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PARTE II ESTRATÉGIAS METODOLÓGICAS

3. RELATÓRIO DA PESQUISA

3.4. Vivências íntimas das cuidadoras em situação de cuidados

3.4.4. Avaliação do percurso vivido

3. Medo de deixar de poder cuidar

Indicador Unidades de sentido

Deus queira que não seja preciso ele ir para o hospital ou para outro lado qualquer, que tenha mesmo que… Que tenhamos de estar

distantes um do outro... Antónia

Enquanto eu puder eu nunca vou internar o João. Só quando eu já não conseguir tratar dele, e dói-me bastante pensar nisso,

As Instituições por muito bem que as pessoas tratem destas pessoas, nunca é….Têm muitos para tratar…. Não há… não há aquele mimo.

Beatriz 3.3.

Separação/ sair de casa

Quando ele ficava no hospital, eu ficava doente, só que teve que ser…... Não, numa instituição não nunca quis, só se eu tivesse falta de saúde, caso contrário não, nunca metia o meu marido nas …., O meu medo era que eu tivesse morrido primeiro e que, o meu marido precisasse da ajuda dos filhos. Pois tinha que ir para o Lar é verdade...

Joaquina

3.4.4. Avaliação do percurso vivido

Os discursos sobre a memória, tal como a sua narração exigem da parte do enunciador uma capacidade auto reflexiva pela qual também passou a avaliação do percurso vivido. Da análise das narrativas obtivemos três indicadores da avaliação do percurso: o sentimento de que voltavam a tomar a mesma decisão, o sentimento de não ser capaz de voltar a tomar a mesma decisão e o perspectivar de outro percurso se tivessem sido outras as condições.

Quatro das participantes referiram que voltavam a tomar a mesma decisão uma das participantes, a mesma para quem a experiência não foi gratificante, sente que não era capaz de voltar a tomar a mesma decisão.

QUADRO 32 – Sente que voltava a tomar a mesma decisão

4. Avaliação do percurso vivido

Indicador Unidades de sentido

Ai tomava, tomava,... Nem pensava de outra maneira

Tenho, a vida mesmo como eu gosto, como eu quero não sou forçada a nada.

Eu não vejo que tenha nenhum aspecto negativo, acho que são todos positivos... então não é minha obrigação?

Então não é o meu dever?

Então... sei lá! Tenho todas as razões e mais uma.... O contrário é que seria de estranhar...

Antónia

Acho que sim que voltava a tomar a mesma decisão. Não era capaz de o ter longe de mim… Não, não tenho dúvidas nenhumas que não era capaz

de estar longe dele, sabendo que precisava de mim Angelina Não vale a pena estar a pensar, que poderia ter uma vida melhor

Eu sinto-me muito mais feliz, com isso do que se eu me separasse dele. Eu não quero ficar descansada, porque eu quero proporcionar o máximo que eu possa de cuidados ao meu filho, percebe?

Beatriz 4.1. Voltava a

tomar a mesma decisão

Com certeza... Com certeza que tomava! E mesmo se uma pessoa tiver um doente, eu acho que a gente deve-lhe dar todo o apoio, carinho, um telefonema (…) Foi, a melhor coisa, então não foi! O meu marido morreu e eu? O prazer que eu tenho de ter cuidado dele que não tem explicação.

Joaquina

QUADRO 33 – Sente que não era capaz de tomar a mesma decisão

4. Avaliação do percurso vivido

Indicador Unidades de sentido

4.2. Sente que não era capaz de tomar a mesma decisão

Há coisas agora em que eu… [penso]. Se me acontecesse outra igual, não era capaz, não! Só sendo que Deus me desse …[muita força] mas não era capaz. Tenho muito amor aos meus filhos, ao meu menino (…) e o que é que eu não faria por eles? Mas 24 horas sobre 24horas, eu não era capaz!

E dizer assim, pronto, eu fico cuidar disto, não, não era capaz.

QUADRO 34 – Percurso alternativo

4. Avaliação do percurso vivido

Indicador Unidades de sentido

Eu não vejo maneira de arranjar uma pessoa cá para casa. Porque se arranjar uma empregada cá para casa, de x em x dias tem de ter o seu dia de folga, os fins de semana…e não está cá durante a noite. Ora o meu marido também precisa durante a noite. E uma para de noite e outra de dia, isso já se podia. Com todas as despesas que têm de se fazer…. São despesas que não posso suportar, já não tenho orçamento para isso...

Antónia

Havia altos e baixos, mas nós vivíamos bem. Nós tínhamos uma vida dentro do possível, como qualquer pessoa (…) A minha filha, talvez fosse uma professora, ou uma advogada, infelizmente não foi nada, pronto os estudos dela acabaram, a universidade acabou; o meu filho não tem nada curso nenhum (…) e eu não sou a mesma pessoa, que eu era.

Maria

Ah! Podia ter uma vida melhor, podia ter uma vida melhor. Porque podia ter um trabalho fixo, um trabalho, por exemplo no Jardim-escola [onde trabalhava]

Eu podia ter trabalhado até aos cinquenta anos, não é? Ganhava pouco naquela altura, mas agora já estaria a ganhar bem.

E hoje podia estar melhor, não é?

Conceição

Se calhar…não sei, olhe estar lá na aldeia a tratar da, vida que tinha. Que tive até àquela altura. Ter a horta, os animais, ter essas coisas assim, não é?.... E tínhamos os porcos, e tínhamos as galinhas, e tínhamos tudo aquilo, era a minha vida, essa vida

Angelina

Não sei o que é que poderia ter sido diferente, mas alguma coisa deveria ser diferente!

Desde que eu achei que não casei com a pessoa certa, que pronto, que não tínhamos condições para continuar casados, eu poderia ter refeito a minha vida com uma pessoa de quem eu gostasse. Podia viver, sei lá, talvez até mudar de cidade, valorizar-me mais noutros aspectos, mas não, a minha vida foi muito condicionada...

Beatriz 4.3.

Percurso alternativo

Ó minha senhora era diferente.... Pois seria diferente. Então os dois… os filhos casados, pois era um bocadinho, era diferente. Podermos sair.... Darmos os nossos passeios já mais descansados, não é? Podia ser isso, mais nada.

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