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2. ANÁLISE REFLEXIVA DA INTERVENÇÃO EM JARDIM-DE-INFÂNCIA

2.3. Avaliação

A avaliação consiste “na reflexão sobre o processo educativo abrangendo vários aspetos: objecto, funções, metodologia e aplicações” tal como refere Rosales citado por Cardona (2007, p. 10). Neste processo de recolha de informações, a sua consequente interpretação e ainda, a adoção de decisões, possibilita o aperfeiçoamento das ações educativas (Cardona, 2007), que levam ao processo de avaliação no seu todo. A observação, direta e indireta, do contexto educativo, das crianças, das suas produções,

25 a autorreflexão sobre a prática são as estratégias que permitem a avaliação efetiva da prática profissional (Cardona, 2007).

Este momento, assume, por isso, um papel fundamental para a construção da minha identidade profissional, bem como para a verificação da qualidade do trabalho implementado ao longo das quinze semanas de PPS II.

Tendo em conta as intenções para a ação, delineadas no ponto 2.1.1., e os procedimentos para a prática, delineados no ponto 2.2., considero que de uma forma geral os propósitos pensados para esta prática, foram bem conseguidos.

No que diz respeito à criação de relações afetivas com cada criança do grupo, penso que consegui estabelecer ligação com cada uma das crianças. Mas, a meu ver, mais importante que isso, consegui assumir quando as relações ainda não haviam sido suficientemente solidificadas e por isso, procurei colmatar este tipo de lacunas.

(Nota de Campo N.º 27.3. – 2 de novembro de 2017) Passado o acolhimento, o grupo reuniu-se junto

ao quadro das mensagens, onde eu já me encontrava. A Barbie Princesa disse “yey! A Catarina vai apresentar o quadro das mensagens!”. Este tipo de reações entusiasma-me, pois prova o vínculo estabelecido que as crianças estabeleceram comigo.

Pessoalmente considero a intenção promover e respeitar os momentos de brincar uma das mais bem conseguidas. Estabeleci uma postura quer de observação, quer de participação, dependendo do que o momento pedia, encarando o brincar sempre como um direito pleno da criança.

(Nota de Campo N.º 29.1. - 6 de novembro de 2017) No refeitório, pela manhã, estavam sentados

na mesa o Rodrigo, o Alê, a TI. e a Sporting. Em conjunto disseram “preparámos um bolo para ti!”, isto enquanto brincavam com os alimentos faz-de-conta da caixa dos alimentos. De seguida, cantaram-me os parabéns.

(Nota de Campo N.º 44.3. - 28 de novembro de 2017) Pedi à Bela um momento para que realizasse

comigo o questionário sobre o pequeno-almoço, esta respondeu-me “não, não me apetece, quero ficar aqui!”. Respeitei a sua vontade e por isso deixei a mesma usufruir do seu tempo de brincar.

Houve situações como a construção do portefólio da criança, na qual senti dificuldade em gerir o momento. Isto é, a construção deste instrumento deveria ser feita durante o tempo de fazer, mas este é o momento mais importante da rotina de qualquer criança, na qual estas têm o pleno direito de brincar. Por isso, negociei sempre com o Alê, quais os momentos em que este queria construir o portefólio, destacando sempre a sua vontade.

(Nota de Campo N.º 67.1. - 17 de janeiro de 2018) Durante o tempo de fazer, chamei o Alê para

que pudéssemos continuar o seu portefólio. Este disse-me “agora estou a brincar com o LO.” “E o que preferes fazer agora? Brincar ou fazer o teu portefólio?”, perguntei eu e o Alê respondeu “Brincar”. É impossível contrapor um direito que é tão seu, como o direito de brincar.

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Considerar e respeitar a individualidade, o background, as preferências e a autonomia de cada criança é uma intenção que considero ser transversal a qualquer

contexto educativo. Considero também que foi uma intenção bem conseguida, pois durante a minha prática respeitei as preferências do grupo, percebendo que cada criança tem um background e uma experiência de vida muito particular. Relativamente à autonomia, o próprio ambiente educativo em questão, primava por si próprio neste sentido e por essa razão, a promoção de atitudes de autonomia acabou por acontecer de forma bastante natural. Ainda assim, poderia ter melhorado alguns aspetos relacionados às planificações, tendo em conta a diferenciação pedagógica relacionada com as necessidades especificas de algumas crianças identificadas com Necessidades Educativas Especiais (NEE).

No que concerne à intenção de escutar a voz das crianças, tendo em conta a sua

participação para a ação pedagógica, também considero que tenha sido um objetivo

bem conseguido. Sempre que possível, registei as suas opiniões e interesses de forma a ter voz das crianças como base de todas as atividades estruturadas.

(Nota de Campo N.º 11.5. – 10 de outubro de 2017)

Aproveitei que o grupo estava reunido para lhes perguntar que cores gostariam de usar na atividade que a realizar no dia seguinte, as repostas que obtive foram: azul, vermelho e amarelo.

