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Capitulo 2 Descrição e Análise da Intervenção Pedagógica

2. Projeto de intervenção pedagógica

2.1. A Metodologia de investigação e o projeto de intervenção

Segundo Coutinho, Sousa, Dias, Bessa, & Ferreira (2009, p. 376),“A Investigação-Ação, não é uma metodologia de investigação sobre a educação, mas sim uma forma de investigar para educação”

O projeto de intervenção pedagógica desenvolvido no jardim-de-infância e na creche teve como base as seguintes fases: observar, registar8,questionar, refletir, agir, avaliar, modificar e traçar novos

caminhos, foram o ciclo desenhado para levar a cabo este projeto, com a intenção de proporcionar uma melhoria da prática educativa. Este ciclo tem por base a autoavaliação da planificação e da ação, onde é promovida uma optimização dos momentos da ação. Marques & Vieira (1996, p. 620).

Refiro-me a esta metodologia pelos ideais que ela apresenta, pois uma investigação-ação necessita de um período de tempo mais alargado e não me foi possível aprofundar nesta metodologia, contudo, toda a orientação do projeto de intervenção foi desenhada com as “ferramentas” da investigação-ação. Desde a observação, à reflexão, ao questionamento da problemática que fosse ao encontro dos interesses das crianças até à ação, proporcionando uma melhoria no contexto. Como refere Lomax, citado por, Coutinho, Sousa, Dias, Bessa, & Ferreira (2009, p. 360) a investigação-ação “é uma intervenção na prática profissional com a intenção de proporcionar uma melhoria”

O cerne da investigação-ação é proporcionar um questionamento constante da prática com o objetivo de investigar com precisão e intervir em situações particulares educativas no sentido de promover a mudança das práticas. Marques & Vieira (1996, p. 620).

Muitos são os autores que referem a importância do educador reflexivo, onde o foco é direcionado para uma constante reflexão da prática e, posteriormente, uma melhoria na sua intervenção e nos ambientes de aprendizagem. Porém, não é possível ignorar as etapas anteriores à reflexão. Diversos autores defendem que é necessário aprender a ensinar, o melhoramento da prática profissional do educador de infância para analisar o ambiente educativo e dar resposta aos interesses das crianças, detetando a problemática, aliá-la à ação e envolver todos os intervenientes na sua participação.

É urgente investigar, agir e refletir, só relacionando estas três linhas orientadoras da investigação-ação é que é possível desenvolver uma melhoria na prática de intervenção pedagógica.

Ao longo do meu percurso, esta metodologia levou-me a questionar as minhas práticas, obrigando-me, não só a refletir mas também a pesquisar. E foi na pesquisa e à luz de modelos pedagógicos que encontrei um suporte para as minhas dúvidas, obtendo melhores resultados naquilo que

19 fazia, pois na educação de infância, senti que os resultados são demonstrados pelas crianças e não existe uma fórmula que me diga a melhor estratégia para um determinado momento. O objetivo da escolha desta metodologia é o de levar-me a refletir sobre a minha ação, já que esta metodologia direciona-se para uma melhoria nas práticas, tendo por base a “mudança e a aprendizagem” a partir da “mudança”. Fernandes (2006, p. 72)

Estamos perante uma metodologia dinâmica, “uma espiral de planeamento”, de “ação e busca de factos sobre os resultados das ações tomadas, um ciclo de análise e reconceptualização do problema, planeando a intervenção, implementado o plano, avaliando a eficácia da intervenção”. (Matos, 2004, citado por Fernandes, 2006, p. 75).

É importante referir que esta metodologia abrange um cariz investigativo de forma a levar os educadores a refletir sobre as suas intervenções com o intuito de melhorar a prática e proporcionar momentos com verdadeiro significado nos mais variados contextos, quer na educação de infância, no ensino básico e mesmo no ensino superior. (Pérez, 1996, citado por Fernandes 2006, p. 72). É por isso “um tipo de investigação qualitativo”, que se preocupa com a qualidade e continuidade do processo cíclico e não apenas com o produto final. Máximo-Esteves (2008, p. 20). É importante referir que, no desenrolar do projeto, tive o foco em dois grandes objetivos: a investigação – compreensão da problemática e ação – agindo para a mudança. Estes dois objetivos relacionaram-se, dando suporte umas às outras em quatro fases consecutivas defendidas por Pérez Serrano (1994), como demonstra o diagrama:

O papel do educador, nesta metodologia, é caracterizado por uma flexibilidade na planificação das atividades através da observação constante do grupo, do ambiente e das práticas. Seguindo o pensamento de Máximo-Esteves (2008), iniciei este processo do projeto de intervenção pedagógica na fase de observação. Este momento foi dedicado a criar uma ligação com as crianças e também um momento de excelência para observar e registar atentamente os dois grupos. Os momentos de observação foram vários, entre eles, momentos de brincadeiras, em que as crianças dialogavam entre si, diálogos que surgiam em atividades, momentos de grande grupo, momentos de pequeno grupo, conversas que as crianças tinham comigo, em conversa com as educadoras, os momentos de diálogo

Definir o "problema"

Desenhar o plano de ação

Refletir, interpretar e integrar resultados

Elaborar uma proposta prática e observação do funcionamento do mesmo

Ilustração 1 – Diagrama Etapas do projeto de intervenção pedagógica ancorada à metodologia investigação-ação

20 com os pais e ainda com base nos documentos fornecidos pelas educadoras (projeto de turma). Refletindo e questionando-me sobre todos estes momentos de observação, onde as crianças foram demonstrando os interesses e as necessidades, elaborei um possível plano com o aval das educadoras para que fosse ao encontro das expectativas das crianças de maneira a dar resposta àquilo que foi observado. Tendo em conta que os interesses demonstrados em creche eram bastante diferentes dos interesses demonstrados em jardim de infância, reorganizei o tema do projeto procurando dar resposta aos interesses demonstrados pelos grupos, sendo que no grupo de creche optei por criar oportunidades de exploração de materiais novos, relacionando esta exploração com o brincar. No jardim de infância a minha intervenção foi um pouco diferente, já que os interesses das crianças era o de descobrir curiosidades de várias culturas do mundo.

Após a aprovação do plano de intervenção pedagógica, iniciei a implementação do mesmo, tendo em atenção uma planificação consistente, contudo flexível, para que os interesses das crianças fossem sempre o foco, tendo sempre em atenção a aprendizagem pela ação. Ao longo de projeto, não só eu dei apoio às crianças, mas principalmente estas apoiaram-me, participando ativamente em todas as atividades, dando-me mais do que eu pensava inicialmente; em algumas atividades as crianças faziam ligações com atividades anteriores, repetiam atividades em brincadeiras, traziam de casa novas curiosidades que contagiavam o grupo e despoletavam mais e mais interesses e mais motivação. Durante todo este processo de implementação, muitas foram as observações recolhidas, através de fotografias e diálogos, reflexões constantes sobre momentos menos bons que me elucidaram e resultaram em aprendizagens, as quais foram, sem dúvida, a base para uma melhoria no meu percurso.

Em síntese, a observação atenta do grupo, a identificação da problemática, a implementação focada nos interesses das crianças, uma reflexão e avaliação constante, ancorada à abordagem de investigação-ação, possibilitaram-me a compreensão e uma melhoria nas minhas práticas pedagógicas ao longo de todo o percurso.

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