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Metodologia das Tabelas Brasileiras para estimar a exigência de lisina

No documento exigências nutricionais (páginas 45-49)

8.1. Modelos para estimar as exigências de lisina para frangos de corte e suínos

A metodologia utilizada nas Tabelas Brasileiras (Rostagno et al., 2005) para estimar as exigências de lisina digestível de aves e suínos está baseada no conhecimento prévio do desempenho animal (peso, ganho e consumo), que são aplicados em equações para estimar as exigências de lisina digestível (g/dia) para mantença e ganho de peso. Posteriormente, conhecendo-se o consumo diário do animal, determina-se a porcentagem de lisina digestível da ração. As exigências dos outros aminoácidos essenciais são calculadas aplicando-se o conceito da proteína ideal, considerando-se a lisina digestível como padrão (100%).

As exigências diárias de lisina digestível (g/animal) para mantença são determinadas usando-se dados da literatura, considerando para aves = 0,1 (Peso Médio)0,75 e para suínos = 0,036 (Peso Médio)0,75 .

Para estimar a quantidade de lisina digestível para produzir um kg de ganho de peso em frangos de corte e suínos, em primeiro lugar foram catalogados todos os experimentos dose-resposta para determinar exigência de lisina realizados na UFV. Com base nos dados obtidos de 30 experimentos com frangos de corte (24 com machos e 6 com fêmeas), 17 experimentos com suínos em crescimento (9 com fêmeas e 8 com machos castrados), foram calculados o consumo diário de lisina digestível, a quantidade de lisina necessária para mantença e as quantidades de lisina digestível por kg de ganho nas diversas fases de crescimento dos animais.

Na Tabela 28, são mostrados exemplos do procedimento usado para determinar a quantidade de lisina/kg de ganho de peso, em experimentos

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Sakomura, N.K. & Rostagno, H.S.

realizados na UFV, por Toledo (2004), com frangos de corte; e por Fontes et al. (2000) com suínos em crescimento.

Tabela 28 - Exemplo dos cálculos para estimar a quantidade de lisina digestível / kg de ganho com dados obtidos em experimentos dose-resposta com frangos de corte e suínos em crescimento.

Variáveis Frangos de Corte1 Suínos Fêmeas2

% de Lisina dig. na ração 1,04 0,95

Peso Médio, kg 1,398 77,5

Ganho, kg/dia 0,0868 0,949

Consumo ração, g/dia 149,3 2340

Consumo lisina dig., g/dia 1,456 22,18

Mantença lisina dig, g/dia 0,128 0,940

Lisina dig. para ganho, g/dia 1,424 21,24

g lisina dig. / kg ganho 16,40 22,38

1Dados obtidos do melhor tratamento do experimento com 5 níveis de lisina dig., exigência de mantença = 0,1 (Peso)0,75. 2 Dados obtidos do melhor tratamento do experimento com 5 níveis de lisina dig., exigência de mantença = 0,036 (Peso)0,75 .Experimentos com frangos de corte1 (Toledo, 2004 - Tese de Doutorado UFV) e com suínos2 (Fontes et al., 2000 Tese de Doutorado UFV).

As equações obtidas para estimar as exigências diárias de lisina digestível de frangos de corte e suínos em crescimento são mostradas na Tabela 29.

Tabela 29 - Modelos para estimar as exigências de lisina digestível verdadeira para frangos de corte e suínos em crescimento, conforme Tabelas Brasileiras.

Frangos de Corte Machos e Fêmeas Lis. Dig. (g/dia) = 0,1.P0,75 + (14,28 + 2,0439.P).G

Suínos Machos Castrados

Lis. Dig. (g/dia) = 0,036.P0,75 + (11,467 + 0,2505.P – 0,0016.P2).G Suínos Fêmeas

Lis. Dig. (g/dia) = 0,036.P0,75 + (5,9314 + 0,5545.P – 0,0045.P2).G P = Peso Corporal Médio em kg; G = Ganho / dia em kg Adaptado de Rostagno et al. (2005).

Exemplos do cálculo das exigências nutricionais de lisina digestível de frangos de corte machos e suínos fêmeas, nas diversas fases de criação, estão na Tabela 30. Os modelos propostos nas Tabelas Brasileiras para estimar a lisina digestível permite calcular as exigências de acordo com o desempenho esperado e adequado para cada produtor, evitando assim excessos que aumentam a contaminação ambiental, ou deficiências que reduzem a produtividade.

