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3 REVISÃO DE LITERATURA

3.6 Avaliação econômica de regimes de manejo

A importância do setor florestal para a sociedade brasileira em termos econômicos, sociais e ambientais pode ser mensurada pela avaliação de seus principais indicadores: a área de florestas plantadas, o valor bruto da produção, a geração de impostos, o valor das exportações, empregos gerados e mantidos pelo setor em geral, e os investimentos na área de responsabilidade social e ambiental (ABRAF, 2012).

De acordo ainda com a Abraf (2012), o indicador de 2011 corrobora a tendência de desaceleração do crescimento da área de plantios apresentada nos dois anos anteriores, no período 2005-2011, o crescimento acumulado foi de 27,9%, ou seja, 3,0% ao ano, sendo dentre as principais razões para a estagnação do crescimento da área de plantios florestais em 2011: as restrições impostas pelo governo brasileiro para a compra de terras por grupos nacionais que possuam composição majoritária de capital estrangeiro; a reduzida atividade econômica nos países da União Europeia e nos Estados Unidos, países importadores de produtos florestais ou da cadeia de base florestal plantada; a redução da competitividade no mercado internacional dos produtos da cadeia produtiva brasileira de base florestal; e a excessiva burocratização e os longos prazos requeridos pelos órgãos ambientais nos processos de licenciamento ambiental de novos projetos florestais e industriais no país.

A eucaliptocultura apresenta grande potencial econômico e financeiro, para diferentes usos, sendo atrativo para investidores internos e externos. De 1995 a 2000 ocorreu uma variação entre 16,67% até 37,78% no crescimento dos preços de produtos de origem florestal, explicados em consequência do tipo de madeira exigida pelo mercado (MOTTA; SILVA; DINIZ, 2010).

49 A tomada de decisão gerencial deve ser baseada em critérios como o conhecimento e o domínio de toda a estrutura de custos, preços e taxas de juros, além da ciência da produção presente e futura que cada sítio florestal e espécie poderão gerar ao longo do tempo. Essas informações podem ser obtidas com a utilização de técnicas de modelagem de crescimento e produção, auxiliando na tomada de decisões como realizar desbaste, momento da rotação técnica e econômica ótima (SCOLFORO; MAESTRI, 1998).

Todavia, sabe-se que, a rotação ou idade ótima de corte de uma floresta pode ser influenciada por fatores técnicos e por fatores econômicos. Em termos econômicos, destacam-se o horizonte de planejamento, os custos envolvidos na produção, o preço da madeira e a taxa de desconto usada (FERREIRA, 2001).

A avaliação econômica de um projeto baseia-se em seu fluxo de caixa, que consiste nos custos e nas receitas distribuídos ao longo da vida útil do empreendimento que é chamado de projeto de investimento onde se faz uma aplicação de capital, com finalidade básica de obter receitas, sendo ainda quantificados em termos monetários (SILVA; JACOVINE; VALVERDE, 2005).

O plantio de florestas apresenta um ciclo de produção relativamente longo, tornando mais difícil o processo de tomada de decisão. Assim como todo investimento, os agentes econômicos precisam decidir quanto produzir (área), como produzir (espaçamento, manejo, etc) e para quem produzir, ou seja, para energia, celulose ou serrados. Todo o processo de tomada de decisão considera, além dos aspectos econômico-financeiros, as restrições dos fatores de produção e os riscos envolvidos no processo de produção. Além disso, o investimento florestal requer um montante significativo de capital, o qual fica imobilizado por longo período (SIMIONI e HOEFLICH, 2006).

Dentre os produtos florestais brasileiros como celulose (3º produtor mundial), madeira serrada (11º produtor mundial) e painéis e compensados (8º produtor mundial), apenas a celulose apresentou competitividade internacional no período de 2000 – 2011. O crescimento da produção nacional de serrados, entre 2000 e 2011, foi de 28,0% (2,3% a.a.), entretanto, as exportações nacionais do produto diminuíram 39,4% (4,4% a.a.), remetendo ao fato de que o mercado interno, particularmente o da construção civil, está sustentando o aumento da produção deste segmento (ABRAF, 2012).

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Dos métodos de avaliação econômica de projetos, existem os que não consideram a variação do capital no tempo, sendo eles: tempo de retorno de capital, razão receita/custo e razão receita média/custo, indicados para horizontes de planejamento curtos sem inflação, e os que consideram a variação do capital no tempo. Sendo estes: valor presente liquido (VPL), taxa interna de retorno (TIR), razão benefício custo (B/C), valor periódico equivalente (VPE) e custo médio de produção (CMP) (SILVA; JACOVINI; VALVERDE, 2008).

De acordo com estes autores, o valor presente liquido (VPL) significa a diferença do valor presente das receitas menos o valor presente dos custos. A taxa interna de retorno (TIR) seria a taxa de desconto que iguala o valor presente das receitas ao valor presente dos custos, igualando o VPL a zero, sendo que o projeto que apresentar maior TIR será considerado melhor. A razão benefício custo (B/C) é a razão entre o valor atual das receitas e o valor atual dos custos, onde se a razão B/C > 1, o projeto é economicamente viável. O valor periódico equivalente (VPE) seria um critério que transforma o valor atual do projeto ou VPL em fluxo de receitas ou custos periódicos e contínuos, equivalente ao valor atual, durante a vida útil do projeto e por fim o custo médio de produção (CMP) seria a divisão do valor atual do custo pela produção total equivalente.

Segundo Rezende, Oliveira (2011) e Silva, Jacovini e Valverde (2008) o projeto que apresentar o VPL positivo, seria economicamente viável, além de ser considerado o melhor aquele com maior VPL. Ainda relatam que o VPL é um método que apresenta menos falhas, sendo considerado um dos melhores, pois conduz em sua maioria a resultados corretos. Entretanto não considera o horizonte do projeto, havendo necessidade de correção dos horizontes, se os projetos analisados possuírem diferentes durações ou tempos de maturação.

Existe a necessidade de se atentar a diferenciação de taxas de juros, na análise econômica de projetos de investimento florestal, pois a inflação também influencia a taxa de juro real a ser utilizada, e a taxa de juro real eleva-se em empréstimos quando há expectativa inflacionária para proteger o capital durante o prazo do empréstimo. Desta forma podem ocorrer distorções nas estimativas dos indicadores de rentabilidade e na seleção de projetos de investimento, pois a inflação poderá ocorrer ao longo do investimento, e assim prejudicar o resultado da análise de projetos pelo fato de que os preços de insumos e produtos podem ser

51 afetados tanto na forma como no ritmo, em diferentes magnitudes (SCHNEIDER, 2006).

Ainda de acordo com Schneider (2006) a taxa interna de retorno de um projeto é expressa pela taxa anual de retorno do capital investido, e tem propriedade de igualar o valor das receitas ao valor atual dos custos. Esta medida econômica determina se a rentabilidade é superior, inferior ou igual ao custo do capital utilizado para financiar o projeto e ainda está associada à viabilidade de um projeto de investimento.

Em termos de avaliações econômicas para o gênero Eucalyptus, muitos trabalhos já foram realizados, mas estes são incipientes para a região de origem dos dados do presente trabalho, região centro oriental Rio-grandense e metropolitana de Porto Alegre.

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