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3. INVESTIGAÇÃO EM JARDIM-DE-INFÂNCIA

3.3. Roteiro metodológico e ético

A definição de um roteiro metodológico e de um roteiro ético são passos essenciais quer no decorrer da Prática Profissional Supervisionada, quer na elaboração do processo investigativo no contexto jardim-de-infância. O presente ponto tem como intenção apresentar os princípios metodológicos que guiaram todo processo investigativo, bem como os propósitos éticos nos quais me apoiei no decorrer da PPS II.

3.3.1. Roteiro Metodológico

O processo investigativo deve fazer cumprir um conjunto de procedimentos que levem à bem-sucedida prossecução do mesmo. Por esta razão, é fundamental definir a natureza, o método, as técnicas e os instrumentos utilizados, que permitem a estruturação de toda a investigação elaborada através da experiência da PPS II.

Neste sentido, e no que diz respeito à natureza investigativa, é possível definir-se que esta é qualitativa naturalista de caracter descritivo, dado que a minha pretensão seria conhecer processos, descrevendo-os, compreendendo-os, gerando novo conhecimento. Este caracter descritivo deve-se ainda ao facto do produto final “ser uma descrição «rica» do fenómeno a ser estudado” (Carmo & Ferreira, 2008, p.235) e naturalista pois interagi com os intervenientes da investigação de forma natural, sendo que a fonte direta de dados é também ela natural (Carmo & Ferreira, 2008).

Para entender e descrever de forma rigorosa o “objeto de estudo na sua estrutura e no seu funcionamento”, é fulcral a observação pormenorizada do contexto, tendo “uma única fonte de documentos ou um acontecimento específico” (Carmo & Ferreira, 2008, p. 49). Por esta razão, o método aplicado é a abordagem empírica de estudo de

caso, por investigar um fenómeno atual num contexto específico (Yin citado por Carmo & Ferreira, 2008). A abordagem de estudo de caso combina por norma métodos de coleção de dados, tais como diferentes documentos escritos (pessoais e oficiais), entrevistas, questionários e ainda observações (Carmo & Ferreira, 2008; Eisenhard, 1989). Estas mesmas fontes são regentes do processo investigativo, pois através das mesmas foi possível proceder à análise de dados, outra das partes fundamentais da investigação. Recorrendo a uma analogia, Bogdan e Biklen (1994) referem-se à análise de dados como um funil. Isto é, primeiramente as questões abordadas estão em todas

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em aberto e que com o passar do tempo, com a recolha e análise de dados as questões em análise vão se tornando de caracter fechado e singular. Para isso são fundamentais diferentes técnicas e instrumentos de recolha dos mesmos.

Assim, o trabalho de campo permitiu-me registar “de forma não intrusiva” os acontecimentos, recolhendo simultaneamente diversas informações relevantes para o presente estudo (Bogdan & Biklen, 1994). A observação direta permitiu-me recolher diretamente alguns dos dados necessários para o processo (Quivy & Campenhoudt, 2005). Esta técnica foi posteriormente enriquecida pelo “relato escrito daquilo . . . [que se] ouve, vê, experiencia e pensa no decurso da recolha”, tornando o próprio ato de registo de observação num ato reflexivo sobre as especificidades notadas (Bogdan & Biklen, 1994, p.150). Neste sentido, as notas de campo (cf. Anexo J.) tornaram-se um recurso fundamental para a produção de conhecimento.

Além destas, os registos fotográficos foram técnicas por mim utilizadas, pois tal como referem Bogdan e Biklen (1994), estes são um recurso fundamental por concederem fortes dados descritos, sendo posteriormente “analisadas indutivamente” (p.183).

A entrevista e o inquérito foram dois instrumentos utilizados para a recolha de dados. No caso da entrevista (cf. Anexo P.) esta foi realizada à educadora cooperante, de forma a recolher “dados descritivos do próprio sujeito”, neste caso em particular sobre as conceções que a mesma tem sobre a presente temática (Bogdan & Birken, 1994, p.134). Esta foi semiestruturada, de caracter formal com perguntas abertas, em que o principal objetivo foi a interação direta com a entrevistada (Carmo & Ferreira, 2008).

Relativamente aos inquéritos (cf. Anexo Q.), estes foram realizados às famílias das crianças, sendo que “investigador e inquiridos não [interagem] na situação presencial” (Carmo & Ferreira, 2008, p.153). O objetivo foi conhecer parte da população envolvida no estudo, em que, através de perguntas de resposta aberta e fechada procurei reunir informações relacionadas com os seus modos de vida, condições, comportamentos e opiniões relacionadas com a utilização de tecnologias digitais por parte das crianças nos seus lares (Quivy & Campenhoudt, 2005). Os inquéritos foram distribuídos pelas vinte e cinco famílias, porém apenas onze entregaram as respostas dos mesmos e por isso esta será a amostra a ter em conta.

Foi ainda realizada uma reunião com as famílias acerca da “Utilização das tecnologias digitais em contexto Jardim-de-infância e em contexto familiar” (cf. Anexo

39 R). O objetivo primordial foi aprofundar as conceções das famílias sobre a utilização de tecnologias por parte das crianças e ainda, conhecer as suas perceções sobre o papel dos agentes educativos no que concerne a este tópico. O envolvimento das famílias neste processo foi indispensável, tendo em conta que estas são as primeiras mediadoras das experiências digitais vividas pelas crianças, influenciando-as na utilização das tecnologias (Dias & Brito, 2017).

Após a recolha de dados, chega o momento de análise e triangulação dos mesmos, sendo que este passo é dos mais importantes do plano de investigação, tornando-se a solidificação da mesma (Carmo & Ferreira, 2008). A triangulação de dados consiste assim na utilização de variadas fontes no mesmo estudo, podendo cruzar diferentes teorias de forma a interpretar o conjunto de dados, sendo ainda a realização da confirmação das informações obtidas (Carmo & Ferreira, 2008; Sarmento, 2011). Neste sentido, e para a interpretação dos resultados, a revisão literária adequada e recente é um grande contributo neste processo, pois permitirá a concetualização sobre a temática (Carmo & Ferreira, 2008). Assim, na elaboração de um processo investigativo, a utilização de uma metodologia rigorosa e a produção de novos conhecimentos são aspetos fulcrais no decorrer do mesmo (Beillerot citado por Ponte, 2002).

Por fim, mas não menos importante importa referir que participaram neste estudo todas as crianças da sala.

3.3.2. Roteiro ético

As questões éticas assumem um papel fundamental na profissão da educação de infância no geral, assumindo, na minha opinião um papel caracterizador do perfil profissional do(a) educador(a) de infância.

Relativamente à presente experiência e dada a prática investigativa em questão, foi necessário fazer cumprir uma série de princípios éticos, que tiveram como principal função auxiliar o trabalho de investigação com crianças, bem como garantir o bem- estar de todos os intervenientes. Neste sentido, e apoiando-me nos princípios éticos e deontológicos do trabalho de investigação definidos por Tomás (2011), considero ser relevante destacar alguns pontos, de entre eles os “custos e benefícios”, o “respeito pela privacidade e confidencialidade”, o “consentimento informado” e ainda “informação às crianças e adultos envolvidos”. A explicação da escolha destes pontos encontra-se no Anexo S e T.

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