• Nenhum resultado encontrado

Autuação do Ministério Público, assistência judiciária e atendimento

3.6 DA ASSISTÊNCIA, PROCEDIMENTOS E MEDIDAS PROTETIVAS

3.6.4 Autuação do Ministério Público, assistência judiciária e atendimento

Visando a garantia integral de valorização à pessoa da ofendida, o legislador trouxe, além daquelas já previstas no ordenamento jurídico, atribuições aos órgãos, bem como, cuidou-se em oferecer diversidade e capacitação no atendimento a ser distribuído às vítimas, quando alvo da violência intrafamiliar.

286 BRASIL. Lei n. 11.340, de 07 de agosto de 2006. Lei Maria da Penha. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm>. Acesso em: 27 mar. 2018, às 18h44min.

287 FERNANDES, Valéria Diez Scarance. Lei Maria da Penha: o processo penal no caminho da efetividade: abordagem jurídica e multidisciplinar (inclui Lei de Feminicídio). São Paulo: Atlas, 2015. Disponível em:

<https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597000429/cfi/0!/4/4@0.00:56.2>. Acesso em: 27 mar. 2018, p. 169.

3.6.4.1 Papel do órgão ministerial

Precipuamente, cumpre destacar que o Ministério Público é o órgão responsável pela garantia da ordem jurídica, do regime democrático, da moralidade, dos direitos sociais e individuais, sendo de suma relevância a sua autuação na Lei nº 11.340/2006, porquanto, agirá na proteção da ordem jurídica, que foi afetada no âmbito criminal, bem como, interferirá na valorização da dignidade da vítima quando violentada de seus direitos. 288

Destarte, a autuação do agente ministerial, encontrasse amparada no art. 25 da lei em comento, que assim dispôs: “ o Ministério Público intervirá, quando não for parte, nas causas cíveis e criminais decorrentes da violência doméstica e familiar contra a mulher. ” 289

E por fim, trouxe o legislador, seguidamente, um rol complementar de atribuições institucionais e funcionais do órgão ministerial, estando previstas no art. 26 da Lei nº 11.340/2006, in verbis:

Art. 26: Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de outras atribuições, nos

casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, quando necessário:

I - requisitar força policial e serviços públicos de saúde, de educação, de

assistência social e de segurança, entre outros; II - fiscalizar os

estabelecimentos públicos e particulares de atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, e adotar, de imediato, as medidas administrativas ou judiciais cabíveis no tocante a quaisquer irregularidades constatadas;III - cadastrar os casos de violência doméstica e familiar contra

a mulher. 290

3.6.4.2 Assistência judiciária conferida às vítimas

Tencionando garantias de assistência integral à vítima da violência doméstica e familiar, o art. 27 da Lei Maria da Penha 291 consigna a imprescindibilidade de acompanhamento de advogado a todos os atos processuais, todavia, não se fazendo

288 SOUZA, Sérgio Ricardo de. Comentários à lei de combate à violência contra a mulher: Lei Maria da Penha 11.340/20060: comentários artigo por artigo, anotações, jurisprudência e tratados internacionais. Curitiba: Juruá, 2007. p. 135-136.

289 BRASIL. Lei n. 11.340, de 07 de agosto de 2006. Lei Maria da Penha. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm>. Acesso em: 28 mar. 2018, às 14h44min.

290 Ibidem.

291 Art. 27 da Lei nº 11.340/2006: em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a mulher em situação de violência doméstica e familiar deverá estar acompanhada de advogado, ressalvado o previsto no art. 19 desta Lei.

necessário, nas medidas protetivas de urgência (art. 19 Lei nº 11.340/2006). Seguidamente, o art. 28 292 estabelece que toda mulher, quando violentada, deve ter garantia ao acesso à Defensoria Pública ou da assistência judiciária gratuita, em ambas as fases processuais, seja ela investigativa ou instrucional, salientando que, os servidores que atuam nesta área, devem ter a sensibilidade necessária para não agravar ainda mais o ânimo e a própria lesão sofrida. No que concerne a AJG e aos serviços da Defensoria Pública, frisa-se que, a primeira está vinculada a Lei nº 1.060/50, ao passo que a segunda, devem ser prestados à vítima com a finalidade de orientação jurídica, porém, não se enquadrando aos preceitos da lei ora referida, deverá constituir advogado para lhe acompanhar aos atos processuais. 293

3.6.4.3 Equipe de atendimento multidisciplinar

Encontra-se inserida a equipe de atendimento multidisciplinar nos artigos 29 ao 32 da Lei nº 11.340/2006 sendo, sobremaneira benvinda, pois a vítima, ao ser violentada deverá receber tratamento especial e completo, voltado sempre ao respeito à dignidade. A composição da equipe, basicamente é formada por profissionais das áreas da saúde, psicossocial e jurídica. No mais, faz-se necessário apontar que, diante de uma situação complexa, onde, a equipe de serviços múltiplos não tiver condições de atuar, o juiz tem a faculdade de nomear um profissional qualificado para tratar da situação, podendo este ser indicado pela própria equipe. 294

Por fim, realizada uma breve passagem pela Lei Maria da Penha, tratar-se-á no próximo e último capítulo da possibilidade e extensibilidade das medidas e dos efeitos da lei em apreço em prol dos casais homoafetivos, explicitando-se, como justificativa para tal medida, alguns dos princípios constitucionais e o uso da analogia em favor destes. Ao final, encerrar-se-á com as considerações finais, onde serão mencionados os principais pontos destacados na presente pesquisa, bem como, trará em anexo, alguns casos concretos em que houve o acolhimento e deferimento das

292 Art. 28 da Lei nº 11.340/2006: é garantido a toda mulher em situação de violência doméstica e familiar o acesso aos serviços de Defensoria Pública ou de Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da lei, em sede policial e judicial, mediante atendimento específico e humanizado.

293 SOUZA, Sérgio Ricardo de. Comentários à lei de combate à violência contra a mulher: Lei Maria da Penha 11.340/20060: comentários artigo por artigo, anotações, jurisprudência e tratados internacionais. Curitiba: Juruá, 2007. p. 137-138.

medidas protetivas da Lei Maria da Penha em prol de defesa dos casais homoafetivos, em razão da vulnerabilidade situacional.

4 A PROTEÇÃO CONCEDIDA AOS CASAIS HOMOAFETIVOS SOB A ÉGIDE DA