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CAPÍTULO 2: Projeto Pedagógico

2.3 Documento norteador: Projeto Pedagógico

2.3.2 Concepções sobre o Projeto Pedagógico

2.3.2.2 Currículo e Projeto Pedagógico

Projeto Pedagógico não pode ser confundido com proposta pedagógica nem com plano de ensino ou plano curricular. Quando o termo proposta pedagógica aparece na LDB em seu Artigo 12, esta não faz distinção ou apontamento sobre o real significado do mesmo; contudo, diferentes autores discutem que se trata da intenção de fazer menção a Projeto Pedagógico, uma vez que o mesmo é mais amplo e contém a proposta pedagógica a ser adotada por uma instituição.(BRASIL, 1996)

Não apenas um planejamento participativo e flexível é importante na construção de um Projeto Pedagógico, mas também a organização do currículo, pois um curso toma forma a partir de seu currículo; é por meio do currículo que os rumos da formação do profissional são delineadas. A elaboração de um currículo toma forma a partir da concepção de conhecimento que se tem e, de fato de que uma visão mais ampliada resulta da visão de mundo, de sociedade, de homem e de educação que se alcançou até aquele momento.

O currículo de um curso organiza e envolve os planos e a proposta pedagógica do que acontece efetivamente na sala de aula, é intencional e sistemático, implicando na elaboração e realização de um programa de ações pedagógicas na instituição. Contudo o mesmo não pode ser confundido com Projeto

Pedagógico, pois o Projeto Pedagógico é mais amplo, mais profundo; sonda o futuro e prepara ações presentes que apontem uma direção, um rumo para o curso, delimitando suas metas e seus objetivos.

Enfim, o Projeto Pedagógico aborda aspectos como: as características do profissional a ser formado, a ação coletiva necessária para atingir os fins propostos, as etapas a vencer, os meios a empregar, as decisões a tomar, os ajustes a fazer, os problemas a resolver, os recursos a providenciar e os resultados a avaliar. O referencial maior de uma instituição encontra-se, portanto, em seu Projeto Pedagógico.

A organização curricular é a dimensão do Projeto Pedagógico que garante o conteúdo disciplinar indispensável à formação dos estudantes, fazendo a síntese necessária entre o conhecimento teórico e a relação prática da área de conhecimento. Essa dimensão se dá por meio do ensino, da pesquisa e da extensão.

Entretanto, a organização curricular também não pode ser confundida com “grade curricular”, “estrutura curricular”, pois é muito mais ampla, uma vez que a expressão “estrutura curricular” limita-se apenas a denominar, a listar as disciplinas que comporão um conjunto de saberes a serem trabalhados em determinado curso.

O currículo não é um elemento isolado, neutro, no contexto institucional; é o resultado da interação de conhecimentos, valores, conceitos, interpretações dos fatos sociais, das visões de mundo, dos modelos de sociedade. Dessa forma, pensar a construção de um currículo é vivenciar um processo que toma a situação presente para propor um determinado futuro.

Assim, pensar um currículo hoje não é simplesmente pensar em aprendizagem de conteúdo e habilidades específicas, mas pensar em favorecer a aplicação e integração dos conhecimentos adquiridos para desenvolver capacidade de solucionar problemas, pensar em construir competências. O currículo não pode ser separado do contexto social, pois é histórico e perpassado por ideologias e culturas; é um processo dinâmico que ultrapassa a estrutura linear que o definia até recentemente, considerando como um elenco de disciplinas.

Superar a linearidade que caracterizou até há pouco tempo currículos, significa superar também a compartimentalização dos saberes, e esse processo é indispensável quando se aponta que os Projetos Pedagógicos são dialógicos entre as diferentes áreas do conhecimento.

Estabelecer pontes entre escola, educadores e educandos é tarefa a ser realizada por Projetos Pedagógicos com propósitos claros e pautados por ações que objetivem superar dogmatismos e individualismos presentes na organização escolar, de forma a propor um novo pensamento, um novo olhar para o mundo onde constantemente são estabelecidas relações produtoras de saber.

É por meio do currículo que a vida e a cultura perpassam o cotidiano das Instituições de Educação e se configuram no Projeto Pedagógico, colocando, ou não, em interação, os saberes e as técnicas, a teoria e a prática, as ciências atuais e suas produções nas disciplinas, os recursos tecnológicos e os procedimentos didáticos.

Falar em currículo invariavelmente nos encaminha a falar em duas formas de currículo discutidas em meados da década de 90: currículo formal e currículo oculto.

O “currículo formal” refere-se aos saberes científicos e o “currículo oculto” refere-se a um todo ainda maior, que envolve o funcionamento das instituições, o seu modo de vida, os fatores comuns e necessários, sem os quais não é possível se imaginar uma instituição: a organização dos trabalhos, a manutenção da ordem, o agrupamento dos alunos, os professores e seus alunos, o modo de distribuir essas turmas, a organização do tempo e do espaço, a construção dos saberes, a transmissão dos conhecimentos, as práticas pedagógicas e sua efetivação, as formas de avaliação. Enfim, todo um conjunto de dimensões que cooperam entre si e que, por um lado são coordenadas de tal modo que desaparecem nos meandros da estrutura escolar e, por outro, são concretas a partir do momento em que se fazem interiorizar na vida de cada qual dentro de um contexto específico.

O currículo formal e o currículo oculto coexistem pacificamente e se somam para compor o currículo de um curso. Essa perspectiva é a mais moderna e adequada aos desafios porque passam as Instituições de Educação Superior, pois não se pode mais compreender currículo apenas como as disciplinas de um curso; devemos compreendê-lo, antes, como a totalidade das experiências que são vivenciadas no interior da instituição.