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5. Processo de Intervenção

5.1.2. Avaliação

A avaliação na intervenção psicomotora assume um papel importante, uma vez que permite ao psicomotricista verificar quais as áreas fortes e menos fortes da criança, jovem ou adulto, procedendo depois à elaboração dos objetivos que constituirão o plano de intervenção desse indivíduo, e no qual se irá basear a intervenção. Esta permite também a monitorização do processo de intervenção.

Checklist de Observação Psicomotora [COPM]

A Grelha de Observação – Perfil Psicomotor e Comportamental [GOPPC] (APPDA-

58 APPDA-Lisboa, teve por base instrumentos de avaliação que avaliam: o desenvolvimento psicomotor da criança (Bateria Psicomotora de Fonseca, 2007 e

Exploracíon Psicomotriz de Ortega & Obispo, 2007); o desenvolvimento infantil em

diversas áreas (Schedule of Growing Skills II de Bellman, Lingam, & Aukett, 2003 e

Escala de Desenvolvimento Mental de Griffiths – Extensão Revista de Barnard et al.,

2007); o desenvolvimento motor da criança (Body Skills: A Motor Development

Curriculum for Children deWerder e Bruininks, 1988); e ainda, o desenvolvimento de

crianças com autismo (Psychoeducational Profile Revised - PEP-R da APPDA-Lisboa, s/d-b Schopler, Reichler, Bashford, Lansing, e Marcus, 1990 e Psychoeducational

Profile Third Edition - PEP-3 de Schopler, Reichler, Bashford, Lansing, e Marcus, 2004).

Ao longo dos anos este instrumento tem vindo a ser revisto e melhorado, em colaboração com as estagiárias da Faculdade de Motricidade Humana (Maria, 2012), sendo atualmente designado Checklist de Observação Psicomotora [COPM].

A COPM contempla 68 itens de avaliação, distribuídos por oito domínios, como: Tonicidade (1 item); Equilibração: Equilíbrio Estático (5 itens) e Equilíbrio Dinâmico (9 itens); Lateralidade (4 itens); Noção do Corpo (6 itens); Estruturação Espácio- temporal/Imitação (9 itens); Praxia Global: Motricidade Global (8 itens), Coordenação Óculo-podal (6 itens) e Coordenação Óculo-manual (8 itens); e Praxia Fina (12 itens).

Relativamente à aplicação da COPM, a cada início de ano letivo, i.e., no primeiro período, a mesma, deve ser aplicada na totalidade, de modo a averiguar quais itens a criança ou jovem tem adquiridos, em aquisição e não adquiridos, a fim de definir os objetivos de intervenção a incluir no plano de intervenção desse ano letivo. Contudo, no final do segundo e terceiro períodos, apenas são avaliados os itens relativos aos objetivos de intervenção definidos, de modo a constatar, nesses momentos, qual a percentagem de sucesso dos mesmos.

A cotação da COPM é quantitativa em todos os domínios exceto a tonicidade, avaliando assim objetivamente o desempenho da criança ou jovem. No entanto, quanto à tonicidade, esta, é qualitativa, devendo o técnico, ao longo da sessões, recolher informação que lhe permita caracterizar o tónus do avaliado. Caso um item não possa ser cotado, deve ser assinalado como “NO” (não observado) e indicado o motivo, bem como se o aluno necessitou de ajuda para realizar a tarefa. Cada item apresenta critérios de êxito definidos, tais como, tempo, número de tentativas, distância e frequência, permitindo assim o cálculo da sua percentagem de sucesso, e posteriormente a elaboração dos objetivos de intervenção.

