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CAPÍTULO 5 – CULTURA ORGANIZACIONAL E INFORMACIONAL

7.7 Avaliação das culturas informacionais das empresas

A avaliação dos elementos e processos da cultura informacional da Empresa A foi realizada no decorrer das apresentações e análises das informações. Contudo, alguns aspectos foram trazidos para esta seção a fim de sintetizar os indícios obtidos até o momento, bem como auxiliar a verificar se existe cultura informacional na empresa.

Os documentos analisados apresentaram-se bastante favoráveis, na condição de instrumentos que auxiliam a criar e manter a cultura da empresa. Além disso, buscam difundir idéias a respeito da confiança, da colaboração, assim como incentivam o compartilhamento de informação. Porém, a comunicação é incentivada apenas no código de ética das lideranças.

Na observação da empresa, foi constatada a impossibilidade da comunicação entre os funcionários, o uso das TICs mais acentuado por alguns líderes e pelos gerentes, e a existência de alguns mecanismos de incentivo ao compartilhamento de informação/conhecimento.

Nas respostas dos líderes, foi identificado parte dos elementos e processos necessários à cultura informacional. Contudo, também emergiram indícios de que a cultura informacional pode ser melhorada, por exemplo, em relação à falta de confiança para compartilhar a informação.

Com relação à análise das entrevistas, foi possível confirmar algumas das informações obtidas pela observação da empresa e das informações obtidas através da aplicação dos questionários.

As tecnologias de informação e comunicação aparecem valorizadas, tanto na fala do gerente, quanto nas informações extraídas dos questionários fechados; parece que além do aspecto valorativo dado à ferramenta, o uso das tecnologias destina-se a acessar as informações, e melhorar os fluxos de informação. Sendo assim, uma parcela das pessoas que trabalham na empresa fazem uso dos sistemas de informação, as quais também podem contribuir compartilhando as informações e na construção da cultura informacional.

Apesar da recente implantação das TICs, já impacta de forma significativa na cultura da empresa, pois questões que antes eram periféricas ou não tinham

solução, atualmente são facilmente solucionadas ou amenizadas pelo uso dessas ferramentas.

Mesmo não sendo amplamente ou exaustivamente utilizadas por todas as pessoas da empresa, as TICs constituem uma ferramenta relacionada às pessoas e às informações, bem como confirma, pelo eixo temático das tecnologias de informação e comunicação, a existência da cultura informacional, na empresa.

Pelo eixo temático da informação, as observações mostram-se bastante semelhantes às realizadas a respeito das TICs, ou seja, a informação é considerada importante, é utilizada, mas é restrita ao usufruto do mesmo grupo citado anteriormente. Além disso, a informação aparece vinculada mais às tecnologias do que às pessoas e, portanto, existe um deslocamento do trabalho desempenhado pelas pessoas para as TICs, talvez por isso vários aspectos e comportamentos informacionais sejam pouco praticados ou inexistentes.

Pelo eixo temático das pessoas, existem diversos processos elementos e o próprio comportamento informacional, esse percebido como a prática da cultura informacional. Nesse sentido, ficou evidente que, para qualquer elemento, processo ou comportamento encontrado na empresa, é provável que pertença ao nível da gerência ou liderança e, mais uma vez, os funcionários não participam efetivamente na construção da cultura informacional.

Além do nível da gerência e da liderança, também se encontram presentes, sobretudo influenciando a cultura da empresa, os proprietários. No caso da Empresa A, os proprietários parecem não influenciar tanto no que diz respeito à cultura informacional, sendo que essa tarefa parece ter sido dedicada à gerência.

Mesmo para os níveis da gerência e da liderança, os elementos e processos precisam ser mais bem trabalhados para efetivar comportamentos informacionais da empresa, por exemplo, sobre a ausência de valores específicos sobre o trabalho com a informação e sobre as tecnologias de informação e comunicação.

Avalia-se que a cultura informacional da Empresa A se apresenta em dois níveis hierárquicos e, sendo assim, a minoria das pessoas participa. Além disso, seu conteúdo é imposto e não construído pelo coletivo. Apesar de ser restrita a um grupo de indivíduos, essa cultura informacional, considerada uma subcultura da cultura organizacional da empresa, confirma a existência de elementos e processos, além de comportamentos voltados à prática da cultura informacional, mesmo que não estejam presentes e identificadas todas as ações que visam trabalhar a informação.

