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Avaliação dos modelos

No documento exigências nutricionais (páginas 30-33)

Os modelos antes de serem utilizados devem ser validados. Para isso há vários critérios: os modelos podem ser avaliados em ensaios de desempenho, por simulação, aplicando-se nos modelos dados de desempenho esperado, e por comparação dos dados preditos pelo modelo com aqueles observados em ensaios.

5.10.1. Protocolo para avaliar os modelos em ensaios de desempenho Os modelos desenvolvidos na UNESP-Jaboticabal foram avaliados em ensaios de desempenho realizados com matrizes pesadas em crescimento, matrizes em reprodução e poedeiras. Para exemplificar, será descrito o protocolo usado para avaliar o modelo de predição das exigências de energia em ensaio conduzido com matrizes em reprodução (Rabello et al., 2006).

Ensaio de desempenho

O experimento foi conduzido com 600 matrizes de corte, fêmeas, Hubbard Hy-Yield e 60 machos Petterson, com 31 semanas de idade, com duração de 112 dias. As aves foram distribuídas de acordo com o delineamento inteiramente casualizado, com dois tratamentos (controle e modelo) e 5 repetições com 40 fêmeas e 4 galos. O fornecimento diário de EM para o grupo controle foi de acordo com o manual da linhagem; e para o outro grupo conforme o modelo:

EM=P0,75(192,76–6,32.T+0,12.T2) + 7,62.G + 2,40.MO.

A ração era fornecida diariamente e a quantidade baseada na exigência de EM calculada pelo modelo ou conforme a recomendação da linhagem. A exigência de EM foi determinada aplicando-se no modelo dados de peso corporal médio, ganho de peso diário, produção de ovos e temperatura ambiente. O peso e a produção eram controlados semanalmente e a temperatura, diariamente.

Para o fornecimento diário das rações visando ao atendimento das exigências de EM, conforme os tratamentos e dos demais nutrientes segundo as recomendações do manual da linhagem, foram formuladas dietas para diferentes consumos, variando de 145 a 165g/ave/dia (Tabela 14). As dietas foram formuladas com os mesmos níveis energéticos e diferentes concentrações dos demais nutrientes, para promover a mesma ingestão dos nutrientes, exceto a energia que variava com as quantidades fornecidas de ração.

Foi avaliado o desempenho produtivo (peso corporal, consumo diário de energia, conversão alimentar e energética, produção e peso dos ovos), e as características reprodutivas (taxa de eclosão, eclodibilidade, fertilidade dos ovos e o peso dos pintos) (Tabela 15).

Os resultados da Tabela 15 mostram que o grupo de aves alimentadas de acordo com o modelo, apesar de ter consumido menos energia, tiveram desempenho produtivo e reprodutivo semelhantes ao do grupo tratado segundo as recomendações da linhagem. Entretanto, as aves alimentadas conforme o modelo tiveram melhores conversões alimentar e energética. Os resultados evidenciam que o modelo foi eficaz em predizer as exigências energéticas das aves. Além disso, as diferenças entre o desempenho predito e observado do grupo alimentado conforme o modelo foram pequenas (Tabela 16), indicando

Método fatorial para determinar exigências nutricionais

o seu bom ajuste. Portanto, o modelo avaliado pode ser recomendado para a elaboração de programas de alimentação para reprodutoras pesadas.

Tabela 14 - Composições nutricionais das dietas formuladas para os fornecimentos diarios de ração variando de 145 a 165 g/ave/dia.

Rações conforme o fornecimento diário

Níveis nutricionais 165g 160g 155g 150g 145g

Proteína bruta (%) 14,55 15,00 15,48 16,00 16,55

Energia Metabolizável (kcal/kg) 2.870 2.870 2.870 2.870 2,870

Metionina (%) 0,446 0,460 0,475 0,491 0,508

Metionina + Cistina (%) 0,698 0,720 0,743 0,768 0,794

Lisina (%) 0,735 0,758 0,782 0,809 0,836

Cálcio (%) 3,200 3,300 3,406 3,520 3,641

Fósforo disponível (%) 0,407 0,420 0,434 0,448 0,463

Sódio (%) 0,145 0,150 0,155 0,160 0,166

Colina (mg/kg) 1.066 1.100 1.135 1.173 1.213

(Rabello et al., 2006).

