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BEHAVIORISMO AO ESTRUTURALISMO

2.2. O LUGAR DO ESTUDO DE CASO NA CIÊNCIA

2.3.2. PERIÓDICOS E REVISTAS ELETRÔNICAS: NOSSO OBJETO DE ESTUDO

Na literatura acadêmica brasileira, podemos encontrar uma gama variada de palavras que são utilizadas para se referir aos trabalhos publicados pelos cientistas, entre elas, podemos mencionar: publicações, periódicos, artigos, entre outras, sendo que as publicações seriam a categoria superior e mais ampla, uma vez que abrangem os periódicos, os anais de congressos, as revistas, os jornais, etc. (STUMPF, 1998).

Adicionamos a essa variedade de sinônimos encontrada no meio acadêmico e editorial, certa dificuldade em se definir cada uma dessas denominações. No caso dos periódicos, por exemplo, concordamos com a definição proposta por Stumpf (1998), destacada a seguir:

(...) os periódicos se constituem em uma das categorias das publicações seriadas, que apresentam como características particulares serem feitas em partes ou fascículos, numeradas progressiva ou cronologicamente, reunidas sob um título comum, editadas em intervalos regulares, com a intenção de continuidade infinita, formadas por contribuições, na forma de artigos assinados, sob a direção de um editor, com um plano definido que indica a necessidade de um planejamento prévio (p.2).

134 Dada à definição proposta por Stumpf, notamos que periódico é também um meio de comunicação científico que pode ser avaliado por uma comissão ou órgão vinculado à ciência, visto que os pesquisadores e docentes utilizam-no para divulgar seus trabalhos, seus resultados de pesquisa em forma de artigos, resenhas, relatórios, etc.

No Brasil, uma coletânea dos periódicos mais importantes para a comunidade científica recebe o nome de Periódicos Capes50. Nela, é possível encontrarmos diversas revistas científicas, autores e publicações de diferentes áreas do conhecimento, sendo eles nacionais e/ou internacionais, que podem ser obtidos graças à sua base de dados diversificada, que pode servir também como fonte para o desenvolvimento de novas pesquisas.

Sobre a acessibilidade dos periódicos, notamos que o maior acesso a esse meio de comunicação coincide justamente com o avanço das tecnologias da informação (OLIVEIRA, 2008), visto que o meio eletrônico propiciou a maior divulgação das publicações, dando dinamicidade, agilidade e interatividade ao segmento, graças ao chamado Acesso Aberto (COSTA E GUIMARÃES, 2010).

Segundo Costa e Guimarães (2010), uma iniciativa que contribuiu para a adoção do Acesso Aberto no Brasil foi:

(...) a adoção, por parte do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), do Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas (SEER). Este é a customização do software Open Journal Systems (OJS) do Public Knowledge Project da University of British Columbia (Canadá) e objetiva a construção e o gerenciamento de todas as etapas de editoração de uma revista eletrônica (MÁRDERO ARELLANO; SANTOS; FONSECA, 2005) (COSTA E GUIMARÃES, 2010, p.77).

O sistema conhecido como SEER (2008) mencionado acima é utilizado por inúmeras universidades brasileiras, uma vez que por meio dele é possível a manutenção dos periódicos científicos em ambiente eletrônico (COSTA E GUIMARÃES, 2010).

135 Além da importância do Acesso Aberto e do SEER no Brasil, sabemos que a maioria das pesquisas nacionais é financiada por órgãos ou entidades públicas como Fundações estaduais de amparo à pesquisa (em São Paulo, temos a FAPESP51), CAPES e o CNPq52. Dessa maneira, acreditamos que a divulgação desses estudos possa ser direcionada ao público em geral, especialmente o acadêmico, de maneira livre. Nesse contexto, pensamos que o meio eletrônico pode desempenhar um papel importante, sobretudo com a participação das revistas e dos periódicos eletrônicos, nosso objeto de estudo.

Sobre a definição do que são os periódicos eletrônicos, Oliveira (2008) pondera que sua conceptualização é diversificada e complexa como o próprio conceito do que vem a ser publicação eletrônica, sendo que muitas vezes eles são referenciados de maneira semelhante ou da mesma forma, como podemos observar quando procuramos possíveis paradigmas acerca do que os periódicos significam.