Para se obter a percentagem de sucesso devem ser realizados três momentos de avaliação distintos e após a sua realização procede-se ao cálculo da média dos resultados obtidos para cada item. Na avaliação inicial esta percentagem representa a

59 linha de base (LB) do respetivo item, já na avaliação intermédia e final, corresponde ao valor atingido (VA). Contudo apenas é calculado para os objetivos de intervenção. Aquando da definição destes objetivos, além da LB para cada um deve ainda ser estabelecido, pelos técnicos, um valor previsto (VP), correspondendo ao desempenho esperado para o aluno naquele objetivo, no final de cada período letivo. Por último, na avaliação intermédia e final, com os valores de LB, VA e VP, é possível definir-se o nível de consecução do objetivo (NCO). Este valor não consta nos relatórios de avaliação uma vez que apenas é utilizado pela instituição como indicador da intervenção. Deste modo, permite aos técnicos avaliarem os progressos, retrocessos, qualidade da intervenção, bem como aferir se os objetivos foram bem planeados e avaliados. O NCO é calculado através da fórmula:

𝑁𝐶𝑂 = 𝑉𝐴 − 𝐿𝐵 𝑉𝑃 − 𝐿𝐵 𝑥 100

No anexo A encontra-se descrito o procedimento, material e critérios de cotação de cada item que compõem a COPM, bem como a respetiva grelha de registo.

Grelha de Observação para Psicomotricidade em Meio Aquático

A GOPMA, utilizada para atualmente para a avaliação dos alunos que beneficiavam de sessões em meio aquático, através do CRI da APPDA-Lisboa, foi inicialmente construída pela Dr.ª Dorathy Freitas no desenvolvimento da sua tese de mestrado, na Faculdade de Motricidade Humana, no entanto, é uma checklist ainda não publicada (Freitas, 2012). A GOPMA tem vindo a ser utilizada pelas técnicas do CRI, tendo sofrido algumas alterações ao longo dos anos, de forma a retratar fielmente os resultados dos alunos, bem como para torná-la mais adaptada às necessidades e características dos indivíduos com PEA.

A GOPMA encontra-se dividida em 3 áreas: adaptação ao meio aquático; perfil psicomotor; e comportamento, sendo cada uma subdivida em diversos subdomínios (Freitas, 2012). A área adaptação ao meio aquático é composta pelos seguintes subdomínios: entrada na água; saída da água; contacto com a água na cara; reação ao contacto da água na cara; flutuação; função respiratória; propulsão; deslocamentos na água; e imersão. Esta área tem como objetivo verificar o nível de adaptação do indivíduo ao meio aquático e ainda, as suas competências natatórias. A área do perfil psicomotor integra os subdomínios: tonicidade; lateralização; equilibração; noção do corpo; estruturação espacial; estruturação temporal; motricidade global; e imitação, tendo como objetivo avaliar as competências psicomotoras dos indivíduos avaliados, no contexto aquático. A área do comportamento é constituída pelos subdomínios: interação social; comunicação; comportamentos, interesses e atividades restritas ou repetitivas; e

60 outros comportamentos. Deste modo, pretende registar o comportamento dos indivíduos avaliados, tendo em conta as caraterísticas dos indivíduos com PEA (APPDA-Lisboa, 2017). No anexo B está ilustrada a tabela de registo contendo todos os itens da grelha.

Relativamente à cotação, esta é igual para as três áreas, e divide-se em cinco níveis de desempenho: 1- não faz/nunca; 2- totalmente dependente/mostra bastante receio e desconforto/necessita de constante reforço/raramente; 3- parcialmente dependente/mostra algum receio e desconforto/necessita de algum reforço/algumas vezes; 4- pouco dependente/mostra ligeiro desconforto/necessita de reforço esporádico/quase sempre; 5- independente/mostra à vontade/sempre (APPDA-Lisboa, 2017).

Condições da avaliação

Cada momento de avaliação em ambos os contextos foi realizado em três sessões, tendo em contexto de ginásio a duração aproximada de 30 minutos e decorreu no ginásio de cada escola. Em meio aquático, estas tiveram a duração de aproximadamente 45 minutos. Quanto à estrutura das sessões é de referir que foram mantidos os formatos utilizados durante a intervenção, de forma a manter a rotina a que os alunos já estavam habituados. À semelhança das restantes sessões, as atividades mantinham um cariz lúdico, embora consistissem diretamente nas tarefas a avaliar. Na 2ª e 3ª avaliação em contexto de ginásio, como estavam presentes a estagiária e a psicomotricista, foi possível à segunda registar de imediato o desempenho dos alunos sem ser necessário interromper as atividades para esse registo. Na avaliação em meio aquático, a cotação e a apreciação qualitativa foram registadas à posteriori, pelas estagiárias e posteriormente, validadas pela psicomotricista responsável.