Tabela 15 - Resultados do desempenho das matrizes de 31 a 46 semanas de idade.

Variáveis Controle Modelo

Consumo de EM (kcal/ave/dia) 455 a 444 b

Produção de ovos (%ave/dia) 83,30 84,15

Massa ovo (g/ave/dia) 52,71 53,14

Conversão alimentar (kg/kg ovos) 3,011 a 2,914 b

Conversão energética (kcal/kg ovos) 8,641 a 8,363 b

Peso corporal às 46 sem. (g) 3.942 3.906

Taxa de eclosão (%) 90,77 91,35

Eclodibilidade (%) 93,36 95,31

Peso dos pintos (g/ave) 44,92 44,92

Médias seguidas de letras diferentes diferem pelo teste F. ( Rabello et al., 2006).

Tabela 16 - Médias do ganho de peso diário (GP) e da produção de massa de ovos (MO) observadas e preditas e as diferenças entre os valores observados e preditos para cada tratamento de 31 a 46 semanas de idade.

GPP1 GPO1 Diferenças MOP1 MOO1 Diferenças (g/dia) (g/dia) GPO-GPP (g/dia) (g/dia) MOO-MOP

Controle 3,08 3,61 0,53 52,89 52,71 -0,18

Modelo 3,15 3,50 0,35 53,35 53,14 -0,21

1Valores calculados considerando-se o ganho de peso inicial e final observado (GPO) e predito (GPP) e a massa de ovos observada (MOO) e predita (MOP).

5.10.2. Protocolo para avaliar modelos por simulação comparando com resultados observados

O modelo pode ser avaliado comparando-se os consumos de EM preditos por ele com os consumos observados em um ensaio experimental ou com outros modelos da literatura. Os consumos de EM são determinados por simulação,

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Sakomura, N.K. & Rostagno, H.S.

aplicando-se nos modelos os dados de peso corporal, ganho diário de peso ou de proteína e gordura corporal e temperatura ambiente.

No exemplo apresentado na Tabela 17, são relacionados os consumos de EM diários observados em um ensaio realizado com frangos de corte na UNESP-Jaboticabal e os calculados pela aplicação dos dados de peso, ganhos diários de proteína e gordura corporal e temperatura ambiente observados durante o ensaio no modelo UNESP (EM = (307,87-15,63.T + 0,311.T2) P0.75 + 13,52.Gg + 12,59.Gp ), e nos propostos por Emmans (1989) (ME = 0,275.BP + 11,95.Gp + 13,38.Gg) (BP = peso protéico, g) e por Chwalibog (1991) (ME = 111,1.P0.75 + 8,03.Gp + 13,38.Gg).

Para comparar os valores preditos pelos modelos com os consumos observados no ensaio, foram calculadas as diferenças entre eles (P-O) e a soma de quadrados dos desvios (SQD).

Tabela 17 - Avaliação dos modelos de predição das exigências energéticas para frangos de corte por simulação comparando-se com valores observados.

Idade EMI 1 UNESP P– O5 Emmans P – O5 Chwalibog P – O5

1EMi = EM consumida observada em ensaio com frangos Ross machos. 2EM = (307.87-15.63 T + 0.311 T2) P0.75 + 13.52 Gg + 12.59 Gp. 3Emmans (1989) - ME = 0.275 BP + 11.95 Gp + 13.38 Gg (BP = peso protéico, g).4Chwalibog (1991) - ME = 111.1 P0.75 + 8.03 Gp + 13.38 Gg5 Diferenças entre os valores preditos pelos modelos e os observados. 6 SQD = soma de quadrados dos desvios.(Longo, 2000 – Dissertação de Mestrado - UNESP-Jaboticabal).

