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O valor econômico representado pela Macaúba pode ser avaliado em função das amplas possibilidades de seu aproveitamento integral (CETEC, 1983).

As folhas são empregadas como forrageiras aos animais ou como matéria-prima na obtenção de fibras destinadas à produção de linhas, cordas e redes. Os espinhos, duros e resistentes, podem ser utilizados como alfinetes para rendeiras, que também utilizam o endocarpo na confecção dos bilros (CETEC, 1983).

De acordo com Lorenzi (2006) vários destes usos foram referenciados apenas como registro histórico ou em desuso, pela substituição por produtos industrializados ou similares sintéticos, como é o caso do uso das fibras como linha ou dos espinhos como agulhas.

O produto economicamente mais representativo da palmeira é o fruto. Tanto da polpa como da amêndoa podem ser obtidos óleos, e as tortas geradas pela sua extração podem ser usadas como ração animal, devido seu elevado valor proteico, ou ainda como ingredientes de alimentos como bolos e biscoitos. O endocarpo pode ser utilizado como insumo energético para a produção de carvão, e ainda para a produção de carvão ativado.

A exploração industrial do fruto da Macaúba em grande escala tem se dirigido principalmente ao aproveitamento do óleo de polpa visando à produção de biodiesel.

Uma dificuldade que a Macaúba apresenta está ligada a colheita do fruto, que quando maduro desprende-se do cacho e cai no chão. Ao entrar em contato com o solo, o fruto sofre contaminação por microrganismos e consequente deterioração e alteração em praticamente todas as partes (Figura 7), o que compromete a qualidade do óleo (MOTA et al., 2011).

Além dos microrganismos presentes no solo, os frutos da macaúba também estão sujeitos à contaminação de microrganismos associados à própria planta. A biodiversidade microbiana presente em frutos depende de fatores ambientais da região onde se encontram como umidade, temperatura e população do solo, além das propriedades físico-químicas de cada espécie de fruto (DIAS, 2012).

Os frutos da Macaúba, coletados diretamente do solo, apresentam quase sempre uma contaminação por microbiota variada que atinge a polpa do fruto, seja pela ruptura do epicarpo durante sua queda no chão, seja pelo pedúnculo do coco. Dessa maneira a polpa do coco, exposta diretamente à atmosfera e umidade é susceptível ao ataque de fungos e bactérias, sofrendo a ação das enzimas lipolíticas que hidrolisam os glicerídeos liberando ácidos graxos (CETEC, 1983).

O aumento dos ácidos graxos livres, devido às reações de hidrólises pelas lipases, resulta no processo de acidificação do óleo. Sabe-se que as lipases são enzimas que podem estar naturalmente presentes nas plantas e nas sementes ou podem ser produzidas por microrganismos (ARAÚJO, 20011a). No entanto, as lipases envolvidas no processo de acidificação do óleo da polpa da Macaúba ainda são muito pouco estudadas. Com o objetivo de avaliar as causas da acidificação do óleo da polpa da Macaúba, CAVALCANTI- OLIVEIRA et al. ( 2015) avaliaram a presença de lipases produzidas pela própria Macaúba e produzidas por microrganismos contaminantes. Os resultados obtidos pelos autores sugeriram que nenhuma lipase natural da planta estava envolvida na hidrólise do óleo. Por outro lado, foram isolados cinco diferentes fungos produtores de lipases, o que sugere que o óleo da polpa da Macaúba é hidrolisado por lipases produzidas por microrganismos, sendo então

Figura 7 - Qualidade dos frutos da Macaúba coletados em diferentes situações: A, B – Frutos com ataque de fitopatógenos; C, D – Frutos coletados no chão.

necessária a investigação de diferentes métodos para controlar o crescimento microbiano a fim de impedir a acidificação do óleo.

A etapa de pós-colheita do fruto é ainda muito pouco estudada e a extração do óleo é feita aplicando-se tecnologias adaptadas de outras oleaginosas. Estes fatores contribuem para a baixa qualidade do óleo comercializado no cerrado brasileiro (SILVA, 2009). Pesquisas sobre conservação pós-colheita do fruto da Macaúba tem sido publicadas recentemente. Alguns métodos químicos e físicos de conservação tem sido estudados como o uso de soluções com diferentes pH, uso de autoclave e pasteurização (CAVALCANTI-OLIVEIRA et

al., 2015), além de radiação gama e secagem em estufa por quatro ou oito dias (MARTINS,

2013). Apesar de alguns dos tratamentos terem auxiliado na preservação da qualidade do óleo, nem sempre apresentam baixo custo operacional e de investimento.

O extrativismo em populações silvestres ainda é a única forma de obtenção da Macaúba, sendo este processo realizado geralmente por agricultores/catadores, que vivem nas áreas de ocorrência natural da espécie (LORENZI et al., 2011).

Atualmente a cadeia produtiva da Macaúba está em processo de reestruturação. No estado de Minas Gerais, o elo de produção agrícola da Macaúba tem se sustentado principalmente em dois segmentos: o extrativismo de maciços naturais e a implantação de plantios comerciais da espécie (MOREIRA E SOUZA, 2009).

Apesar de o extrativismo apresentar como característica a disponibilidade dos frutos para colheita imediata, uma vez que os macaubais nativos já se encontram em produção, apresentam alta variabilidade na qualidade da matéria-prima e produção variando ao longo dos anos, resultando em sazonalidade na sua oferta (MOREIRA E SOUZA, 2009).

Os produtos e coprodutos da Macaúba são extremamente versáteis, atendendo aos principais mercados consumidores: indústria alimentícia, indústria cosmética e de higiene pessoal, siderúrgica e metalúrgica, indústria química e farmacêutica. Entretanto, a ausência de escala de produção e de fornecimentos são entraves para o mercado ainda não utilizar esses produtos, o que pode ser contornado com os plantios comerciais (ARAÚJO, 2011b).

Os plantios comerciais da espécie ainda estão em fase de implantação, com produção estimada dentro de cinco a sete anos. As principais vantagens deste segmento são o maior número de indivíduos por hectare e a padronização das linhas de cultivo, esperando assim, que os plantios apresentem menor variabilidade na qualidade dos frutos que os maciços naturais (MOREIRA E SOUZA, 2009).