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Avaliação do temperamento das crianças

IV. ENQUADRAMENTO, OBJECTIVOS E HIPÓTESES

3. PROCEDIMENTO

3.2 R ECOLHA DE DADOS

3.2.7 Avaliação do temperamento das crianças

A Escala de Personalidade da Criança foi preenchida pela educadora responsável pela sala de actividades frequentada por cada criança, em momento por ela definido, e posteriormente devolvida à equipa de investigação.

3.3 Análise de dados

A prossecução dos objectivos de trabalho formulados e a subsequente verificação das hipóteses de investigação implicou a realização de vários procedimentos de análise de dados. O primeiro conjunto de procedimentos incluiu análises exploratórias prévias no sentido de (1) determinar a fidelidade e validade dos dados, (2) reduzir dados ou variáveis, (3) determinar a normalidade das distribuições e (4) verificar a existência de outliers susceptíveis de influenciar significativamente os resultados.

O segundo conjunto de procedimentos incluiu análises estatísticas descritivas e inferenciais e teve como objectivos (1) caracterizar os participantes no que diz respeito às principais variáveis em estudo, nomeadamente os comportamentos interactivos maternos e o perfil de envolvimento das crianças, em contexto de creche e em situação diádica e (2) comparar o perfil de envolvimento das crianças nos dois contextos de observação em estudo. No que diz respeito ao primeiro objectivo, foram calculadas medidas de tendência central e de dispersão para todas as variáveis. No sentido de determinar a significância estatística das diferenças apuradas nos perfis de envolvimento das crianças em contexto de creche e em situação diádica mãe-criança, recorremos ao Teste de Wilcoxon, alternativa não paramétrica ao Teste t de Student. Seguindo as recomendações da American Psychological Association (Wilkinson & APA Task Force on Statistical Inference, 1999), foi calculado um índice da magnitude dos efeitos encontrados, mediante a conversão dos valores Z em valores r, através da fórmula proposta por Rosenthal (1991) e recomendada por Field (2005). Os valores obtidos de acordo com esta fórmula foram interpretados de acordo com os critérios sugeridos por Cohen (1992).

O terceiro conjunto de análises teve como objectivo determinar associações simples entre as variáveis em estudo. Para tal, foram calculados coeficientes de correlação momento produto de Pearson. O significado prático dos resultados das correlações foi interpretado de acordo com as convenções definidas por Cohen (1992): um r de .10 foi considerado pequeno (associação fraca), um r de .30 foi considerado médio (associação moderada) e um r de .50 foi interpretado como grande (associação forte).

O quarto conjunto de análises consistiu numa análise de regressão múltipla hierárquica, com recurso ao SPSS. No sentido de fornecer informação relativamente à significância prática dos resultados obtidos, incluímos um índice da magnitude do efeito. Para esta análise específica calculámos o índice f2, proposto por Cohen (1988, 1992) e interpretado de acordo com o

seguinte critério: um f2 de .02 foi considerado um efeito pequeno, um f2 de .15 foi considerado

um efeito moderado e um f2 de .35 foi considerado um efeito importante. No sentido de fornecer

uma leitura mais completa dos resultados e identificar os preditores mais relevantes num contexto de análise não influenciado pela colinearidade, foram ainda calculados coeficientes de estrutura para todas as variáveis preditoras (Courville & Thompson, 2001; Thompson & Borrello, 1985).

O quinto conjunto de procedimentos incluiu uma série de análises de tipo modelo linear hierárquico e de tipo modelo não linear hierárquico, com recurso ao programa estatístico HLM 5.04 (Raudenbush, Bryk, & Congdon, 2001). Estas análises são utilizadas para determinar o grau de associação entre variáveis medidas em diferentes níveis (Bryk & Raudenbush, 1987). Neste estudo, foram recolhidos dados ao nível da criança (e.g., níveis de envolvimento da criança e comportamentos interactivos maternos) e ao nível da sala (i.e., qualidade da sala de actividades), com múltiplas crianças (i.e., 4) em cada sala e múltiplas salas (i.e., 2) em cada instituição. Assim, as crianças partilhavam as cotações ao nível da sala. Os métodos lineares e não lineares hierárquicos permitem estimar a associação entre factores avaliados em diferentes níveis, considerando que todas as crianças que frequentam a mesma sala partilham a mesma experiência de prestação de cuidados e provavelmente não se estão a desenvolver de uma forma independente. Esta correlação entre avaliações de crianças da mesma sala foi contemplada nas análises efectuadas com recurso ao HLM. Para este estudo, o modelo apropriado para a maioria das análises a realizar era um modelo de dois níveis, com duas fontes de variância aleatória: intra-salas e entre salas.

Foram examinados quatro resultados, ao nível da criança: envolvimento sofisticado em contexto de creche, envolvimento sofisticado em situação diádica mãe-criança, não- envolvimento em contexto de creche e não-envolvimento em situação diádica mãe-criança. Foram incluídas as mesmas variáveis de controlo em todas as análises: qualidade da sala de creche, idade cronológica e temperamento da criança, educação materna, estado civil da mãe e rendimento familiar per capita. Análises prévias indicaram que o sexo da criança podia ser excluído do modelo dada a inexistência de associações com as restantes variáveis. O estado civil da mãe foi inserido no modelo como variável dicotómica codificada como 1 = casada e 2 = não casada (i.e., solteira, viúva ou separada). As restantes variáveis preditoras incluídas nas análises eram contínuas.

No caso dos modelos lineares e, no sentido de fornecer um contexto para a interpretação dos resultados apurados com base nas análises HLM, foram calculados índices da magnitude dos efeitos como o produto da multiplicação do coeficiente não estandardizado e do desvio-padrão de cada variável preditora, dividido pelo desvio-padrão da variável resultado. Estes índices foram interpretados de acordo com os seguintes critérios: para variáveis categóricas, e com base na interpretação do d de Cohen (1992), 0.20 foi considerado um efeito pequeno, 0.50 foi considerado um efeito moderado e 0.80 foi considerado um efeito importante; para variáveis contínuas, .10 foi considerado um efeito pequeno, .30 foi considerado um efeito moderado e .50 foi considerado um efeito importante (M. Burchinal, comunicação pessoal, 3 de Maio, 2004). No que diz respeito às interacções entre comportamentos interactivos maternos e qualidade do contexto de creche, os índices de magnitude dos efeitos foram calculados com recurso a valores indicadores de uma qualidade elevada (coeficiente não estandardizado + 1 desvio-padrão) e a valores indicadores de uma qualidade baixa (coeficiente não estandardizado – 1 desvio-padrão). No caso do modelo não linear, recorremos a um rácio de probabilidades como índice da magnitude do efeito.

A interpretação da significância estatística de todos os resultados foi efectuada com base no valor alfa de .05.