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Avaliação do conjunto de indicadores de sustentabilidade aplicado à gestão

5. PROPOSTA DE INDICADORESLOCAIS DE SUSTENTABILIDADE

5.3 Avaliação do conjunto de indicadores de sustentabilidade aplicado à gestão

Dando prosseguimento à consulta realizada com os gestores municipais, após a identificação das prioridades para a gestão de RSU em São Carlos, os entrevistados foram convidados a analisar os resultados da aplicação do conjunto de indicadores, tal qual foi proposto por Milanez. Neste momento, foi introduzido um quadro (Apêndice I) contendo a aplicação dos 12 indicadores nos anos de 2006 e 2007.

Em conjunto com os gestores, os indicadores foram analisados individualmente. Expostos os critérios e as informações levantadas para a aplicação de cada indicador, os resultados obtidos foram bem recebidos pelos gestores, que avaliaram positivamente o conjunto enquanto um importante instrumento de gestão para RSU.

Também não houve discordância quanto à avaliação da tendência à sustentabilidade expressa pelo conjunto, apesar da maioria dos indicadores ter sido avaliada como sendo desfavorável (6 de 12 indicadores) ou muito desfavorável (2 de 12 indicadores) à sustentabilidade.

Porém, visando adaptar estes indicadores ao contexto da gestão de RSU em São Carlos, impõe-se como condição sine qua non que as características locais e as prioridades estabelecidas sejam levadas em consideração. Foi solicitado, então, que os gestores ponderassem suas impressões acerca de três aspectos deste conjunto: o tema abordado pelo indicador, sua fórmula de cálculo e a tendência à sustentabilidade expressa por ele. Os resultados dessa discussão foram resumidos no quadro 31.

Num sistema municipal de indicadores, apenas quatro (em destaque no Quadro 31) dos 12 indicadores seriam integralmente mantidos pelos gestores. Por outro lado, um único indicador seria excluído pela SMOSP: trata-se do indicador 5, que avalia a existência de parcerias do Poder Público com outras esferas de poder ou com a sociedade. De acordo com os entrevistados, este tema (parcerias) já estaria contemplado no indicador 4 referente à existência de canais de participação popular. Os demais indicadores sofreriam algum tipo de ajuste.

Foi sugerido, por exemplo, a ampliação do recorte dos indicadores 1, 2 e 7. O primeiro, que mede a assiduidade dos trabalhadores formais da coleta domiciliar de resíduos, deveria contemplar também os funcionários dos demais setores de limpeza urbana. O indicador 2, por sua vez, avalia apenas as condições de trabalho dos catadores; não faz menção às situações de risco a que estão expostos os garis. Quanto ao indicador 7, se adaptado ao contexto de São Carlos, deveria refletir a porcentagem da população atendida pela coleta seletiva, uma vez que a coleta domiciliar (mistura) já atende 100% da população.

Em relação ao indicador sobre eficiência econômica (8), foram feitas algumas críticas quanto ao seu cálculo. Um dos gestores sugeriu que a eficiência econômica poderia ser aferida pela porcentagem do orçamento público municipal gasto com os RSU. Segundo o entrevistado este cálculo facilitaria a comparação com outras cidades.

QUADRO 31 – Sistematização dos resultados obtidos com a consulta aos gestores públicos sobre a aplicação do conjunto de indicadores de sustentabilidade para a gestão de RSU em São Carlos/SP. (1) Gestores da Secretaria Municipal de Obras e Serviços Público – SMOSP e (2)

Gestores da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável, Ciência e Tecnologia – SMDSCT

TEMA FÓRMULA TENDÊNCIA À SUSTENTABILIDADE

Manter Alterar Excluir Manter Alterar Excluir Manter Alterar Excluir INDICADORES

1 2 1 2 1 2 1 2 1 2 1 2 1 2 1 2 1 2

(1) Percentual de homens.dias efetivamente

trabalhados. X X X X X X

(2) Existência de situações de risco. X X X X X X

(3) Percentual das pessoas que atuam na cadeia de resíduos que têm acesso a apoio ou orientação definidos em uma política pública

municipal.16

X X X X X X

(4) Participação da população através de canais

específicos para gestão dos RSU. X X X X X X

(5) Existência de parcerias com outras esferas

do poder público ou com a sociedade civil. X X X X X X

(6) Existência de informações sistematizadas

e disponibilizadas para a população. X X X X X X

(7) Percentual da população atendida pela

coleta misturada de resíduos. X X X X X X (8) Eficiência econômica dos serviços de

limpeza pública (kg de resíduos coletados e

tratados / R$ 1.000,00). X X X X X X

(9) Percentual autofinanciado do custo de

coleta, tratamento e disposição final dos RSU. X X X X X X

(10) Percentual das áreas degradadas pela

gestão dos RSU que já foram recuperadas. X X X X X X

(11) Implementação das medidas mitigadoras previstas nos estudos de impacto ambiental das

atividades relacionadas à gestão dos RSU e obtenção de licenças ambientais.

