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Necessidades dos aminoácidos para deposição de tecido protéico Nos animais em crescimento, a maior parte das exigências dos aminoácidos é

No documento exigências nutricionais (páginas 40-44)

7. Utilização dos aminoácidos pelos animais monogástricos Os aminoácidos da dieta ingeridos pelos animais são absorvidos no trato

7.4. Necessidades dos aminoácidos para deposição de tecido protéico Nos animais em crescimento, a maior parte das exigências dos aminoácidos é

para a deposição de proteína corporal, a qual aumenta desde o nascimento até atingir o máximo crescimento e depois declina, como pode ser visualizado na curva de deposição da proteína corporal de várias linhagens de postura de 1 a 18 semanas (Figura 11). As exigências de aminoácidos para o crescimento corporal são estreitamente relacionadas com a composição da proteína corporal (Fuller, 1989 e Fisher, 1998).

Método fatorial para determinar exigências nutricionais Figura 11 - Deposição de proteína corporal

em diversas linhagens de postura de 1 a 18 semanas de idade (Neme et al., 2006).

7.4.1. Composição corporal de aminoácidos

A composição em aminoácidos da proteína corporal não varia. Os dados de composição corporal em aminoácidos de suínos, com pesos variando de 4,9 a 100 kg, apresentados por Fuller (1994), de frangos de corte segundo Emmans e Fisher (1986) e de matrizes conforme Sakomura e Coon (2003)

Tabela 24 - Composição em aminoácidos (%) da proteína corporal de frangos de corte, matrizes pesadas e suínos em crescimento.

Frangos de corte1 Matrizes2 Suínos3 Aminoácidos Carcaça Penas Carcaça + penas Corpo Total

Arginina 6,8 6,5 6,03 6,27

1 Composição corporal em aminoacidos segundo Emmans e Fisher (1986). 2 Sakomura e Coon (dados não publicados). 3 Composição determinada em suínos de 20kg segundo Zhang et al.

(1986), Campbell et al. (1988) e Batterham et al. (1990), mencionados por Fuller (1994).

Entretanto, nem todos os aminoácidos da dieta que são absorvidos são utilizados para deposição de proteína corporal. Isso ocorre, em parte, em virtude das perdas obrigatórias de aminoácidos. Em outras palavras, para o animal reter um grama de proteína corporal, a dieta deve suprir não somente os aminoácidos daquela proteína, mas ter um adicional para cobrir as perdas, as quais resultam em redução da eficiência de utilização dos aminoácidos. Dessa forma, a determinação dessas eficiências é importante para aplicação do método fatorial para estimar as exigências dos aminoácidos.

7.4.2. Eficiência de utilização dos aminoácidos

As eficiências de utilização dos aminoácidos podem ser estimadas pelo

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Sakomura, N.K. & Rostagno, H.S. Deposição de lisina (mg/kg 0,75 /dia)

Consumo de lisina (mg/kg 0,75 /dia)

No estudo realizado na University of Arkansas, as eficiências determinadas com matrizes variaram de 43% para isoleucina a 65% para valina (Tabela 25).

Por outro lado, pesquisadores do grupo de Illinois (Baker et al., 1996; Edwards et al., 1999 a,b) encontraram para frangos de corte eficiências variando de 52%

a 82% (Tabela 25). Fuller (1994) estimou as eficiências de utilização dos aminoácidos para suínos em crescimento pela relação entre a composição corporal dos aminoácidos e as exigências dos aminoácidos, ambas expressas por grama de proteína, conforme dados relacionados na Tabela 25. O NRC (1998) de suínos considera o conteúdo de lisina da proteína corporal de suínos em crescimento de 0,065 a 0,075 g/ g de proteína, e recomenda usar o valor de 0,12 g de lisina digestível verdadeira da dieta por grama de proteína corporal depositada acima da mantença. A partir desses dados, é possível calcular a eficiência de utilização da lisina digestível para suínos variando entre 54% e 62%, sendo o valor médio de 58%.

Os resultados apresentados mostram uma grande variação nas eficiências.

Devido à importância de se obter dados precisos para a elaboração de modelos que estimam as exigências de aminoácidos, é necessário padronizar técnicas adequadas para a determinação das eficiências de utilização dos aminoácidos.

Em estudo realizado na UFV com objetivo de determinar as eficiências de utilização da lisina, Brito (2007) avaliou semanalmente o desempenho e a deposição de proteína e de lisina em frangos de corte machos e fêmeas, Ross, no período de 1 a 42 dias, alimentados com diferentes níveis de lisina.

Posteriormente, o autor ajustou os dados à equações de Gompertz para estimar acréscimo dos aminoácidos na deposição corporal em função do seu consumo.

O coeficiente de inclinação da reta representa a eficiência de utilização do aminoácido, isto é, a proporção do aminoácido ingerido que foi depositado no corpo da ave (Figura 12).

Figura 12 - Relação entre a deposição de lisina corporal e consumo de lisina. A inclinação da reta (0,549) representa a eficiência de utilização da lisina da dieta para deposição corporal (Sakomura e Coon, 2003).