Sendo assim, encontra-se estabelecida a relação entre as pessoas, a informação e as tecnologias de informação e comunicação na empresa. Quanto à ausência de uma ação, processo, elemento ou comportamento voltado à cultura informacional, deve-se considerar que as particularidades desse tipo de ramo interferem nas características encontradas, tendo como base o modelo de cultura informacional proposto. Além disso, essas diferenças em relação ao modelo são consideradas importantes para ajustar os conceitos do modelo para as diretrizes pretendidas. Deve-se considerar também que as ações e processos voltados a efetivar a competitividade dessa empresa parecem depender da presença e execução da cultura da empresa no geral e da cultura informacional de forma mais específica, pois fica evidente que são os elementos e processos culturais que proporcionam melhor uso e aceitação das TICs.

Mesmo com indícios positivos sobre a presença da cultura informacional na empresa, não é possível desdobrar as constatações para a presença do processo de ICO. Tendo em vista as mudanças pelas quais a empresa atravessou nos últimos anos, presume-se que elas tenham sido necessárias para adaptações da cultura da empresa, visando atender padrões competitivos do setor. Destarte, as adaptações dependeram de fato de mudanças na cultura da empresa, as quais visaram auferir competitividade.

Sendo assim, a empresa possui uma cultura informacional, ainda que restrita, em funcionamento e, a partir disso, as fases e ações do processo de ICO podem ser inseridas. Portanto, não existe ICO na empresa, na forma de processo contínuo.

7.7.2 Avaliação da Cultura Informacional da Empresa B

A avaliação dos elementos e processos constitutivos da cultura informacional da Empresa B foi realizada durante a apresentação e análise das informações dos questionários, bem como no decorrer da análise de conteúdo, na qual se buscou inferir sobre as informações coletadas em cada categoria analisada. Algumas conclusões são trazidas nesta seção, para que, a partir de uma análise mais geral, se possa avaliar a cultura informacional da empresa como um todo.

A primeira constatação é que a presença de elementos e processos da cultura informacional, assim como o comportamento informacional, se faz presente em dois níveis hierárquicos da empresa: da gerência e da liderança. Os funcionários alocados na linha de produção não possuem comportamentos informacionais, por motivos já expostos durante as análises.

As tecnologias de informação e comunicação, utilizadas no sistema implantado na empresa, são aceitas como ferramentas que melhoram os resultados e reforçam a valorização das pessoas. Além disso, assumem a condição de melhorar o desempenho das pessoas - na prospecção e monitoramento, ou mesmo para coletar informações de interesse da empresa -, e auxiliar o controle das atividades rotineiras da linha de produção. Mas não são um diferencial competitivo. São usadas pelos níveis hierárquicos da gerência e da liderança, sendo menos freqüente o acesso aos demais funcionários.

No que diz respeito à informação, também existe um direcionamento evidente de seu uso para as atividades de controle da linha de produção, mas não constitui vantagem competitiva para a organização, porque não existe preocupação da empresa em trabalhar a informação para fins estratégicos, e porque a informação a qual a empresa tem acesso é comumente encontrada em seu ambiente externo.

Essas informações são consideradas comuns e de acesso a todas as empresas, porque os fornecedores constituem a fonte de informação mais importante.

As ações realizadas com o intuito de efetivar os fluxos de informação não constam como objetivos, nem centrais nem periféricos aos interesses da empresa. Por isso, o comportamento informacional segue a mesma tendência de improviso e de desconhecimento por parte daqueles que a praticam.

Ressalta-se que algumas condições favoráveis à cultura informacional se encontram presentes na empresa, lembrando que se restringem às relações do nível da gerência e da liderança; somadas aos indícios dos dois eixos já apresentados, TICs e informação, evidencia-se a presença da cultura informacional. A cultura informacional presente na Empresa B está voltada à informalidade e longe de oferecer qualquer indício de planejamento e controle mais eficiente. Fato que demonstra uma das características principais da cultura da empresa, e sobre a qual, provavelmente, a cultura informacional continue fundamentada. Além disso, essa

informalidade pode indicar falta de clareza sobre as relações da empresa com o próprio ambiente, seja ele interno ou externo.

A cultura dessa empresa parece não influir sobremaneira nas ações e processos que visam à competitividade, porque parece não possuir comportamento pró-ativo e inovador. O que ocorre é a assimilação dos padrões já existentes nas demais empresas do ramo. Mesmo assim, a cultura da empresa, diagnosticada como sendo informacional, não é planejada e controlada, auxilia em questões como a aceitação e o uso efetivo das TICs implantadas na empresa.

A cultura da Empresa B, apesar de se mostrar muito próxima, em vários aspectos, dos elementos e processos do modelo de cultura informacional, não se apresenta em condições de ser qualificada como base possível para a ICO. Infere- se, pois, que é pouco provável que exista ICO, na Empresa B.