Quanto à intenção conceder tempo e espaço para a resolução de conflitos entre

as crianças, confesso que nem sempre foi fácil, isto porque, pessoalmente, há um

instinto que me leva a querer ajudar na resolução de conflitos sempre que observo algum. Porém, a PPS II, neste contexto educativo em particular, levou-me a refletir bastante acerca da abordagem à resolução de conflitos e, consequentemente a adotar uma postura mais flexível neste sentido, deixando as crianças resolverem os conflitos por si.

(Nota de Campo N.º 6.7. – 2 de outubro de 2017) Enquanto fazem a refeição ligeira, sentados à

mesa, a Uá. e o LE. entram em conflito, pois o LE. aleijou a Uá. no olha. A Uá. olha para mim, levanta-se e vem em minha direção, enquanto a Barbie Princesa diz:

- Foi o LE. que a magoou no olho! Uá. vem cá! LE. levanta-te! Vem pedir desculpas à Uá.. A Uá. para e o LE. dirige-se até ela, dizendo:

- Foi sem querer, já passou…

- Pede desculpa LE.! – diz a Barbie Princesa. - Desculpa.

Assim, sem qualquer intervenção do adulto, o conflito foi resolvido, sendo a Barbie Princesa a mediadora do mesmo.

No que respeita à intenção para a ação a ser realizada junto das famílias, mais especificamente, demonstrar disponibilidade e comunicar, garantindo a troca de

informações entre a instituição educativa e as famílias, penso que esta tenha sido a

27 apresentação às famílias (cf. Anexo O.), apresentando-me e disponibilizando o meu contacto para facilitar o processo de comunicação. Na minha ótica, a comunicação entre as partes é facilitada quando existe uma relação de confiança e é claro que esta última é algo que demora a ser conquistada, até porque a figura de referência da sala, tida em conta pelas famílias é a educadora de infância. Ainda assim, nos momentos do acolhimento, nos quais tive sempre presente, tentei sempre comunicar com as famílias, mostrando-me disponível para ouvir dúvidas ou curiosidades da parte dos mesmos. O facto de ter sido convidada pela educadora de infância a participar na reunião de pais, também ajudou a que as famílias me vissem como parte da equipa educativa durante a PPS II. A realização do projeto “Vou para Norte!” e as atividades nele desenvolvidas contribuíram para que muitos desses momentos fossem comunicados. As formas escolhidas para a comunicação foram a elaboração de recados, quer para lançar desafios às famílias, quer para pedir a sua colaboração, quer para informar de saídas do colégio, quer para convidar para apresentação final do projeto (cf. Anexo M; p.427).

(Nota de Campo N.º 22.5. – 25 de outubro de 2017) (…) Também perguntei “o que acham de

construírem com os vossos pais uma rosa dos ventos para trazerem sempre convosco?” todos responderam “SIM!”. Neste sentido, ficou definido que iria enviar um recado para os pais pedindo estes elementos.

(Nota de Campo N.º 68.4. – 18 de janeiro de 2018) Findo o dia, dirigi-me para a sala de equipa,

onde se encontrava organizada a exposição. Fiquei ali para ajudar as crianças e poder tirar eventuais dúvidas que os pais pudessem ter. Ouvi a voz o Macaquinho a dizer para o seu pai “anda cá! Tens de vir cá ver uma coisa! Fecha os olhos é surpresa!”. Quando este se deparou comigo na sala, saiu escondendo-se. Ficou intimidado com a minha presença, algo que não é usual. Respeitei a vontade da criança e disse “Macaquinho eu saio já para poderes mostrar a exposição ao teu pai! Não precisas de ter vergonha! Eu saio!”.

Relativamente à intenção de integrar o modelo educativo adotado pelo

estabelecimento educativo, penso que necessitaria de mais algum tempo para de facto

entender o modelo no seu todo. Isto porque, por exemplo, como a PPS II decorreu no início do ano, não consegui acompanhar os momentos de avaliação, como a realização dos COR (Child Observation Record). Ainda assim, e tal como já referi anteriormente, nada melhor do que a prática para efetivamente compreender o funcionamento e os propósitos de uma abordagem tão particular como a abordagem HighScope. Neste sentido, tenho ciente que dei o meu melhor, procurando sempre perceber, junto da equipa educativa, se as minhas ideias e ações estavam de acordo com os ideais gerais da instituição educativa em questão.

Por fim, mas não menos importante, a última intenção para ação por mim delineada, a ser aplicada junto da equipa educativa foi o estabelecimento de relações

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com a educadora de infância, quer com a auxiliar de educação, foi sendo estabelecida, de uma forma bastante positiva. A concretização desta intenção só foi possível, pois tive a sorte de contactar com uma equipa educativa que demonstrou estar sempre disponível a ouvir as minhas dúvidas, questões e ideias. Nos momentos em que estes dois elementos se reuniam para delinear as atividades a serem realizadas na semana seguinte, tentei sempre colaborar com ideias e com registos meus que evidenciassem os interesses demonstrados pelas crianças.

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