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4 Apresentação e discussão dos resultados

4.3 Dimensão organizacional

4.3.2 Quadros competitivos

Nesta categoria é nosso objetivo perceber se os entrevistados concordam com a forma como estão organizados os quadros competitivos locais da modalidade de futsal e o que melhoraria nos mesmos (ver quadro 20).

Quadro 20. categoria – Quadros competitivos

Subcategorias N

Sim 2

Não 29

Total 31

Nesta categoria todos os professores, à exceção de dois, não concordam com a organização dos quadros competitivos locais. É consensual dizer-se que, na sua maioria, os professores pensam que existe a possibilidade de fazer mais e melhor mas, também, têm a noção, que apesar de ser possível alargar os quadros competitivos, o mesmo acarretaria um maior esforço financeiro.

Penso que neste momento acho que, pelos vistos, já se encontra melhor sempre teve uma boa prática de jogos, há um campeonato que exerce pelas zonas mais próximas, penso que neste momento acho que é o que está mais adequado. Não estou a ver outra forma de (…) poder organizar de uma forma diferente. Pode também ser muita carga para as escolas, carga financeira. (P1)

Tenho sido muito crítico (…) eu penso que o quadro competitivo (…) não é o mais adequado porque muitas das escolas terminam a sua participação efetiva no final (…) do segundo período. (…) Não havendo competição no terceiro período, os alunos abandonam pura e simplesmente o trabalho. (P2)

Para Pina M. (1994, p.viii) “os quadros competitivos são para o desporto escolar tarefa importante. Uma das grandes missões que competirá a qualquer estrutura organizativa do

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desporto será organizar a prática desportiva competitiva. Nesta perspetiva, é nossa obrigação encontrar um modelo organizacional próprio, desenvolvido em ambiente educativo e festivo, alargado no tempo, estruturado de acordo com as diferentes caraterísticas e capacidades dos praticantes desportivos escolares e regionalizado em função de critérios de natureza geográfica ou outras afinidades.”

O quadro competitivo de futsal, no escalão de infantis masculinos do DE é elaborado por um professor de apoio à modalidade, por cada uma das CLDE, no caso específico pela de Viseu e a forma como são organizados depende em primeira instância do número de equipas participantes. Na CLDE Viseu, no ano letivo de 2016-17 estavam inscritas 20 equipas de infantis masculinos, as quais foram divididas em quatro séries, tendo em conta a área geográfica e no caso da EB nº 2 de Castro Daire pelo facto de terem duas equipas pertencentes a este escalão (uma de infantis A e outra de infantis B).

O quadro competitivo estabelecia uma competição a uma volta, pelo que cada equipa só realizava quatro jogos nesta primeira fase. Para a segunda fase passavam as duas melhores equipas, as quais realizavam uma eliminatória por forma a apurar as que passariam à final

four da competição. De referir que as equipas que não conseguissem o 1º ou 2º lugar nos

grupos não fariam qualquer outro jogo até ao final do ano letivo.

Este tipo de competições podem ser realizadas através de jornadas simples (1 jogo entre duas escolas) ou por jornadas concentradas (dois a três jogos entre três escolas). No caso específico de Viseu a tendência tem sido a utilização das jornadas simples. No entanto, muitos professores mostraram ser adeptos das concentrações como forma de aumentar o número de jogos realizados e fomentar as relações sociais entre alunos de escolas diferentes.

O ideal era eles conseguirem fazer o maior número de jogos possíveis (…) através de concentrações. Por exemplo, três escolas, fazem 2 jogos cada escola e depois a partir daí havendo vários grupos (…) a segunda fase (…) grupo dos primeiros, segundos, … (…) desta forma dava bastante mais jogos. (P9)

De acordo com Conde (2012), o objetivo das jornadas concentradas reside na procura e poupar tempo, aumentar o número de jogos por equipa e diminuir os custos inerentes aos transportes e alimentação.

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O professor P13 refere que as concentrações são benéficas. Permitiam uma tarde inteira de futsal, realizavam dois jogos e viam outro, sendo ótimo no aspeto das relações sociais. Também o professor P6 alimenta esta ideia. Para além de tudo o que foi dito, realça, que no seu entender, era mais rentável em termos de custos financeiros, pois os gastos seriam os mesmos e o número de jogos mais elevados, o que permitiria uma evolução maior por parte dos alunos.