8.2. Modelo para estimar as exigências de lisina para aves em postura Nas Tabelas Brasileiras (Rostagno et al., 2005), a exigência de lisina digestível das galinhas poedeiras é determinada a partir de dados de peso, ganho, massa de ovo e consumo. Esses dados são aplicados na equação para estimar as exigências de lisina digestível (g/dia) para mantença, ganho de peso e massa de

Método fatorial para determinar exigências nutricionais

ovo. Posteriormente, sabendo-se o consumo diário do animal, calcula-se a porcentagem de lisina digestível da ração. As exigências dos outros aminoácidos essenciais são estimadas aplicando-se o conceito da proteína ideal.

Tabela 30 - Cálculo das exigências de lisina digestível para frangos de corte e suínos, utilizando-se a metodologia das Tabelas Brasileiras.

Id.dia Peso1 Lisina Ganho1 g Lis./kg Lisina / Exig. Lis. Consumo Exig.

kg Mantença kg/dia Ganho3 Ganho4 Dieta5 g/dia6 Lisina

g/dia2 g/dia g/dia %

Frangos de Corte Machos

7 0,184 0,028 0,0259 14,66 0,379 0,407 32 1,273

14 0,419 0,052 0,0445 15,14 0,674 0,725 63 1,152

21 0,788 0,084 0,0633 15,89 1,006 1,089 98 1,112

28 1,278 0,120 0,0779 16,89 1,316 1,436 133 1,080

35 1,851 0,159 0,0858 18,06 1,550 1,709 164 1,042

42 2,459 0,196 0,0869 19,30 1,677 1,873 189 0,991

Suínos Fêmeas

56 18,2 0,317 0,542 14,53 7,876 8,2 809 1,013

70 26,8 0,424 0,671 17,56 11,783 12,2 1212 1,008

84 37,0 0,540 0,781 20,29 15,840 16,4 1647 0,995

105 54,8 0,725 0,890 22,80 20,296 21,0 2285 0,920

119 67,5 0,848 0,932 22,86 21,303 22,1 2515 0,880

140 87,3 1,028 0,932 20,041 18,680 19,7 2656 0,742

1 Podem ser osvalores observados ou preditos pela equação de Gompertz. 2Lis. Mantença Frangos de corte = 0,1 (Peso) 0,75; Suínos= 0,036 (Peso) 0,75. 3Equações g Lis/kg Ganho, Frangos:

Y=(14,28+2,0439 Peso); Suínos Fêmeas: Y= [(5,9314+0,5545 (Peso) – 0,0045 (Peso)2]. 4Lis.Dig /Ganho = (Ganho diário x g Lis./kg Ganho). 5Exig. Lis. Dig. diária= (2+4). 6Exigência %= (5/

6) x 100. Adaptado de Rostagno et al. (2005).

A lisina digestível para ganho de peso foi estimada em 0,020 g / g de ganho diário, levando-se em consideração os resultados dos experimentos com frangos de corte e a exigência diária para mantença de (0,1 Peso0,75). Para a produção de 1 g de massa de ovo, foi determinado o valor de 0,0115 g de lisina digestível, utilizando-se os resultados de 11 experimentos dose-resposta realizados na UFV, sendo 5 com poedeiras leves, 4 com poedeiras semipesadas e 2 com matrizes pesadas.

Para exemplificar o procedimento usado para determinar a quantidade de lisina dig. (g/g de massa de ovo), são mostrados, na Tabela 31, os resultados obtidos em experimento realizado na UFV com galinhas poedeiras leves, por Carvalho (2005).

Nesse experimento, o valor encontrado foi de 0,011 g lis. dig. / g de massa de ovo.

O modelo recomendado nas Tabelas Brasileiras para estimar a exigência de lisina digestível de aves em postura é mostrado a seguir:

Lis Dig.(g/ave/dia)= 0,1 P0,75 + 0,020.G + 0,0115.Ovo Modelo (14) Em que, P= Peso em kg; G= Ganho em g /dia; Ovo= Massa de ovo em g/dia.

Exemplos do cálculo das exigências nutricionais de lisina digestível para galinhas poedeiras (leves e semipesadas) e para matrizes pesadas nas diversas fases de postura estão na Tabela 32. O modelo permite ajustar as exigências de lisina

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Sakomura, N.K. & Rostagno, H.S.

digestível na dieta de acordo com o peso, ganho e massa de ovo e, levando-se em conta o consumo de ração, pode ser calculada a porcentagem de lisina na ração.

Tabela 31 - Exemplo dos cálculos para estimar a quantidade de lisina digestível (g / g de massa de ovo) em experimento dose-resposta com galinhas poedeiras.

