Avaliação de frutos coletados em diferentes meses e em uma mesma

Como nas safras anteriores não foi verificada como os diferentes tratamentos influenciam na qualidade do óleo extraído da polpa, optou-se por realizar novas coletas, porém em meses diferentes. Os objetivos foram avaliar se os tratamentos selecionados são capazes de manter a qualidade do óleo após 30 dias de armazenamento e se a coleta de frutos frescos em dois meses subsequentes resultaria em características diferenciadas dos frutos e do óleo da polpa desses frutos.

Os frutos foram coletados apenas no campus da UFMG, na safra 2013/2014, sendo a primeira coleta realizada no dia 09 de dezembro e a segunda no dia 20 de janeiro. Da mesma forma que na etapa anterior, os frutos foram coletados do chão e separados em três diferentes lotes:

 Lote 1 - frutos armazenados sem tratamento prévio;

 Lote 2 – frutos lavados com água, imersos rapidamente em solução de hipoclorito de sódio (2 % de cloro ativo) e secos à temperatura ambiente;

 Lote 3 - frutos caídos no chão, lavados com água, imersos rapidamente em solução de hipoclorito de sódio (2 % de cloro ativo) e secos na estufa a 60 ºC por 24 h.

Nessa etapa, uma semana antes de cada coleta, todos os frutos que estavam na área determinada para a coleta foram recolhidos, garantindo assim que os frutos analisados estivessem no chão por um período de no máximo sete dias.

Foram realizadas as análises físico-químicas (umidade, teor de óleo, acidez titulável, atividade de água) apenas na polpa. Também foram feitas a extração do óleo e a medida de

sua acidez, com o intuito de verificar a influência de cada tratamento no índice de acidez do óleo, e consequentemente no percentual de ácidos graxos livres.

A extração do óleo foi realizada com o solvente éter de petróleo, de acordo com o método Bc 3-49 da American Oil Chemists’Society (AOCS, 2009).

Todas as análises desta etapa foram feitas em triplicata, logo após cada tratamento e após os trinta dias de armazenamento em temperatura ambiente. As condições climáticas (temperatura e umidade relativa) da região de Belo Horizonte durante o período que os frutos ficaram armazenados podem ser vistas no Apêndice A. Os dados foram tratados por análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, utilizando o software Sisvar 5.6 (FERREIRA, 2011).

4.2 Acompanhamento das características físico-químicas da polpa e óleo obtidos de frutos armazenados presos ao cacho

Os resultados obtidos nas análises de três safras consecutivas indicaram que os tratamentos utilizados na pós-coleta dos frutos, contemplando a higienização com hipoclorito de sódio ou a higienização com hipoclorito de sódio seguido de secagem foram parcialmente eficientes, tendo proporcionado uma melhor manutenção da qualidade da polpa, mensurada pela menor acidez titulável após 30 dias de armazenamento. Contudo, nenhum dos tratamentos foi eficiente para impedir ou minimizar a acidificação do óleo obtido da polpa dos frutos, indicando uma necessidade de processamento do fruto em um tempo pós-colheita inferior a trinta dias.

Nos trabalhos anteriores foram coletados frutos caídos naturalmente de cachos presos ao engaço fixado na palmeira. Uma vez que a coleta do cacho é uma opção a ser considerada principalmente quando da instalação de plantio planejados para o aproveitamento industrial, a última avaliação deste trabalho considerou esta estratégia.

Assim,com o objetivo de identificar até quantos dias após a coleta, frutos da Macaúba presos ao cacho podem ser armazenados com conservação da qualidade nas partes polpa e óleo extraído da polpa, partiu-se para a avaliação do processo de acidificação desses frutos. Para isso foi coletado um cacho inteiro na zona rural do município de Taquaraçú de Minas, no dia 28 de janeiro de 2015. É importante salientar que o cacho somente foi retirado após a abscissão dos primeiros frutos, o que é considerado um sinal de maturação do cacho (TAPETI

et al., 2013; SILVA, 2011). A Figura 13 mostra a foto da palmeira e do cacho durante e após

No dia seguinte após a coleta, o cacho foi levado para o laboratório de Processos e Produtos da Macaúba, localizado no Departamento de Engenharia Química da Escola de Engenharia da UFMG, e deixado sobre a bancada, conforme pode ser visto pela Figura 13.

Os frutos foram mantidos no cacho, e a cada segunda-feira e quinta-feira, correspondendo a um intervalo de 4 e 3 dias, respectivamente, os frutos caídos naturalmente e os caídos após a viragem do cacho foram coletados. O cacho foi virado apenas nos dias da coleta para proporcionar a ventilação dos frutos que ficavam em contato com a bancada. Após a contagem dos frutos, 24 destes frutos foram selecionados aleatoriamente para as análises físico-químicas na polpa e extração de óleo. Destaca-se que em algumas datas havia menos frutos caídos que os 24 necessários para as análises. As coletas ocorreram até o desprendimento total dos frutos do cacho.

Além das análises físico-químicas, também foi determinada a massa total e a massa das partes (casca, polpa, endocarpo + amêndoa). Para isso, dos 24 frutos, 10 foram selecionados, também ao acaso, para determinação das massas de cada parte do fruto, sendo

A

B C

Figura 13 - Palmeira e cacho de Macaúba: (A) e (B) no local da coleta; (C) cacho no laboratório de Processos e Produtos de Macaúba.

este número maior que o recomendado por Manfio et al. (2011a) na determinação de características biométricas com 95% de confiança.

A cada coleta, todos os frutos foram descascados e despolpados manualmente, e as polpas que não foram usadas no dia da coleta foram devidamente identificadas e congeladas.

Para verificar se havia diferenças na maturação dos frutos armazenados no próprio cacho ou armazenados fora do cacho, no primeiro dia em que houve um grande desprendimento dos frutos, após a separação dos 24 frutos, o restante foi armazenado em cestos plásticos com furos. A cada segunda e quinta-feira, correspondendo a um intervalo de 4 e 3 dias, foram feitas as mesmas análises citadas anteriormente, exceto a análise de determinação da massa de cada parte, até o esgotamento desses frutos. Nos frutos que ficaram armazenados no cesto, para cada dia de análise também eram selecionados 24 frutos aleatoriamente.