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BEHAVIORISMO AO ESTRUTURALISMO

2.2. O LUGAR DO ESTUDO DE CASO NA CIÊNCIA

2.3.3. AVALIAÇÃO DOS PERIÓDICOS E A ESTRATIFICAÇÃO EM QUALIS

No meio acadêmico nacional, é notória a presença da CAPES: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, para o desenvolvimento de pesquisas no país. Esse órgão tem aceitação dos professores e pesquisadores brasileiros e apresenta uma gama variada de funções desde o financiamento e o desenvolvimento de pesquisas até a avaliação de programas de pós-graduação e de periódicos científicos.

A avaliação dos programas de pós-graduação, bem como dos periódicos produzidos e divulgados pela comunidade científica são avaliados por meio da base de nome QUALIS.

O objetivo do QUALIS é caracterizar e indicar a qualidade dos programas educacionais e os periódicos disponíveis por meio de um processo avaliativo. No caso dos periódicos, por exemplo, notamos que eles são estratificados, isto é, são classificados de acordo com os estratos que apontam o nível de qualidade. Os estratos indicativos da qualidade são: A1 (mais elevado com peso 100); A2 (peso 85); B1 (peso 70); B2 (peso 55); B3 (peso 40); B4 (peso 25); B5 (peso 10); C (peso zero).

Os periódicos são avaliados trienalmente por área e dessa maneira, é possível que dentro do mesmo periódico exista estratos diferentes. Além disso, há um aplicativo chamado WebQualis, no qual podemos visualizar as áreas de conhecimento e sua classificação.

139 Para Bonini (2004), essa base certamente representa um avanço na discussão sobre a qualidade dos periódicos, pois coloca esse tema definitivamente na agenda das universidades (p.141).

Além disso, concordamos com Bonini (op.cit) ao considerar esse tipo de avaliação como uma referência importante ou referência máxima na identificação dos periódicos nacionais (p.142), servindo como diretriz para a produção científica e editorial, embora existam alguns estudiosos como Souza e Paula (apud BONINI, 2004) que apresentem críticas sobre seus métodos.

A seguir, destacamos no quadro abaixo, os parâmetros utilizados pela CAPES para avaliar e classificar os periódicos e revistas.

Quadro 14: Parâmetros da CAPES para avaliação e classificação dos periódicos

Critérios para a avaliação e classificação dos periódicos pela CAPES

Parâmetros Gerais

-Política Editorial claramente definida; - Editor responsável e/ou Comissão Editorial;

- Conselho Editorial com afiliação institucional de seus membros; - ISSN;

- Periodicidade regular e atualizada com, no mínimo, dois volumes anuais; - Afiliação institucional e titulação dos autores;

- Resumo em Língua Portuguesa e em uma língua estrangeira, seguidos de palavra-chave; - Chamada aberta com divulgação on line;

- Especificação das normas de submissão e avaliação transparente pelos pares; - Número mínimo de 14 artigos por ano;

- Disponibilidade em formato digital, com acesso on line para toda a série e garantia de acesso e preservação de todos os números.

Critérios para classificação

Para a classificação dos periódicos nos respectivos estratos, serão considerados, não de forma excludente, todos os critérios detalhados a seguir:

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Estrato A1

- periódicos consolidados- com publicação ininterrupta pelo menos nos últimos oito anos;

- diversidade institucional dos autores: 80% dos artigos devem ser de, no mínimo, 5 instituições diferentes daquela que edita o periódico. Esse critério também se aplica a revistas não ligadas a programas de pós-graduação;

- conselho editorial constituído por pesquisadores nacionais e internacionais que seja efetivamente atuante;

- artigos de alta qualidade, preferencialmente escritos por doutores do Brasil ou do exterior, com efetiva contribuição cientifico-acadêmica para a Área;

- indexação no Brasil e no exterior;

- periódicos que sejam referência internacional para a Área.

Estrato A2

- periódicos consolidados-com publicação ininterrupta pelo menos nos últimos sete anos;

- diversidade institucional dos autores: 80% dos artigos devem ser de, no mínimo, 4 instituições diferentes daquela que edita o periódico. Esse critério também se aplica a revistas não ligadas a programas de pós-graduação;

- conselho editorial constituído por pesquisadores nacionais e internacionais que seja efetivamente atuante;

-artigos de alta qualidade, preferencialmente escritos por doutores do Brasil ou do exterior, com efetiva contribuição científico-acadêmica para a Área;

- indexação no Brasil e no exterior.