Os professores que são da opinião que os quadros competitivos estão bem organizados, apenas referem que os mesmos são exequíveis, não fazendo referência a qualquer outro benefício que os mesmos tenham para o desenvolvimento integral dos jovens que constituem esses grupos equipas.

Tem vindo a variar, mas sim, são exequíveis, todos eles. (P8)

De acordo com os professores que integram a amostra deste estudo, os quadros competitivos deveriam ser melhorados de várias formas, e não só ao nível das concentrações mas também: tempo de competição; aumento do número de jogos e constituição de segunda fase para todas as equipas.

Neste sentido, vários intervenientes apontaram como forma de ultrapassar alguns constrangimentos como o facto dos quadros competitivos poderem começar mais cedo do que aquilo que é habitual.

Sou da opinião que deviam começar mais cedo. Normalmente começam só no segundo período (…) eu acho que era possível começar antes (…). É um em cada mês, janeiro, fevereiro, março e abril. (P7)

O mesmo entendimento é proposto pelo professor P10, que propõe o alargamento dos campeonatos no tempo, começando mais cedo e acabando no final do ano letivo, distribuindo os jogos uniformemente até ao final do ano, o que acabaria por se traduzir, também, no aumento do número de jogos por parte de cada grupo equipa.

O aumento do número de jogos por parte das equipas participantes nesta competição foi, também, um dos fatores referidos pelos vários intervenientes, como ponto de melhorar a estruturação dos quadros competitivos, como forma de potenciar o desenvolvimento desportivo e educativo dos jovens. Para o professor P3 quantos menos jogos realizados, pior, isto não é uma questão desportiva, mas sim uma questão de crescimento global e integral do aluno.

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Tem. Eu não estou a falar dos federados (…) os que não são federados têm muita influência. Ela promove muita coisa. O quadro competitivo do desporto escolar faz com que eles se sintam integrados na escola, se sintam integrados numa equipa. (P5)

Pertencer a um grupo, a questão social (…) até gostam mais da escola por pertencer ao grupo, por estar inserido na equipa. (…) o desporto quer-se que seja educativo, o facto de se respeitarem e aquele cumprimento final acho que isso são tudo vantagens (…) quanto mais jogos fizerem, mais experiências, eles tiram dali (…) se fizermos só 2 ou 3 jogos, que memória é que eles têm disso. (P9)

O professor P13 concorda que o número de jogos influencia o desenvolvimento desportivo e educativo dos alunos e refere que, quando o volume de treino é baixo, as aprendizagens são reduzidas, devendo existir mais jogos, pois estes são uma fonte de motivação. Refere, ainda, que o quadro competitivo é curto para um desenvolvimento sustentado dos alunos.

A aprendizagem é um processo constante, caraterizado pela quantidade de experiências que cada aluno vive e de tudo que consegue retirar dessas mesmas experiências. Desta forma, quanto maior for o número de estímulos, maior será o número de aprendizagens que podem ocorrer no jovem, fator essencial para a sua formação integral.

Este aumento do número de jogos, segundo os mesmos professores pode ser estimulado através da constituição de segundas fases para todas as equipas dos quadros competitivos e de acordo com os mesmos uma segunda fase poderia ser organizada, tendo em conta a classificação da primeira, criando jogos mais equilibrados o que estimularia os alunos.

Mas o ideal era alargar o quadro competitivo, dar mais competição aos alunos. (P4)

Essa poderia ser uma das formas, os segundos contra os segundos, os terceiros contra os terceiros e os quartos contra os quartos (…) isso criaria alguma motivação e possibilitaria que os nossos alunos pudessem evoluir mais. (P2)

Este fator seria essencial para dar mais competição aos alunos e para homogeneizar a qualidade das equipas, uma vez que, sendo tão grande a diferença de idades neste escalão, também é grande a diferença competitiva. Para corroborar estas palavras, o professor P6 faz um desabafo dizendo que como tem alunos infantis A (mais novos dois anos), não vai conseguir passar à fase seguinte, pelo que só fará quatros jogos durante um ano letivo o que será manifestamente insuficiente.

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