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CAPÍTULO 3 – INTELIGENCIA COMPETITIVA ORGANIZACIONAL

3.4 Fontes de Informação para a Inteligência Competitiva

Este tópico vem colaborar para o estabelecimento da relação entre as pessoas, a informação e as tecnologias de informação e comunicação. Portanto, pretende tratar, de forma geral, das fontes de informação mais usadas na ICO, reforçando a importância da informação e a compreensão do processo de ICO.

As fontes de informação têm como principal objetivo alimentar as bases internas da organização. São especialmente relevantes para a questão do monitoramento, cujo tema é tratado em tópico específico deste capítulo. Por conseguinte, devem seguir e atender aos interesses da organização. As fontes devem contemplar a concentração de informações dos seguintes tipos: técnicas, jurídicas, financeiras, estatísticas e setoriais (OLIVEIRA, 2006, p.21), podendo ser complementadas com informações de ordem mais geral, econômica, ou referente ao ambiente interno (REY VÁZQUEZ, 2006, p.35).

Rey Vàzquez (2006, p.36-37) insere, como fontes importantes:

1. os contatos pessoais diretos com os competidores, fornecedores, centros de pesquisa ou universidades. 2. a participação em colóquios, congressos e outras manifestações científicas. 3. as revistas especializadas. 4. as patentes como sistemas de informação já que refletem quais são as grandes tendências tecnológicas e as bases de dados.

Segundo Marcial e Grumbach (2005, p.54-55) as fontes de informação relativas ao ambiente externo podem ser formais e informais. As formais seguem a linha das registradas, publicadas e, portanto, podem ser acessadas legalmente, ainda que se despendam valores financeiros para isso, como ocorre com alguns tipos de bases de dados. Dentre as fontes informais, destacam-se os blogs e sites

de grupos ou listas de discussão na Internet. Marcial e Grumbach (2005, p.55) afirmam que as fontes informais são movimentadas por informações não registradas.

A inteligência competitiva organizacional evoluiu devido aos novos recursos obtidos a partir da Internet. Dessa forma, a ICO atrelou parte de suas fases ou ações ao acesso às bases de dados e fontes de informação encontradas na Internet (QUEYRAS; QUONIAM, 2006, p.75).

A grande dependência da ICO em relação à Internet deve ser um aspecto melhor debatido, principalmente em relação ao surgimento da Internet II (Web 2.0), mencionado por Queyras e Quoniam. A Internet II é considerada uma evolução da Internet e traz em seu bojo problemas que são pouco expostos ou explorados para o futuro da ICO. A nova Internet tem como princípios barrar o avanço e a comunicação entre terroristas e outros tipos de usuários cujos comportamentos são considerados inapropriados pela sociedade e que infringem aspectos legais. A nova Internet não possui o mesmo caráter liberal, lugar no qual todos podem se relacionar e trocar informações sejam quais forem. Barreiras, regras e leis são impostas mais intensamente, fato que afeta diretamente à ICO. Alguns podem afirmar que existem mais benefícios do que desvantagens, mas se muitas informações relevantes para a ICO são coletadas em listas de discussão, como sugere Fuld, entre outras formas não convencionais, então parte das ações realizadas na Internet pela ICO pode ser comprometida.

Oliveira (2006, p.17) corrobora com Fuld (2007) no que tange à importância da Internet como meio e canal, bem como ferramenta e fonte de informação atual para a ICO.

A Internet é uma grande fonte de informação e tornou possível o acesso a instituições como: órgãos públicos, empresas, universidades, museus, bibliotecas, e com a globalização da economia, está crescendo o seu uso para fins empresariais. [...] Dessa forma, a associação Internet/inteligência competitiva não pode ser ignorada pelas organizações, por oferecer, em grande parte, fontes de informação disponíveis gratuitamente (OLIVEIRA, 2006, p.17).

É justamente sobre essa gratuidade que Garber argumenta que a informação perde seu valor, pois uma informação acessível a todos não representa qualquer vantagem para a organização. Discorda-se, parcialmente, dessa posição, pois não se trata de ter acesso e tentar aproveitar informações muito evidentes, mas conseguir extrair, do emaranhado de informações do ambiente externo, algum indicador ou elemento para se chegar, em um segundo momento, à informação valiosa.

Apesar de outras fontes serem importantes, optou-se por enfatizar a Internet, pois nela se localizam diferentes fontes, como as bases de dados de patentes, de literatura científica, informações governamentais, informações sobre a concorrência, bem como as informações sobre os clientes ou nichos possíveis de atuação da organização. É válido também mencionar que, para alguns autores, a Internet é fonte de informação, para outros é tratada apenas como uma ferramenta.

Percebe-se que as fontes estão relacionadas diretamente aos três eixos do presente trabalho. Por um lado, é o local no qual estão armazenadas; por outro, o acesso às fontes e a sua localização é ação que depende das tecnologias de informação e comunicação para ser efetivada; e, por último, percebe-se que as pessoas se relacionam com as fontes, principalmente no que tange às escolhas das mesmas, pois, sendo profissional da informação ou não, as fontes são identificadas como relevantes por pessoas da organização, são classificadas como confiáveis a partir de critérios estabelecidos pelos indivíduos. As fontes de informação são essenciais para produzir dados relevantes para a organização, ou seja, fornecem as substâncias essenciais para os produtos da ICO. Aludir ao que a ICO produz é importante na medida em que o processo deve se desenvolver e ter como um dos objetivos esses produtos. Além disso, fazer referência aos produtos é também relevante porque evidencia a relevância de um dos eixos do trabalho para a ICO, qual seja, a informação.

Os produtos constituem-se basicamente de informações relevantes, cuja finalidade é prover a construção de conhecimentos úteis à tomada de decisão, porém essas informações podem ser estruturadas ou visualizadas, por exemplo, na forma de documentos. Em relato de estudo de caso sobre a Fundação Tabasco A. C, Górgora Sánchez (2006, p.234) cita alguns dos produtos da ICO que podem assumir a forma de: “Perfis de mercado para o setor exportador local (Briefings);

Boletim eletrônico mensal de oportunidades tecnológicas de exportação; Boletim eletrônico trimestral de perspectivas tecnológicas setoriais” (Tradução nossa).

Segundo Oliveira (2006, p.5), os produtos da ICO têm o objetivo de fornecer subsídios para a tomada de decisão, e devem apresentar três características: “ - Resultam da aplicação de técnicas e modelos analíticos na coleta de dados; - Buscam interpretar o significado de fatos ou situações, estabelecendo suas implicações para a organização; - São produzidos para os tomadores de decisão”.

Além disso, os produtos podem variar segundo a percepção que se tem sobre o processo de ICO, ou seja, serem percebidos como a informação coletada, tratada e disseminada. É plausível considerar que o produto mais valioso da ICO não fique restrito à informação tratada; a informação em si não deve ser percebida como o único produto da ICO, mas como subsídio para o produto verdadeiro, qual seja, o conhecimento gerado a partir da informação, que possibilita a tomada de decisão.