistas e a CES/CNE para avaliação dos processos de autorização de novos cursos, como se pode ler nos Pareceres CES/CNE 138/98 e 139/98, respectivamente.
Com base na análise realizada pela Comissão de Especialistas designada pela SESu e na avaliação das características do corpo docente, consistência de proposta curricular e informações sobre infra-estrutura, manifesto-me contrária ao prosseguimento dos seguintes processos de autorização de cursos de Odontologia
Considerando a análise feita pela Comissão de Especialistas, instituída pela SESu/MEC, e a avaliação da titulação do corpo docente, consistência da proposta curricular e característica de infra-estrutura, recomendo o
prosseguimento dos processos abaixo relacionados mediante a organização de visita de Comissão Verificadora.
Em caso de divergência com a avaliação realizada pela Comissão de Especialista da área, a CES/CNE adotava os seguintes procedimentos, de acordo com um dos conselheiros entrevistados.
Tais processos foram, então, baixados em diligência, solicitando-se aos proponentes complementarem ou aprofundarem informações. A resposta à diligência e a sua aceitação pelo CNE foi em seguida encaminhada à SESu, para apreciação da Comissão de Especialistas que, na maioria das vezes, concordou com o parecer sugerido pelo CNE. Ou seja, o que pretendiam os Conselheiros era que as propostas de abertura de cursos fossem avaliadas no mérito e não na restrição do acesso ao mercado profissional, buscando assegurar formação de qualidade (E1).
E em 2001, a CES analisou 10 processos de autorização e autorizou metade deles (TAB. 7). Entretanto, a totalidade de processos de reconhecimento ou de renovação de reconhecimento de cursos de graduação em Odontologia obteve parecer favorável da CES/CNE. Percebe-se ainda que, ao longo do tempo, reflexo das mudanças na legislação sobre as atribuições da CES/CNE, ocorreu uma diminuição de pareceres da CES/CNE sobre autorização e reconhecimento de cursos de Odontologia (TAB. 7).
TABELA 7
Pareceres da CES/CNE relacionados ao Ensino de Odontologia, de acordo com as súmulas dos Pareceres, 1997 a 2008 Ano Autorização de cursos Reconhecimento / renovação de reconhecimento de cursos Ampliação de vagas Credenciamento de IES (com oferta inicial de curso de Odontologia) N Aprovados N (%) N Aprovados N (%) N Aprovados N (%) N Aprovados N (%) 1997 5 5 (100) 1 1 (100) - - - - 1998 68 17 (25) - - - - 1999 6 6 (100) 2 2 (100) 1 - - - 2000 11 10 (91) 1 1 - - - 2001 10 5 (50) 13 13 (100) 1 1(100) - - 2002* 3 3 (100) 3 3 (100) - - - - 2003 1 1 (100) 11 11 (100) - - 1 1(100) 2004 1 1 (100) 4 4 (100) - - - - 2005 3 3 (100) 12 12 (100) - - - - 2006 - 13 13 (100) - - - - 2007 - - - - 2 2 (100) Total 108 51(47,2) 61 61(100) 2 1(50) 3 3 (100)
Fonte: Súmulas dos Pareceres da CES/CNE – out.1997 a dez/2007
*Em 2002, foram observados dois pareceres referentes ao arquivamento de processos de autorização de cursos de Odontologia.
Os resultados da análise descritiva das súmulas dos pareceres da CES/CNE sobre os processos de autorização e reconhecimento de cursos de graduação em Odontologia revelaram o importante papel dessa instância na regulação das políticas de expansão da educação superior no Brasil e retrataram também as ações e as interações entre os distintos atores. No entendimento da pesquisadora, em que pese a divergência entre os critérios adotados pela CES/CNE e SESu/MEC de um lado e a Comissão de Especialistas e CNS de outro lado, verificou-se que, no período estudado, também houve convergências entre esses atores. Essa convergência pode ser avaliada, no período estudado, pelo grande percentual de pedidos de autorização de abertura de cursos de Odontologia que foram indeferidos pela CES/CNE.
Assim, esses resultados parecem confirmar a avaliação de um dos conselheiros entrevistados, quando considera que, no âmbito da CES/CNE,
No que se refere ao curso de Odontologia, bem como a outros cursos, a disputa por iniciativas privadas de formação em nível superior de toda ordem foi impulsionada, sem que ocorresse concomitantemente a esperada “peneira” que, segundo a concepção então dominante, a quantidade ativaria. Multiplicaram-se, indiscutivelmente, novas oportunidades de formação, que ainda aguardam uma crítica construtiva para que o país possa de fato oferecer formação superior de alto nível capaz de enfrentar a complexidade dos problemas nacionais e em suas relações com o mundo
(E1, grifo nosso).
É neste sentido, que se busca analisar os possíveis efeitos dessa expansão da oportunidade de formação em Odontologia no contexto dos cursos de graduação em Belo Horizonte/MG.