DL = -53,967 + 0,549 CL (R2 = 0,97)

Método fatorial para determinar exigências nutricionais Tabela 25 - Estimativas das eficiências de utilização de aminoácidos para suínos em

crescimento, frangos de corte e para matrizes pesadas.

Suínos em crescimento Matrizes Frangos Aminoácidos Exigências g/g Composição Eficiência de corte de proteína corporal (g/16gN) marginal1% Efic.2% Efic.3%

Treonina 4,69 3,79 81 - 82

Valina 5,25 4,18 80 65 73

Met+Cis 3,58 2,87 80 - 52

Isoleucina 4,30 3,20 74 43

-Leucina 7,80 6,80 87 -

-Fen+Tir 8,42 6,28 75 -

-Lisina 6,81 6,51 96 55 79

Triptofano 1,21 0,78 64 -

-Arginina - - - 61

-Fenilalanina - - - 44

-1 Dados calculados pela relação aminoácido corporal/exigência (Fuller,1994). 2,3 Coeficientes da regressão entre a quantidade de aminoácidos retidos e aminoácidos ingeridos. 2 Sakomura e Coon (dados não publicados). 3 Grupo de Illinois (Baker et al., 1996; Edwards et al., 1999 a,b).

a quantidade de lisina corporal depositada (g/dia). Considerando-se a exigência de mantença como sendo 0,1 (Peso0,75) e os dados de peso, ganho de lisina e consumo de lisina, foram estimadas as eficiências de utilização da lisina digestível da dieta (Tabela 26). Os valores de eficiência de utilização da lisina digestível da dieta, estimados a partir das equações de Gompertz, seguiram a tendência da eficiência de utilização calculada a partir dos dados observados, sendo para os machos de 55%, 58%, 78% e 68% (média de 64,75%) e para as fêmeas de 58%, 57%, 83% e 63% (média de 65,25%), respectivamente, para os períodos de 1 a 7, 8 a 21, 22 a 35 e 36 a 42 dias de idade, com média geral de 65%.

Tabela 26 - Peso médio, ganho de lisina corporal, consumo de lisina dig, lisina digestível para mantença e eficiência de utilização para frangos de corte, Ross machos, no período de 7 a 42 dias de idade, utilizando valores ajustados com a equação de Gompertz.

Idade Peso Médio1 Ganho Lisina1 Consumo Lisina Dig Eficiência

dia kg g/dia (b) Lisina1 Mantença2 Utilização

g/dia (c) g/dia (d) Lis. Dig3 %

7 0,080 0,118 0,253 0,015 49,6

14 0,279 0,397 0,616 0,038 68,7

21 0,659 0,760 1,044 0,073 78,3

28 1,189 1,007 1,450 0,114 75,4

35 1,784 1,048 1,733 0,154 66,4

42 2,359 0,931 1,851 0,190 56,1

1 Valores obtidos pela equação de Gompertz. 2 Lis. dig. mantença= 0,1(Peso)0,75. 3 Eficiência de utilização (%) = [b/(c-d)]x100. (Dados adaptados de Brito, 2007 Tese de Doutorado UFV).

Segundo a literatura, a eficiência de utilização da lisina digestível média em aves, seria de 70%. Fatufe et al. (2004), avaliando dois genótipos de aves, tipo corte e postura, e utilizando como critério a deposição de proteína e de

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Sakomura, N.K. & Rostagno, H.S.

lisina, observaram que as aves para corte apresentaram eficiência de utilização da lisina de 71%, e as aves tipo postura, eficiência de 61%, apesar de não haver diferenças na digestibilidade da lisina entre os genótipos. Considerando que esses genótipos se destinam a objetivos diferentes, pode-se dizer que a proporção de massa muscular, número de fibras musculares e o diâmetro das fibras musculares são diferentes entre eles, o que sugere turnover protéico diferenciado.

7.4.3. Exigência dietética de aminoácidos para deposição de proteína corporal

As exigências dietéticas dos aminoácidos para deposição de proteína corporal podem ser determinadas levando em conta a composição em aminoácido por grama de proteína corporal e a eficiência de utilização. Em estudo realizado com matrizes de corte na University of Arkansas, Sakomura e Coon (2003) encontraram (6,15%) de lisina em relação a proteína corporal, ou seja, 61,5 mg de lisina por grama de proteína corporal. Considerando a eficiência de utilização da lisina digestivel para deposição corporal de 55%, conforme Figura 12, pode-se calcular a exigência de 112 mg de lisina por grama de proteína corporal (61,5/0,55).

O NRC (1998) de suínos, baseado nos resultados de 18 experimentos com suínos em crescimento, apresenta a equação Y (Lis. Dig.) = 0,207 + 0,123X (Deposição Proteína Corporal) e recomenda usar o valor de 120 mg de lisina digestível verdadeira da dieta por grama de proteína corporal depositada acima da mantença.

No documento exigências nutricionais (páginas 40-44)