As diferenças entre os valores preditos pelos modelos e os observados no ensaio foram menores para o modelo UNESP comparados aos de Emmans (1989) e de Chwalibog (1991). Os valores preditos pelos modelos da literatura foram inferiores aos observados no ensaio.

5.10.3. Protocolo para avaliar modelos por simulação

Simulações dos cálculos das exigências de EM podem ser feitas aplicando-se no modelo os dados conforme o objetivo da linhagem e a temperatura ambiente.

Essas simulações podem ser feitas em uma planilha do excel, levando-se em conta o peso corporal, ganho diário de peso, produção e temperatura ambiente que são aplicados no modelo (fórmula) para estimar as necessidades diárias de EM.

Um exemplo de cálculo das exigências de EM para reprodutoras pesadas é apresentado na Tabela 18. Os dados do desempenho esperado para as matrizes Ross, conforme a idade das aves e a temperatura ambiente, são colocados na

Método fatorial para determinar exigências nutricionais

planilha e considerados no modelo UNESP: EM=P0,75(192,76–6,32.T+0,12.T2) + 7,62.G + 2,40.MO, para o cálculo dos consumos de EM. Na última coluna, são relacionados os consumos recomendados de acordo com o manual da linhagem.

Observa-se que a maioria dos consumos preditos pelo modelo são inferiores aos recomendados para a linhagem.

Tabela 18 - Simulação de cálculos das necessidades diárias de EM pelo modelo UNESP para reprodutoras Ross de 24 a 40 semanas de idade.

Idade Pi Pf GP Temp. PM PMM Postura Peso Massa Cons. de EM sem. (g) (g) (g/dia) (C) (g) (kg0,75) (%) ovos (g) Modelo1 Ross2 24 2.950 3.080 18,6 24 3.015 2,29 0,0 0,0 0,0 393 347 25 3.080 3.170 12,9 24 3.125 2,35 3,0 50,0 1,5 360 362 26 3.170 3.260 12,9 24 3.215 2,40 15,0 52,5 7,9 381 387 27 3.260 3.350 12,9 24 3.305 2,45 43,0 54,0 23,2 424 412 28 3.350 3.400 7,1 24 3.375 2,49 71,0 55,5 39,4 423 437 29 3.400 3.450 7,1 24 3.425 2,52 80,0 56,8 45,4 441 462 30 3.450 3.470 2,9 24 3.460 2,54 83,5 58,0 48,4 418 480 31 3.470 3.490 2,9 24 3.480 2,55 84,5 59,0 49,9 422 480 32 3.490 3.507 2,4 24 3.499 2,56 84,0 60,0 50,4 421 480 33 3.507 3.524 2,4 24 3.516 2,57 83,5 60,7 50,7 423 477 34 3.524 3.540 2,3 24 3.532 2,58 82,5 61,5 50,7 423 474 35 3.540 3.552 1,7 24 3.546 2,58 81,0 62,0 50,2 418 471 36 3.552 3.564 1,7 24 3.558 2,59 80,0 62,6 50,1 419 468 37 3.564 3.576 1,7 24 3.570 2,60 78,5 63,1 49,5 418 465 38 3.576 3.588 1,7 24 3.582 2,60 77,0 63,6 49,0 418 462 39 3.588 3.600 1,7 24 3.594 2,61 76,0 64,2 48,8 418 459 40 3.600 3.612 1,7 24 3.606 2,62 75,0 64,6 48,5 418 456

1Modelo: EM = P0,75(192,76–6,32.T+0,12.T2)+ 7,62.G+2,40.MO. 2Recomendações para reprodutoras Ross.

6. Modelo para estimar a exigência de energia de porcas em

No documento exigências nutricionais (páginas 30-33)