X X X X X X

(12) Percentual, em peso, dos resíduos coletados pelo poder público que não são

encaminhados para a disposição final. X X X X X X

Outra sugestão feita por um dos gestores foi dividir o indicador 11 em dois: um para avaliar a obtenção das licenças ambientais e outro para medir o cumprimento das condicionantes previstas nos estudos de impactos ambientais. Este mesmo gestor também alteraria o indicador 12, cuja temática trata da recuperação dos RSU pelo Poder Público. Ao invés de resíduos coletados pelo Poder Público, o novo indicador avaliaria o percentual de recuperação dos resíduos apoiados pelo Poder Público. Na visão do gestor, para efeito de cálculo deste indicador, a prefeitura não necessitaria realizar ela própria a coleta dos resíduos; bastaria que ela desse suporte à atividade, através de parcerias, como ocorre com as cooperativas de coleta seletiva.

Os dois resultados extraídos da consulta feita aos gestores, ou seja, a identificação dos problemas que podem ser considerados prioridade para a gestão de RSU em São Carlos, e a avaliação dos indicadores que compõem o conjunto de Milanez, foram confrontados a fim de auxiliar a proposição do novo conjunto de indicadores locais de sustentabilidade.

Para isto, os indicadores do conjunto de Milanez foram classificados em três grupos, de acordo com os critérios a seguir (Quadro 32):

ƒ Pertencem ao GRUPO 1 aqueles indicadores que atendem a um problema e que têm sua formulação (tema + cálculo + tendência + aplicação) mantida integralmente.

ƒ Pertencem ao GRUPO 2 os indicadores que atendem a um problema, porém há a necessidade de ajustes em sua formulação.

ƒ Pertencem, por fim, ao GRUPO 3, os indicadores que não atendem a um problema destacado pelos gestores como prioridade para a gestão de RSU em São Carlos.

Ao final da classificação dos indicadores nos três grupos descritos acima, restaram ainda alguns problemas não relacionados diretamente a nenhum dos indicadores do conjunto de Milanez. Foram eles:

(4.2.a) Falta de fiscalização ambiental e aplicação da legislação pertinente (4.2.b) Sistema operando de modo deficitário e/ou inadequado

o Capacidade instalada de operação super/subestimada

o Inexistência/insuficiência de infra-estrutura e equipamentos (caminhões compactadores, tratores, balanças, esteiras etc)

o Obsolescência ou falta de manutenção/renovação de estruturas e equipamentos (5.2.d) Ausência de atividades de multiplicação de boas práticas em relação aos RSU

Nestes casos, buscou-se na literatura um ou mais indicadores que pudessem atender ao problema em questão.

QUADRO 32 – Classificação dos indicadores de sustentabilidade propostos por MILANEZ (2002) conforme os critérios definidos nos grupos 1,2 e 3

INDICADORES GRUPO 1 GRUPO 2 GRUPO 3 COMENTÁRIOS (1) Percentual de homens.dias

efetivamente trabalhados X

(2) Existência de situações de risco X (3) Percentual das pessoas que atuam na

cadeia de resíduos que tem acesso a apoio ou orientação definidos em uma política

pública municipal X Problemas na aplicação (ausência de dados atualizados)

(4) Participação da população através de

canais específicos para gestão dos RSU X (5) Existência de parcerias com outras

esferas do poder público ou com a sociedade civil

X (6) Informações sistematizadas e

disponibilizadas para a população X (7) Percentual da população atendida pela

coleta misturada de resíduos X

(8) Eficiência econômica dos serviços de limpeza pública (kg de resíduos coletados

e tratados / R$ 1.000,00)

X (9) Percentual autofinanciado dos custos

da gestão de RSU X

(10) Áreas degradadas pela gestão dos

RSU que já foram recuperadas (%) X (11) Implementação das medidas

mitigadoras previstas nos estudos de impacto ambiental das atividades relacionadas à gestão dos RSU e obtenção

de licenças ambientais X Destacado para o aspecto da morosidade do licenciamento

(12) Percentual, em peso, dos resíduos

recuperados pelo poder público municipal X

5.4 Proposta final de indicadores locais de sustentabilidade para a gestão de RSU em