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3 REVISÃO DE LITERATURA

3.3 Diagramas de Manejo da Densidade

O Diagrama de Manejo da Densidade (DMD) é uma técnica baseada na teoria do autodesbaste, a qual permite visualizar a mudança do diâmetro médio, altura, densidade e volume de povoamentos equiâneos puros (LONG; SMITH, 1985).

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Segundo Gezan, Ortega e Andenmatten (2007), os dendrogramas de densidade descrevem a relação existente entre a área basal, o número de árvores por hectare e o diâmetro médio e, ainda, incluem uma série de curvas de referência para diferentes níveis de ocupação do sítio. Sobre isto, Rogers (1983) relata que a utilização desta ferramenta permite descobrir a situação atual de um povoamento e compará-lo com condições predeterminadas, de acordo com o objetivo de manejo previamente especificado.

Quando usado em conjunto com a altura sobre curvas de idade (índice de sitio), o fator tempo também pode ser integrado. Esses diagramas permitem um silvicultor comparar as trajetórias de desenvolvimento do povoamento para várias densidades estabelecidas e regimes de desbaste de um determinado sitio. A utilização deste modelo para traçar os diagramas eliminou a necessidade de realizar análises matemáticas complexas de grandes conjuntos de dados e resultando em relações de crescimento estáveis (FARNDEN, 1996).

Os dendrogramas estão baseados na curva de máxima densidade e a partir dela são incluídas várias linhas paralelas proporcionais. Para isso, modifica-se a equação que gera a máxima densidade, multiplicando esta por uma constante que varia entre 0 e 1 e, ainda, incluem-se retas como referências, para indicar os diferentes diâmetros quadráticos (GEZAN; ORTEGA; ANDENMATTEN, 2007).

Segundo Schneider (2008) outro método para representar linhas de densidade no dendrograma é o Índice de Densidade do Povoamento (IDP). A densidade de árvores por hectare, por diâmetro médio, é gerada por proporção, tendo como base a densidade de árvores por hectare no diâmetro padrão de 25 cm. As linhas são geradas para intervalos fixos em número de árvores, podendo ser, por exemplo, a cada 200 árvores.

No estudo da espécie Picea glauca (Moench) Voss realizados por Saunders e Puettmann (2000) foi obtida uma relação linear pelo logaritmo da densidade de árvores em função do logaritmo do diâmetro médio quadrático, que está representada na Figura 1 pela linha A, que define o limite máximo em que a densidade pelo diâmetro é dependente da mortalidade das árvores do povoamento.

De acordo com Schneider (2008) para se obter o Diagrama de Manejo da Densidade (DMD), deve-se definir a linha de diâmetro médio quadrático. Para isto, em cada classe de densidade são usadas as parcelas com o máximo diâmetro médio quadrático para ajuste de um modelo de densidade e diâmetro.

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Figura 1- Diagrama de manejo de densidade para Picea glauca, no norte dos Estados Unidos Lake States (A = linha de máxima densidade, B = início da mortalidade, C = início da máxima produtividade, D = densidade de fechamento das copas, B-C = faixa de densidade ótima para a espécie).

Fonte:Saunders e Puettmann (2000).

O resultado do ajuste do modelo de densidade e diâmetro produz uma linha média de máxima densidade e diâmetro (linha A). Em seguida, necessita-se da determinação do início da mortalidade (linha B) e o início da produção máxima do povoamento (linha C).

Assim, a obtenção da linha A para a confecção do DMD se dá através de dados de povoamentos que estejam em densidade completa, na condição de algumas árvores mortas.

Na Figura 1, a linha B delimita uma zona, na qual acima, inicia a mortalidade das árvores devido à excessiva competição e, logo abaixo, ocorre à máxima produção do povoamento. Já a linha C é definida como o início da zona de máxima produção que vai crescendo até atingir a linha B, conhecida como a faixa recomendada de manejo da espécie em questão, em que se atinge o estoque completo.

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Então entre as linhas B-A tem-se uma condição de povoamento superestocado, indicando uma situação de manejo indesejada pela perda de indivíduos pela mortalidade. Entre as linhas C-B acontece uma situação de manejo da densidade de árvores que permite um estoque completo do povoamento, sendo, portanto uma situação ótima e almejada no manejo. Abaixo da linha C tem-se uma condição de povoamento subestocado, onde não se consegue o máximo aproveitamento do solo. Assim, para uma utilização prática dos Diagramas de Manejo da Densidade (DMD), inicialmente deve-se conhecer o número de árvores por hectare, o diâmetro médio, o volume e a altura dominante da população alvo, assim pode-se gerar três tipos de diagramas, pela combinação de variáveis dendrométricas: 1) número de árvores por hectare, área basal por hectare e diâmetro médio; 2) número de árvores por hectare, volume por hectare e diâmetro médio e por fim 3) número de árvores por hectare, volume médio, altura dominante e diâmetro médio. Por meio destes diagramas discriminados por Índice de Densidade do Povoamento poderão se gerar os diagramas de manejo da densidade, onde se encontram os regimes de manejo (SAUNDERS e PUETTMANN, 2000).

A variável altura é importante nestes diagramas porque, em muitas condições, o crescimento em altura das árvores é independente da densidade do povoamento. Este princípio é importante, pois permite o uso do crescimento em altura como medida de produtividade do sítio. Sabendo o índice do sitio de um povoamento, pode-se usar facilmente estas curvas para determinar a idade em que vai chegar uma dada altura, sendo, portanto fundamental para a aplicação nos Diagramas de Manejo da Densidade do Povoamento (FARNDEN, 1996).

Reid (2004) define as zonas de competição para plantações em: Zona de Densidade Excessiva, onde ocorre um crescimento restringido; Zona de Iminente Mortalidade, a qual se presume que não deve ser obtido; Zona de Crescimento Livre, onde o incremento em diâmetro individual das árvores é máximo; Zona de Estoque Completo, onde a produtividade é maximizada. Uma vez a floresta passando da zona de estoque completo, o incremento em volume é simplesmente distribuído sobre um maior número de árvores. Entre as Zonas de Crescimento Livre e a Zona de Estoque Completo, ocorre uma Zona de Aumento da Competição, em que o crescimento individual das árvores é crescentemente restringido.

Por outro lado o diagrama de densidade de um povoamento pode ser definido por faixas de estocagem: Faixa superestocada – em que a densidade é

43 extremamente excessiva; Faixa totalmente abastecida – em que as árvores ainda têm espaço disponível para se desenvolver, porém esse espaço é manejado para se ter o máximo de aproveitamento; Faixa subestocada – em que a densidade é baixa e o povoamento apresenta espaços disponíveis (GINRICH, 1967).

O planejamento dos regimes de desbaste é uma das mais úteis aplicações de um DMD. Os diagramas podem ser usados para determinar o tempo e intensidade de desbastes para atingir os objetivos definidos. Eles também podem ser utilizados para comparar e escolher entre um conjunto de possíveis planos de corte. Além disso, os diagramas são ferramentas úteis para um entendimento da dinâmica do povoamento e as implicações das várias manipulações de densidade na realização dos objetivos do manejo. É importante reconhecer que DMDs, como a maioria outros modelos de crescimento, simula o crescimento médio padrão de uma grande variedade de potenciais trajetórias de crescimento. Dada uma condição inicial, muitos resultados futuros podem ser possíveis (FARNDEN, 1996).

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