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Capitulo 2 Descrição e Análise da Intervenção Pedagógica

3. Projeto de intervenção em contexto de creche

3.4. Avaliação da intervenção pedagógica

As atividades acima descritas e analisadas, são exemplos de atividades desenvolvidas em contexto de creche, no âmbito do projeto de intervenção pedagógica. Ao longo da intervenção, muitas questões surgiram, a importância da recolha de evidências, seguida de reflexão, dúvidas constantes ao nível da intencionalidade pedagógica das atividades planeadas e a importância de proporcionar momentos às crianças para que estas seguissem os seus interesses. Avaliando o meu percurso, considero que consegui alcançar os “nossos” objetivos, pois este respondeu e surgiu de momentos (necessidades e interesses das crianças) observados atentamente. O projeto desenvolvido teve por base a teoria da aprendizagem ativa, onde todas as atividades partiram dos interesses e questões demonstradas pelas crianças, tive ainda em conta que a criança ativa escolhe os materiais e decide o que quer fazer com eles. Considero que as atividades foram encadeadas e consistentes, promovendo uma atitude participativa por parte das crianças nas atividades.

No início da implementação do projeto de intervenção pedagógica, não foi fácil adaptar-me ao grupo, às rotinas e à forma como as atividades surgiam, contudo, considero que levei a bom porto a intervenção, pois no decorrer das atividades, estas revelaram-se significativas para as crianças, envolvendo-as em aprendizagens e em algumas experiências chaves da abordagem High/Scope. Estas serviram como apoio na minha reflexão diária às futuras atividades, pois só com o apoio das mesmas, foi- me possível compreender e descrever o que as crianças conseguiam fazer. É por isso fulcral referir as experiências-chave mais significativas que as crianças desenvolveram no presente projeto: “expressar iniciativa”; “comunicar verbalmente”; “explorar objectos com as mãos, pés, boca, olhos, ouvidos e nariz”; “explorar e reparar em como as coisas podem ser iguais ou diferentes” e “repetir uma acção para fazer com que algo volte a acontece, experimentando a sua causa efeito” Hohmann & Post (2011, p. 39).

Desde cedo comecei a incentivar as crianças a que partilhassem as suas ideias e aprendizagens com os outros, como por exemplo na atividade “Mundo às cores”, onde o conto de uma história em grande grupo ajudou as crianças a relembrar e a partilhar as suas aprendizagens, que consequentemente alargou novos desafios. Glauert (2004, pp. 72-87). Esta atividade promoveu uma aprendizagem ativa, quando as crianças exploravam e aprendiam com todo o seu corpo e com todos os seus sentidos. Na

33 atividade “Mundo às cores”, as crianças tiveram oportunidade de explorar um material novo num ambiente diferente (exterior) brincando.

Ao longo da atividade da exploração do arroz, como referi acima, muitas foram as inseguranças das crianças ao mexerem no arroz, contudo, dando tempo às crianças para que estas explorassem, reparei que as crianças mexiam e “brincavam” com aquele material.

Segundo a minha perspetiva, e avaliando o meu percurso, considero que o projeto superou as minhas próprias expectativas. As crianças deram-me sempre mais do que eu esperava. Durante as seis semanas de implementação do projeto, o envolvimento do grupo despoletou interesses e atividades que não estavam planeadas, enriquecendo o projeto em atividades e em estratégias. Outros focos importantes foram o facto de as crianças demonstrarem-me que estavam constantemente curiosas e motivadas, a importância do brincar e que realmente aprenderam e desenvolveram competências em todas as áreas do saber brincando, mostrando-me que não era uma utopia.

Outro tópico importante a referir na minha avaliação refere-se à minha reflexão aportada à documentação de todas as atividades desenvolvidas e a respetiva avaliação de cada uma das atividades, pois sem reflexão tornava-se impossível existir uma avaliação consistente e verdadeira. Os erros do início serviram de aprendizagens no decorrer do projeto. Em todas as atividades revia as evidências e aprendia e repensava em novas estratégias, à luz da teoria que me proporcionou uma sensação de “consegui” alcançar os meus objetivos e consegui promover oportunidades para as crianças.