A seguir, podemos visualizar alguns construtos referentes aos periódicos, encontrados na literatura científica que afirma que periódico eletrônico é:

 publicação cujo meio primário de envio para assinantes é através de arquivo de computador (BOMBAK et al., 1992, citado por CHAN, 1999, p. 10);

 publicação eletrônica com texto completo, que pode incluir imagens, e pretende ser publicado indefinidamente (UNIVERSITY, 1994, citado por CHAN, 1999, p. 11);

 periódico criado para o meio eletrônico e disponível apenas nesse formato (LANCASTER, 1995, p. 520);

 periódicos acadêmicos que são disponibilizados através da Internet e suas tecnologias associadas (HARRISON; STEPHEN, 1995, p. 593);  aquele que possui artigos com texto integral, disponibilizados via rede,

com acesso on-line, e que pode ou não existir em versão impressa ou em qualquer outro tipo de suporte (CRUZ et al., 2003, p. 48);

 um material informativo científico, que foi transformado ou criado para padrões passíveis de publicação da World Wide Web,e nela disponibilizada (DIAS, 2003, p. 11);

 quaisquer publicações que tenham a intenção de disponibilizar artigos científicos de forma subsequente ou continuada (não interrompida, em intervalos regulares ou não) e que adotam alguma forma de procedimento de controle de qualidade (não necessariamente avaliação prévia) em meio eletrônico (GOMES, 1999, p. 10-11) (OLIVEIRA, 2008, p.70).

51 A sigla FAPESP significa: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. 52 A sigla CNPq significa: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

136 Por meio das proposições destacadas acimas, notamos que a definição de periódico eletrônico envolve a sua própria trajetória no meio eletrônico, visto que inicialmente ele era obtido por arquivo de computador. Outros fatores podem ser agregados à sua significação, entre eles: o fato de estar intrinsicamente associado ao meio eletrônico, apresentar formato eletrônico, ser disponibilizado preferencial e exclusivamente no ambiente eletrônico.

No que diz respeito à história das revistas e dos períodos eletrônicos, Lancaster (1995 apud COSTA E GUIMARÃES, 2010) destaca que a primeira aparição desse tipo de comunicação eletrônica ocorreu no ano de 1979 com a Electronic Information Exchange (Troca de Informação Eletrônica em Português). Um ano depois, o autor pontua a Loughborough University, financiada pela biblioteca britânica, que tinha como objetivo divulgar alguns títulos experimentais online (COSTA E GUIMARÃES, 2010, OLIVEIRA, 2008).

Entretanto, as primeiras tentativas de publicações eletrônicas não alcançarem êxito, devido a alguns problemas, entre eles: baixo acesso, lentidão do sistema operacional, pouca qualidade imagética, falta de reconhecimento, de incentivo econômico, problemas com os direitos autorais, entre outros (OLIVEIRA, 2008).

Todavia, foi a partir dos anos de 1980, que podemos notar uma mudança nesse cenário problemático que os periódicos enfrentaram inicialmente. Segundo Oliveira (2008), os grandes responsáveis por essa alteração foram: as TICs, o desenvolvimento dos microcomputadores, a Internet, a Web e a utilização do CD-ROM como ferramenta que arquivava e distribuía os conteúdos dos periódicos.

Na figura destacada a seguir, proposta por Oliveira (op.cit), podemos visualizar os principais momentos que marcaram a história e evolução dos periódicos eletrônicos.

137 Figura 12: A história e a evolução dos periódicos eletrônicos (OLIVEIRA, 2008, p.75).

A partir dessa figura, podemos observar que a popularização dos periódicos ocorreu no final do século XX e que logo depois importantes iniciativas foram desenvolvidas, dando aos periódicos relevância científica. Entre elas, podemos mencionar a SciELO53, atuante em diversos países e que engloba diversas áreas do conhecimento, caracteriza-se por ser uma biblioteca eletrônica que abrange uma coleção selecionada de periódicos científicos de acesso aberto a toda comunidade (OLIVEIRA, 2008, p.74).

Outra biblioteca eletrônica destacada na figura é a ProBE (Programa Biblioteca Eletrônica) que existiu até o ano 2002 e tinha vínculo com algumas universidades brasileiras como a USP, UNICAMP e UNESP.

Além das bibliotecas eletrônicas, fazem parte da história dos periódicos as bases CAPES e Ulrich´s International Periodics Directory, que possuem um grande acervo de periódicos eletrônicos.

Em suma, notamos que a história dos periódicos envolve vários séculos, porém sua afirmação no meio científico é recente, sendo que alguns estudiosos relatam alguns problemas na sua inserção, tais como: a existência de certo incômodo na leitura online, por meio da tela do computador, o acesso restrito, visto que muitas pessoas ao redor do mundo

138 não têm acesso à Internet, a possibilidade de livre acesso acoplada ao risco de não cumprimento das leis autorais.

Embora, haja certas dificuldades e anseios sobre a utilização dos periódicos eletrônicos, acreditamos que sua inserção pode apresentar certas vantagens, como: a diminuição dos custos de produção, o menor impacto ambiental com a não utilização de papel e a maior democratização na distribuição de conhecimento científico seguida da maior visibilidade.

Dessa maneira, encerramos nossas primeiras considerações sobre periódicos e revistas eletrônicas, propondo avançar nossa discussão no item a seguir, abordando como esses meios de comunicação são avaliados e estratificados em Qualis pela CAPES.

2.3.3. AVALIAÇÃO DOS PERIÓDICOS E A ESTRATIFICAÇÃO EM