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5. PESQUISA DE CAMPO

5.2. OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE NA EMPRESA A

5.2.3. AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE INTEGRAÇÃO ENTRE DP E PCP

A fim de se avaliar o nível de integração existente entre DP e PCP na empresa A, foram realizadas entrevistas com profissionais das áreas de Engenharia do Produto e PCP. Quatro entrevistas foram realizadas, sendo duas com profissionais da Engenharia do Produto e duas com profissionais do PCP. Estas entrevistas foram conduzidas utilizando-se o roteiro de entrevista apresentado no Apêndice D.

Com base nas informações obtidas junto aos representantes dessas áreas, ficou evidente que ocorre pouca interação entre DP e PCP. O DP e PCP se comunicam efetivamente apenas no início do processo de atendimento do pedido, para definir prazos na ‘Reunião de Consenso’ e em alguns momentos específicos no decorrer do projeto e fabricação para:

(i) PCP cobrar prazos não atendidos pelo DP;

(ii) PCP informar dúvidas ou problemas levantados nos projetos pelo próprio planejador do equipamento ou por colaboradores das áreas de apoio da manufatura (Engenharia Industrial/Processos ou Qualidade);

(iii)Esporadicamente, projetistas da Engenharia de Produto, buscam informações da produção via PCP referente a materiais disponíveis em estoque ou limitações dos equipamentos disponíveis no processo de produção.

Quando questionados sobre em qual aspecto o PCP poderia contribuir nas atividades do DP, um dos entrevistados indicou que uma maior velocidade no retorno de informações seria necessária. O outro destacou que uma efetiva comunicação das alterações realizadas durante a produção, para atender às condições de manufaturabilidade ou montagem, seria extremamente útil para a Engenharia adequar sua base de dados em relação ao material enviado efetivamente ao cliente – aspecto crucial em futuras manutenções ou fornecimento de peças de reposição.

Em relação ao incentivo por parte da empresa para promover formas de integração entre as áreas, os entrevistados foram unânimes em afirmar que quando ocorrem problemas, são duramente cobrados nos casos em que houve falhas de comunicação entre as áreas. No entanto, não existem mecanismos formais na empresa que conduzam a uma comunicação mais efetiva entre as áreas, ou seja, os incentivos à integração só ocorrem quando da necessidade de solucionar problemas já ocorridos.

A questão é: como fazer com que DP e PCP trabalhem de maneira integrada? Um dos entrevistados destacou que acha necessário que esta integração ocorra, mas ao mesmo tempo é difícil, pois as atividades diárias da Engenharia do Produto e do PCP são bastante distintas, consumindo grande carga de seu tempo. O segundo entrevistado indicou que uma proximidade física maior entre as áreas seria interessante a fim de estreitar o relacionamento.

Nas entrevistas com os representantes do PCP, mais uma vez foi possível notar que o grau de interação entre DP e PCP é baixo. Eles também destacaram a comunicação que ocorre no início do projeto, na ‘Reunião de Consenso’, salientando que aspectos técnicos ou dúvidas sobre a PT são pouco tratados nesta reunião, concentrando-se nas questões de

definição de datas para liberações de projetos e negociações de prazos entre as áreas de Engenharia do Produto, PCP, Suprimentos e Administração de Contratos, a fim de atender o prazo de entrega previamente acordado com o cliente.

Com relação a qual aspecto o DP poderia contribuir nas suas atividades, observa-se que o maior problema encontrado pelas áreas de PCP está relacionado ao elevado número de revisões de projetos, as quais comprometem os processos de compra de materiais e o andamento da produção (aumento de work-in-process, retrabalhos, refugo de materiais e aumento de estoques). Neste sentido, eles indicam que uma maior atenção no DP, quando da elaboração e liberação dos projetos, seria importante para minimizar o número de revisões.

Em relação ao incentivo por parte da empresa para a promoção da integração entre as áreas, foi informado que a pressão que ‘vem de cima’ ocorre no sentido de atender ao cliente, no que diz respeito a prazos e qualidade e manter os custos dentro do orçamento do projeto, não havendo uma diretriz clara no sentido de promover uma maior integração intra- organizacional. Também foi destacado que uma maior integração é incentivada, ou até mesmo cobrada, quando da necessidade de solução de problemas, principalmente aqueles relacionados ao atendimento de prazos.

Foi apontada a aproximação física como uma possível solução para que o DP e PCP trabalhem de forma mais integrada. Essa observação justifica-se pelo fato da Engenharia de Produto que predominantemente envia projetos para esta área de PCP do entrevistado, encontrar-se a 230 km de distância, dificultando o processo de comunicação (predominam comunicações por e-mail em detrimento de comunicações pessoais e ações conjuntas para solução de problemas). Um maior compartilhamento de informações também foi sugerido como uma possível solução.

Com base na observação-participante dos processos que fazem parte das interfaces destas áreas foi possível observar as seguintes situações:

• existência de resistências culturais em se compartilhar informações e conhecimentos – não compartilhamento de dados e informações em bases de dados comuns;

• o processo de negócio, assim como a sequência de atividades e suas interdependências não estão claras para as pessoas ou ficam embasadas em suposições (“imagino que a próxima etapa precisa da minha informação deste jeito”), ou seja, não há um alinhamento claro entre as áreas – falta colaboração e visão de processos;

• os controles de engenharia são deficientes e não padronizados no que se diz respeito ao controle do envio de documentos e controle de revisões, porém, quando da

observação destes fatos, havia um esforço da companhia na implantação de um sistema PDM;

• a extrema influência do cliente no projeto com a inexistência de mecanismos formais que inibam alterações em estágios avançados do projeto e fabricação torna-se um problema, elevando o número de alterações em projeto sem um efetivo conjunto de alterações de preço e prazo (falta formalização e aplicação das ferramentas e mecanismos de gerenciamento de projetos);

• a falta de padronização na consecução de atividades tanto das áreas de Engenharia do Produto, quanto dos PCPs, dificulta a integração entre as áreas. Por exemplo, é pouco praticado o compartilhamento de padrões entre as Engenharias de Produto na elaboração dos projetos; os PCPs não utilizam o MRP e MRP II, disponível no ERP da companhia, de maneira uniforme, alguns alimentam corretamente e tomam suas ações utilizando as ferramentas disponíveis e outros não – isso permitiria que as áreas de engenharia pudessem verificar o real estágio de fabricação dos equipamentos antes da condução de alterações de projetos.

Importante destacar-se que por conta do tamanho da empresa e da heterogeneidade de segmentos industriais e consequentemente clientes que ela atende, observou-se uma extrema diversidade de condutas de trabalho, tanto nas Engenharias de Produto para consecução do DP, quanto nos PCPs em suas atividades, ressaltando a necessidade de padronização de processos na empresa e aumento da integração entre as áreas funcionais.