No que concerne às atividades, tive sempre em atenção o facto de dar enfâse ao processo de exploração, manipulação, descoberta e comunicação, uma vez que, ao longo dos processos de exploração, manipulação e descoberta, as crianças tinham espaço e tempo para dialogarem entre si sobre o que para eles tinha mais significado. No término do projeto de intervenção pedagógica, foram várias as mudanças observadas, desde a forma como as crianças exploravam os materiais até às suas brincadeiras com os mesmos. As crianças demonstravam, no início, uma atitude de receio e insegurança perante a exploração de materiais novos, enquanto que no término do projeto, estas mostravam uma atitude de iniciativa, questionavam o que era, se podiam mexer, se podiam brincar com, entre outras. Outras foram as mudanças observadas, entre elas a forma como as crianças brincavam. Antes, estas brincavam nas áreas e com os brinquedos que estavam “destinados” à brincadeira. Com o projeto promovi uma alteração nas práticas, as crianças brincavam, não só com os materiais que estavam na sala, como com todos os materiais que estavam aos seu alcance durante e após a exploração (arroz, massa, papéis, paus de canela, folhas, entre outros). Quando têm tempo para ir mais além, as crianças exploram e brincam com os materiais, atribuindo-lhes significados nas suas brincadeiras.

No término do presente projeto, e após a reflexão, concluo que o mesmo promoveu momentos ricos em que as crianças se encontravam envolvidas no projeto. As crianças demonstravam uma atitude

34 de iniciativa perante materiais novos e, ao longo das actividades, promovi atividades em que o brincar teve presença constantemente.

No que concerne à minha avaliação pessoal no papel de educadora de infância, considero este tempo de estágio como um início no meu percurso de aprendizagens nas competências do educador de infância, é certo que o tempo foi escasso e que por mais que fosse tornar-se-ia escasso, devido às aprendizagens diárias que fiz. Contudo, criei oportunidades para que as crianças ampliassem o seu conhecimento da diversidade sensorial. Compreendi, com o apoio da educadora que a planificação deve ser revista diariamente, não deve ser estanque nem imposta, deve ser organizada e pormenorizada numa sequência encadeada, tendo intencionalidades educativas como alicerces, é fulcral repensar em todos os momentos e materiais necessários na atividade.

É importante referir a minha preferência pelo contexto de creche. Desde sempre que os bebés me fascinam, na sua forma de aprender, de explorar, de brincar e de interagir. Desde cedo que percebi esta preferência, contudo, a minha experiência no papel em que estive foi única e fez-me compreender que as interações positivas e a criação de um clima de apoio com crianças tão pequenas é um processo complexo e extenso. No final do projeto, e com muitas dificuldades, consegui criar uma relação de segurança e apoio com as crianças, por exemplo, quando uma criança se sentou ao meu colo quando a mãe o veio entregar à sala ou quando antes de dormir uma menina pediu-me para eu me sentar ao pé da cama dela, foram alguns momentos que me fizeram acreditar que, mais do que atividades, fui capaz de criar um clima de confiança com as crianças. Deparei-me muitas vezes com a dificuldade em usar a terminologia certa quando abordava as atividades, aprendi que crianças pequenas aprendem mexendo e não falando nem ouvindo, aprendi que eles mostram os seus interesses e que só por vezes falam nos mesmos. Contudo, e com o apoio da educadora, que me foi apoiando nos momentos de maior dificuldade, superei estas dificuldades e fui conhecendo melhor o grupo, adaptando-me ao seu ritmo e à sua forma de levar a cabo as atividades.

Em síntese, todo o projeto de intervenção pedagógica tornou-se um desafio, onde os objetivos estabelecidos se foram complexificando. Outro objetivo era o de proporcionar ambientes, materiais e atividades que favorecessem a exploração, a descoberta e o brincar. Deste modo, muitas foram as atividades que proporcionaram este objetivo.

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