Estrato B1

- periódicos com publicação ininterrupta pelo menos nos últimos seis anos;

- diversidade institucional dos autores: 70% dos artigos devem ser de, no mínimo, 3 instituições diferentes daquela que edita o periódico. Esse critério também se aplica a revistas não ligadas a programas de pós-graduação;

- conselho editorial constituído por pesquisadores nacionais e internacionais que seja efetivamente atuante.

Estrato B2

141 - diversidade institucional dos autores: 60% dos artigos devem ser de, no mínimo, 3 instituições diferentes daquela que edita o periódico. Esse critério também se aplica a revistas não ligadas a programas de pós-graduação;

- conselho editorial constituído por pesquisadores nacionais e internacionais que seja efetivamente atuante.

Estrato B3

- periódicos com publicação ininterrupta pelo menos nos últimos três anos;

- diversidade institucional dos autores: 50% dos artigos devem ser de, no mínimo, 3 instituições diferentes daquela que edita o periódico. Esse critério também se aplica a revistas não ligadas a programas de pós-graduação;

- conselho editorial constituído por pesquisadores doutores que seja efetivamente atuante.

Estrato B4

- periódicos com publicação ininterrupta pelo menos nos últimos dois anos;

- diversidade institucional dos autores: 40% dos artigos devem ser de, no mínimo, 3 instituições diferentes daquela que edita o periódico. Esse critério também se aplica a revistas não ligadas a programas de pós-graduação;

- conselho editorial efetivamente atuante.

Estrato B5

- periódicos com publicação de, pelo menos, dois números no último ano;

- diversidade institucional dos autores: 30% dos artigos devem ser de, no mínimo, 3 instituições diferentes daquela que edita o periódico. Esse critério também se aplica a revistas não ligadas a programas de pós-graduação;

- conselho editorial efetivamente atuante.

Fonte: file:///C:/Users/User/Downloads/Criterios__Qualis_2011_41%20(1). pdf

Por meio da exposição dos paradigmas utilizados pela CAPES, podemos averiguar que são critérios permanentes, encontrados nos estratos A e B, aqueles que se referem à: 1) publicação ininterrupta, 2) diversidade institucional e 3) presença de um conselho editorial.

142 É possível averiguarmos também que somente os estratos A (1 e 2) fazem referência à indexação e à produção de artigos de qualidade excelente.

Segundo Costa e Guimarães (2010), a avaliação dos periódicos pode ser desenvolvida de duas formas: 1) com foco no processo e 2) com foco no resultado.

No primeiro enfoque, leva-se em consideração o corpo editorial (editores, gestores etc.) que compõe o periódico analisado, o tempo em que o periódico está disponibilizado, etc. A segunda forma, por sua vez, preocupa-se com o impacto dessas publicações no meio acadêmico, isto é, sua ênfase está na quantidade de citações referenciadas pela comunidade científica.

De acordo com esse viés, é possível afirmarmos que os critérios utilizados pela CAPES está mais próximo do enfoque que prestigia a forma do que o resultado, visto que não há menções sobre as citações.

Além disso, ao pesquisarmos sobre a questão da avaliação dos periódicos, notamos que ela não está presente somente no Brasil. No cenário internacional, por exemplo, notamos também que existe uma preocupação em classificar a qualidade da produção editorial. Bonini menciona a presença de três elementos que chamam a atenção dos estudiosos em relação às atividades editorias. São elas: 1) a irregularidade na publicação e distribuição das revistas; 2) a falta de normalização dos artigos científicos e das revistas como um todo; e 3) a falta de corpo editorial e de referees (autoridades das revistas) (BONINI, 2004, p.142).

Autores como Costa e Guimarães (2010) e Bonini (2004) destacam também que, no contexto nacional, são inúmeros os problemas que os periódicos brasileiros enfrentam, entre eles, o baixo desenvolvimento de produções científicas, o custo elevado associado à falta de recursos disponíveis54, o desconhecimento da Língua Portuguesa no exterior, o amadorismo dos agentes envolvidos na produção e divulgação das revistas, a falta de originalidade e novidade dos assuntos abordados pelos artigos divulgados, bem como a dificuldade de acesso aos periódicos impressos, visto que os eletrônicos apresentam maior possibilidade de acessibilidade. Além dessas dificuldades, também podemos mencionar a exigência e cobrança dos programas de pós-graduação, da comunidade científica e dos concursos divulgados por publicação de períodos científicos pelos professores e estudiosos da área.