Variáveis Poedeiras Leves1

% de Lisina dig. na ração 0,72

Peso médio das galinhas, kg 1,375

Consumo ração, g/dia 93

Massa de ovo, g/dia 49,4

Consumo lisina dig., g/dia 0,670

Mantença lisina dig, g/dia2 0,127

Ganho, g/dia 0,20

g lisina dig. / g ganho3 0,020

Lisina dig. para ganho, g/dia 0,004

g lisina dig. para massa ovo, g/dia4 0,543

g lisina dig. / g ovo5 0,011

1Dados obtidos do melhor tratamento do experimento com 5 níveis de lisina dig. 2Lis. para mantença = 0,1 (Peso) 0,75. 3Para aves de postura valor fixo de 0,020 g/g ganho. 4Diferença do consumo de lis. menos a mantença e o ganho. 5Relação entre g lis. para massa de ovo e a massa de ovo. (Adaptado de Carvalho, 2005 - Tese de Doutorado UFV).

Tabela 32 - Cálculo da exigência de lisina digestível para aves em postura, utilizando a metodologia das Tabelas Brasileiras.

Idade Peso Lisina Ganho Lisina/ Massa Exig. Lis. Exig. Consu- Exig.

sem. kg1 Mantença g/dia1 Ganho3 de Ovo M. ovo Lis. mo Lisina6 g/dia2 g/dia g/dia1 g/dia4 g/dia5 g/dia1 % Poedeiras Leves

30 1,57 0,140 0,9 0,018 54,4 0,626 0,784 104 0,754

50 1,63 0,144 0,2 0,004 54,2 0,623 0,771 108 0,714

70 1,65 0,146 0,1 0,002 47,2 0,543 0,691 104 0,664

Poedeiras Semipesadas

30 1,83 0,157 0,5 0,010 55,2 0,635 0,802 112 0,716

50 1,87 0,160 0,2 0,004 53,0 0,610 0,773 115 0,673

70 1,89 0,161 0,1 0,002 47,4 0,545 0,708 112 0,632

Matrizes Pesadas

30 3,35 0,248 3 0,060 47,6 0,547 0,855 160 0,535

50 3,72 0,268 2 0,040 43,6 0,501 0,809 166 0,488

65 3,89 0,277 1 0,020 34,8 0,400 0,697 163 0,428

1Podem ser osvalores observados ou obtidos pela equação de Gompertz. 2Lis. Mantença = 0,1 (Peso) 0,75. 3Valor fixo 0,020 g lis. / g de ganho. 4Massa de ovo x 0,0115 (g lis. / g ovo).

5Exigência lis. g/dia = Lis para Mantença + Ganho + Massa Ovo. 6Exigência % = (Exigência lis.

g / dia / Consumo) x 100 . Adaptado de Rostagno et al. (2005).

8.3. Cálculo das exigências de lisina para suínos em crescimento pelo método fatorial

Para ilustrar o cálculo da exigência de lisina para suínos em crescimento pelo método fatorial, serão usados dados médios obtidos de 5 tratamentos do experimento conduzido com leitoas na fase de 60 a 95 kg, por Fontes et al.

(2000). As exigências de lisina para mantença e para deposição de proteína

Método fatorial para determinar exigências nutricionais

são estimadas, aplicando-se as equações citadas pelo NRC (1998). A estimativa da exigência diária de lisina digestível para suínos em crescimento foi muito próxima ao consumo médio de lisina digestível determinado experimentalmente (Tabela 33). Apesar da determinação da deposição protéica ser muito trabalhosa e pouco prática, deve-se ressaltar que, na atualidade, existem equações desenvolvidas por vários pesquisadores para estimar a deposição diária de proteína a partir de vários parâmetros de carcaça mais facilmente determinados.

Tabela 33 - Exemplo do uso do método fatorial para estimar a exigência de lisina digestível de suínos em crescimento.

Valores Determinados

Peso médio, kg 77,5

Consumo de lisina dig., g/dia 20,427

Taxa de deposição de proteína, g/dia 156,5

Valores Calculados

Lisina dig. para mantença, g/dia1 0,940

Lisina dig. depositada como proteína, g/dia2 19,457

Exigência de lisina dig., g/dia 20,397

1Lisina dig. para mantença = 0,036 (Peso)0,75. 2Usando a equação Y(Lis. dig)= 0,207 + 0,123 X (Proteína depositada) (NRC,1998). Adaptado de Fontes et al. (2000) média dos 5 tratamentos experimentais.

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