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CAPÍTULO 2: Projeto Pedagógico

2.4 Avaliação e Projeto Pedagógico

Uma vez compreendido que a educação é um processo resultante da ação humana e, por isso mesmo, um tema em constante modificação, também o Projeto Pedagógico é um processo inacabado, dinâmico, que se renova a cada dia, a cada ação avaliada. E como um processo, deve estar a serviço dos interesses da maioria da sociedade.

A própria LDB7 vigente é compreendida como avanço no que se refere à orientação de que a proposta pedagógica não deve ficar restrita à equipe técnico- administrativa ou somente à administração das Instituições de Educação. Aliás quando se reporta à LDB, o que encontramos é que ela propõe que a proposta pedagógica seja construída, discutida, acompanhada e executada por todos os membros envolvidos no processo educacional.

Quando a atenção se volta a processos de construção dos Projetos Pedagógicos das Instituições de Educação Superior, essa necessidade de construção coletiva com o envolvimento da comunidade acadêmica fica ainda mais aparente, pois a Educação Superior já vem assumindo com mais intensidade a intencionalidade do processo educacional a partir de sua própria função na sociedade. É nesse contexto, portanto, que as Avaliações Institucionais são importantes, na medida em que são compreendidas sob o enfoque de assegurar a qualidade do ensino e dos cursos ofertados.

Entretanto, o processo de avaliação não pode estar descontextualizado da realidade, vindo a ser concebido apenas como um momento estanque, aplicado somente a um dos segmentos da Instituição de Educação Superior.

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O processo de Avaliação Institucional é mais complexo e apenas pode ser considerado como mais adequado quando consegue avaliar o curso em sua totalidade, tendo como pano de fundo o Projeto Pedagógico, o desempenho docente e discente, a infra-estrutura física, a estrutura acadêmica, as atividades de ensino, de pesquisa e de extensão. Unicamente com a dimensão da totalidade prevalecendo sobre a individualidade dos atores envolvidos, é que os pressupostos da Avaliação Institucional serão alcançados.

É assim, portanto, que um processo mais coerente de avaliação precisa ser sistemático e ter como balizador o Projeto Pedagógico da instituição e do curso avaliado, de modo a estabelecer indicadores e parâmetros de avaliação em consonância com as metas definidas para a instância avaliada.

Logo, a reflexão deve ser a principal característica envolvida, uma vez que, tanto o Projeto Pedagógico como os processos de avaliação estão em permanente construção e “re-construção”.

Quando o Projeto Pedagógico é capaz de apontar o perfil da proposta pedagógica com clareza, e também de executá-la, acompanhá-la e avaliar seu próprio desempenho, esta estará contribuindo para a melhoria da qualidade da educação.

Desse modo, é possível compreender que o processo de Avaliação Institucional e os Projetos Pedagógicos de instituições e de cursos são elementos que precisam estar articulados, pois são os Projetos Pedagógicos que proporcionam que a Instituição de Educação Superior explicite seus fundamentos filosóficos, teóricos e metodológicos, que subsidiarão todas as ações desenvolvidas em seu interior e, conseqüentemente, em seus cursos, respeitando, além disso, a função social da instituição, a filosofia do curso, o perfil do aluno em formação e os objetivos do curso mediante a sociedade em que este está inserido.

Afirmar, portanto, que o Projeto Pedagógico, por si só, signifique melhoria da qualidade da educação, bem como que a existência do processo de Avaliação Institucional, visto de forma isolada, também signifique melhorias institucionais não é algo possível, pois ambos necessitam um do outro para promover um processo real de avaliação, de análise e de investimentos em ações de melhoria. Trata-se de um processo que deve se retroalimentar na dinâmica das relações das Instituições de Educação Superior.

Durante sua elaboração, o Projeto Pedagógico deve ser acompanhado e avaliado e, nesse percurso, é imprescindível que seja efetuada uma correção de rumos, por meio de novas discussões e reformulações com os envolvidos. Essa gestão pedagógica do projeto significa fazer um acompanhamento efetivo, crítico e constante sobre o assunto/tema discutido, planejado e, sobretudo, sobre sua concretização na prática. É a avaliação do Projeto Pedagógico que subsidia a sua construção.

E essa avaliação não se encerra em apreciar o desempenho dos alunos ou dos docentes, mas em que se tenha um caráter institucional, atingindo todas as instâncias da instituição: atuação docente, desempenho dos alunos, atuação de outros atores acadêmicos, currículos, relações humanas, condições físicas e materiais, sustentabilidade financeira, enfim, avaliando todo o conjunto de dimensões que compõem a Instituição.

Veiga (1997, p.32) aponta que há necessidade de que o processo avaliativo compreenda três momentos: “A descrição e a problematização da realidade escolar, a compreensão crítica da realidade descrita e problematizada e a proposição de alternativas de ação, momento de criação coletiva”.

O processo avaliativo pode auxiliar os integrantes da Instituição na compreensão de que conflitos e dificuldades fazem parte do cotidiano institucional, e que saber enfrentá-los, envolvendo a comunidade acadêmica, é preparar-se para transformações, a fim de melhor conduzir o processo de gestão.

Enfim, é redundante, mas necessário, destacar a importância do Projeto Pedagógico no redirecionamento, na reorganização da Instituição de Educação, seja em sua organização administrativa, ou em sua condução pedagógica.

Reorganização essa, aliás, que é indispensável para contribuir com as melhorias não apenas do processo educativo, como também das instâncias educacionais em que essas melhorias acontecem. É importante compreender que quando o Projeto Pedagógico deixa o papel escrito e permeia seu entorno, o currículo, a proposta pedagógica, passa a cumprir um importante papel social de contribuir para um novo modelo de gestão, baseado em processos mais democráticos.

CAPÍTULO 3