54 Embora haja falta de recursos, tanto o CNPQ como as diversas Fundações Estaduais de Apoio à Pesquisa

143 Não obstante, a base QUALIS não é a única a classificar e avaliar os periódicos produzidos. No quadro abaixo, para fins ilustrativos, podemos visualizar os diferentes critérios de avaliação utilizados pelo CNPq55 e pelo SciELO (Biblioteca Científica Eletrônica Online), que privilegiam, entre outros, a normalização das publicações.

144 Quadro15: Critérios do CNPq e do SciELO – avaliação de periódico

Ainda no que diz respeito à avaliação da qualidade dos periódicos, em especial das revistas produzidas no Brasil, sobretudo aquelas que englobam a área de Letras/Linguística,

145 Bonini (2004) destaca o volume especial de número 17 da revista DELTA, no qual é possível encontrarmos o artigo de Marcuschi (2001) que avalia a qualidade das revistas da área destacada.

Nessa avaliação realizada por Marcuschi, concordamos com Bonini de que dois são os grandes problemas que podem ser visualizados sobre esse assunto. Eles são: 1) a falta de conhecimento/consciência da existência de revistas na área de Letras/Linguística, especialmente pelos alunos de graduação seguida da fraca cultura editorial (BONINI, 2004, p.147) e 2) temática diversa, não especializada, que dificulta a definição de uma identidade para a revista seguida do vínculo dos periódicos a uma instituição somente que engessa a produção editorial e, por conseguinte, o próprio debate acadêmico (BONINI, 2004, p.147). Ainda sobre as revistas voltadas para as áreas de Letras/ Linguística avaliadas pela CAPES56 em QUALIS A (1 e 2), destacamos aquelas que seguem os critérios estabelecidos nesta pesquisa. No quadro abaixo, é possível a observação dos títulos das revistas e periódicos, do ISSN de cada um deles, bem como da classificação do QUALIS.

Quadro 16: Revistas pertencentes à área de Letras de Qualis A (1 e 2)

ISSN TÍTULO QUALIS

1981-5794 Alfa: Revista de Linguística (UNESP-

Online) A1

0102-5767 Cadernos de Estudos Linguísticos

(UNICAMP) A1

1678-460X DELTA. Documentação de Estudos em Linguística Aplicada (Online)

A1

1413-9073 Gragoatá (UFF) A1

2175-8026 Ilha do Desterro A1

1984-7726 Letras de Hoje (Online) A1

1519-4906 Língua e Instrumentos Linguísticos A1

1414-7165 Matraga (Rio de Janeiro) A1

1984-6398 Revista Brasileira de Linguística Aplicada A1

1678-1805 Revista da ABRALIN A1

1982-7830 Revista da ANPOLL (Online) A1

0020-3874 Revista do Instituto de Estudos Brasileiros A1 0103-1813 Trabalhos em Linguística Aplicada

(UNICAMP)

A1

2177-6202 Calidoscópio (Online) A2

56 O leitor pode encontrar a lista completa das revistas e periódicos de QUALIS A na área de Letras/ Linguística

146 1806-8405 RBPG. Revista Brasileira de Pós-Graduação A2

1984-591X Revista do GEL A2

2236-0883 Revista do GELNE (Online) A2

0100-0888 Revista Letras (Curitiba) A2

1983-2400 Revista Linguagem & Ensino (Online) A2

2238-8915 Revista ORGANON A2

1980-6914 Revista Todas as Letras (MACKENZIE. Online)

A2

2237-4876 Signum: Estudos da Linguagem A2

1982-2243 Veredas (UFJF. Online) A2

Notamos, por meio do quadro, que são 23 as revistas e periódicos selecionados neste estudo, 13 classificados em QUALIS A 1 e 10 que recebem o QUALIS A2.

Realizadas as apresentações das revistas e periódicos avaliados pela CAPES, encerramos nossa discussão acerca desse tópico que finaliza nosso capítulo de Metodologia. No próximo capítulo, propomos a apresentação da análise de dados.

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CAPÍTULO 3: ANÁLISE DE DADOS

Neste capítulo propomos a apresentação, análise e discussão das revistas e periódicos de Qualis A destacados neste estudo, a fim de responder as questões de pesquisa que compõem nossa investigação e apresentar reflexões e possíveis encaminhamentos sobre o tema pesquisado.

Dessa maneira, tomamos como de partida as publicações selecionadas, destacadas a seguir.

3.1. INTRODUÇÃO: APRESENTAÇÃO DOS PERIÓDICOS E